GloboEsporte
André Hernan, Eduardo Rodrigues e Marcelo Hazan
Dirigente tem contrato até dezembro; nos bastidores versões divergem.
Raí vai ficar no São Paulo em 2020 ou não seguirá no cargo de diretor executivo de futebol?
O GloboEsporte.com ouviu diferentes respostas para esta pergunta. Neste momento, não há uma decisão tomada, e o assunto será tratado no fim do ano.
A reta final de seis jogos do Brasileirão e a classificação (ou não) para a Libertadores vai influenciar no futuro de Raí, pressionado pela falta de resultados e prejuízo financeiro nas contas (veja mais abaixo).
O fato é que hoje o contrato de Raí termina em dezembro, quando ele completará dois anos liderando o departamento de futebol. O mandato do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, vai até dezembro de 2020, quando o clube elegerá um novo presidente.
– Não penso em nada disso do meu contrato. Tenho vínculo até o final do ano. Prioridade e foco total no trabalho, dia a dia, cobrança por um final de ano digno – disse Raí, no domingo, após a derrota por 1 a 0 para o Athletico-PR.
Raí em chegada ao Morumbi — Foto: Ricardo Moreira/BP Filmes
Depois dos dois últimos resultados negativos consecutivos (perdeu para o Fluminense também), Raí cobrou os jogadores do São Paulo na reapresentação de terça-feira, em reunião no CT da Barra Funda.
Em meio à pressão sobre Fernando Diniz, a ideia do clube é seguir com o técnico, pelo menos, até o fim do ano.
O que ouvimos sobre o futuro de Raí:
Fica?
Raí não tem na carreira o hábito de interromper trabalhos no meio do caminho, embora caso ele saia no fim do ano terá encerrado seu contrato. Apesar da pressão, há nos bastidores do São Paulo relatos de que ele não quer sair. Pelo contrário: o objetivo, claro, é fazer o clube voltar a ser campeão.
Raí só sairia do São Paulo em janeiro de 2020 se o clube quisesse. Na diretoria do Tricolor há defensores da continuidade de dele. No entorno de Leco também há relatos de que o presidente quer a permanência.
Os argumentos a favor de Raí são:
- O São Paulo parou de brigar contra o rebaixamento do Brasileirão. Em 2016, o time terminou em 10º lugar, e em 2017 foi o 13º colocado. Agora, tem disputado posições no topo da tabela. Em 2018, o Tricolor liderou o primeiro turno e terminou em quinto. Em 2019, está na quinta colocação;
- O clube voltou a disputar uma final de campeonato após mais de seis anos, ao perder a decisão do Paulista para o Corinthians – até então a última final era a Sul-Americana de 2012, justamente o título mais recente;
- Apesar dos fracassos e protestos da torcida (veja mais abaixo), o trabalho de Raí é bem avaliado;
- Depois da demissão de Rogério Ceni do cargo de técnico, em 2017, a saída de mais um ídolo do clube na gestão Leco desgastaria ainda mais a imagem do presidente perante os torcedores;
Raí ao lado de Leco e Daniel Alves — Foto: Marcos Ribolli
Em entrevista à coluna “Direto da Fonte”, do “Estadão”, Raí disse o seguinte:
– Um dos grandes aprendizados meus foi tirar a capa de ídolo e me expor como dirigente. Está sendo, além da contribuição que eu estou dando, um grande desafio. Mas eu acho que a carreira que construí não tem como ser destruída. Posso ser momentaneamente questionado pela paixão que o futebol suscita, mas eu percebo hoje que isso só vai me engrandecer como pessoa. E se algumas manchas na minha imagem de ídolo acontecerem, tudo bem. É uma decisão que tem um impacto grande na vida cotidiana.
Sai?
Dentro e fora do São Paulo também há relatos de que Raí não seguirá no cargo em 2020, pois estaria cansado e pressionado. Um caminho possível citado seria um comum acordo entre clube e dirigente ao término deste contrato, para encerrar o ciclo de forma amigável. Se isso acontecesse, ele voltaria a cuidar da sua fundação, a “Gol de Letra”.
Os argumentos contra o executivo são:
- A demissão do técnico Diego Aguirre a cinco rodadas para o fim do Brasileirão de 2018. No comando do uruguaio, o São Paulo chegou a liderar a competição, mas caiu de rendimento na reta final. Na ocasião, a diretoria disse ter trocado de técnico para tentar buscar uma vaga no G-4, mas não conseguiu. A decisão foi apontada como “questionadíssima” pelo próprio Raí, em entrevista à “Fox”, e a avaliação interna é de que foi um erro. No último dia 11 a demissão completou um ano;
- O São Paulo teve quatro treinadores em 2019: André Jardine (até fevereiro), Vagner Mancini (interino entre a saída de Jardine e a chegada de Cuca), Cuca (de abril a setembro) e Fernando Diniz (de setembro até hoje);
- O clube investiu em contratações, mas não teve resultados: Daniel Alves, Pablo, Pato, Hernanes, Juanfran, Tchê Tchê, Tiago Volpi e Vitor Bueno, entre outros;
- As eliminações precoces. O time caiu na segunda fase da Libertadores, para o Talleres, e nas oitavas de final da Copa do Brasil, diante do Bahia, e conviveu com diversos protestos, principalmente das torcidas organizadas. As quedas ocorreram logo na entrada do São Paulo nas competições, o que também prejudicou o orçamento financeiro do clube. A projeção era ir mais longe nos dois torneios de mata-mata, o que geraria mais receitas com premiações e bilheteria. O clube registrou déficit de R$ 76,5 milhões de janeiro a agosto, motivo pelo qual a diretoria reforça a necessidade de vender jogadores.
Raí no CT da Barra Funda — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net