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Bruno Grossi
O São Paulo foi campeão ontem graças a um gol de Thierry Henry. Não, isso não é uma história inventada, não é relato sobre um jogo de videogame. É só um fato: o atacante — que é brasileiro — foi o responsável pela vitória do Tricolor por 1 a 0 sobre o Marília, fora de casa, na decisão do Campeonato Paulista Sub-13.
O garoto de 12 anos tem esse nome porque o pai, Gerlan, ficou encantado com o “original” francês. Logo que a França eliminou o Brasil da Copa do Mundo de 2006 com um gol de Thierry Henry, fez um pacto com a esposa. Se eles tivessem um menino, ele confirmaria a homenagem ao ex-jogador do Arsenal como nome do filho. Se fosse uma menina, a mulher escolheria o nome.
“Combinamos isso após a derrota da nossa seleção em 2006 e foi assim que aconteceu. Alguns meses depois ela engravidou e veio ao mundo o nosso Thierry Henry. Se não me engano, explicamos o nome quando ele tinha uns cinco anos e recebeu isso com muita euforia. Só não imaginávamos que ele também teria o dom do futebol”, conta Gerlan.
O Henry brasileiro joga no São Paulo desde o começo deste ano. Pela idade, ainda não tem contrato com o clube, mas agradou muito à comissão técnica em sua primeira temporada. Nos treinos em Cotia e nos jogos, o técnico Mário Ramalho gostou do que viu e consegue até apontar características parecidas com as do xará francês.
“Tem semelhança, sim. É um menino que tem uma presença de área considerável, faz muito bem o posicionamento para concluir em gol e sempre com o menor número de toques. Ou seja, é muito objetivo. Outra coisa em comum é o biotipo, pois ele é alto, de passada longa. Talvez o que seja mais diferente é que o francês ficava mais com a bola, o nosso Thierry é homem de conclusão no gol”, analisa o treinador do sub-13 tricolor.
Mário Ramalho chegou ao clube em maio e se surpreendeu com a presença de Henry. Quando comentou com os outros meninos do time sobre o nome peculiar, percebeu que a maioria nem sequer conhecia a referência do nome do colega. O técnico, então, passou um dever de casa: procurar vídeos do craque francês.
“Eles tratam isso com muita naturalidade, não acontece nem de brincar com o nome. O Thierry é um menino de poucas palavras, mas que interage bem com os outros no dia a dia. Em campo, tem bastante personalidade e não se deslumbra pelo que já fez. É muito disciplinado, envolvido nos treinos e com entendimento do jogo. É bem centroavante, uma posição que está acabando no futebol. Temos o privilégio de tê-lo aqui para contribuir com a formação dele”, completa Ramalho.
Essa disciplina, segundo o pai Gerlan, vem de berço. A família, que é bastante religiosa, prega que o garoto viva intensamente e aproveite cada fase da vida, mas que não tire da frente os sonhos de ser profissional e chegar à seleção brasileira e ao futebol europeu: “A gente vive o dia a dia”.
O gol na final contra o Marília, após cruzamento de Nicolas, não foi o único importante nessa campanha do título são-paulino no Paulistão Sub-13. Na semifinal, contra o rival Palmeiras, marcou duas vezes para buscar o empate por 3 a 3 que garantiu os tricolores na decisão. Em 19 jogos, o São Paulo acumulou 14 vitórias, dois empates e três derrotas. Foram 56 gols marcados e 18 sofridos. Foi o primeiro título do clube no Estadual da categoria, que foi criado em 2008, e o 71º troféu de base desde que o CFA Laudo Natel, em Cotia, foi inaugurado em 2005.