São Paulo pode ter um conselheiro como diretor de futebol? Veja efeitos

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UOL

Bruno Grossi

Com Raí sob forte pressão e o conselheiro Carlos Belmonte cotado a substituí-lo na diretoria de futebol do São Paulo, a discussão sobre a presença de membros do Conselho Deliberativo em cargos executivos é retomada. Afinal, essa manobra é permitida pelo estatuto do Tricolor? Quais seriam os efeitos práticos e políticos da escolha de Belmonte? No estatuto aprovado no fim de 2016, ficou definido que conselheiros deveriam pedir licença do CD para assumir qualquer cargo remunerado ou prestar serviços ao São Paulo. Também falava-se em contratar para a diretoria executiva apenas profissionais de “notório conhecimento” em cada área.

Logo na primeira formação diretiva feita por Carlos Augusto de Barros e Silva, em 2017, isso causou atritos políticos. Afinal, conselheiros foram nomeados para cargos executivos e críticas foram feitas por oposicionistas e até membros da situação. A repercussão foi tão negativa que uma alteração no estatuto foi proposta no fim do ano passado e aprovada no último mês de maio por uma assembleia de sócios. Ficou definido que, a partir de abril de 2020, todo conselheiro que estiver em um cargo remunerado precisará sair automaticamente do Conselho Deliberativo. Quem estiver licenciado, como os empossados antes da alteração, também deverá optar por permanecer no CD ou seguir como diretor.

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Ou seja, se Belmonte for escolhido para substituir Raí, ele terá apenas cinco meses para ser remunerado e conselheiro ao mesmo tempo. Em abril, será preciso definir apenas uma das condições. E é aí que entra mais um elemento político desse caso, já que Leco enxerga Belmonte como um bom nome para ser candidato à presidência pela situação. Para poder concorrer às eleições de novembro de 2020, Belmonte não poderia deixar de ser conselheiro, pois o pleito no São Paulo ainda é indireto —sócios escolhem conselheiros, que escolhem o presidente.

Uma solução seria deixá-lo como um diretor-adjunto de futebol, um cargo sem remuneração. O problema é que esse posto não existe oficialmente no estatuto. É algo figurativo, voluntariado, exercido por Fernando Chapecó atualmente. Além disso, se Belmonte for nomeado adjunto para poder continuar a ser conselheiro e concorrer às eleições, haverá outro tipo de conflito: ele será o substituto de Raí, que tinha o cargo mais alto na hierarquia do futebol tricolor, mas na teoria estará em uma função inferior à do gerente-executivo Alexandre Pássaro.

Como definir a dinâmica entre eles? Quem será subordinado a quem? Quais os critérios para a diretoria e os conselhos do clube cobrarem um diretor adjunto não-remunerado? Como o UOL Esporte publicou ontem, além de Belmonte, Leco avalia também o conselheiro José Roberto Canassa para substituir Raí. Canassa comanda as categorias de base desde 2017, quando o gerente-executivo Rodolfo Canavesi aceitou proposta de um clube português. Na atual diretoria, entre os executivos, há quatro conselheiros e quatro profissionais contratados do mercado. Entre os gerentes das pastas abaixo, também há conselheiros licenciados que precisarão decidir se ficam no cargo ou no CD a partir de abril de 2020.

Os conselheiros da diretoria executiva são: Rodrigo Gaspar – administrativo Elias Abarello – financeiro Eduardo Rebouças – infraestrutura Leonardo Serafim – jurídico Os profissionais contratados da diretoria executiva são: Rafael Palma – estádio Guilherme Palenzuela – comunicação João Fernando Rossi – marketing Raí – futebol.