Mercado da bola feminino: meia irrita São Paulo e vai para o Palmeiras

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UOL

Bruno Grossi

Com o futebol feminino cada vez mais consolidado, o mercado da bola na categoria também fica mais quente. E um negócio importante movimentou os rivais São Paulo e Palmeiras neste fim de ano. A meia Ary, que foi camisa 10 e até capitã do Tricolor ao longo de 2019, fechou com o Verdão em movimento que gerou mal-estar no clube do Morumbi.

Ary completou 20 anos na última semana e foi destaque do São Paulo na temporada, que terminou com três finais disputadas e um título conquistado. Além do desempenho em campo, ela chamou a atenção pela identificação com a equipe. Em suas redes sociais, sempre interagia com torcedores, se declarava são-paulina e comentava também os jogos do time masculino. Seu engajamento em temas sociais também atraiu fãs.

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Esses atributos fizeram a torcida tricolor passar a cobrar a diretoria pela renovação de Ary, que tinha contrato somente até este 31 de dezembro. O São Paulo até gostaria, como apurou a reportagem do UOL Esporte, mas uma decisão da própria camisa 10 acabou frustrando esse plano. Em um dos encontros com o rival Palmeiras na temporada, Ary recebeu uma oferta de transferência para 2020. Como faltavam menos de seis meses para o fim do vínculo com o São Paulo, essa operação poderia ser feita de graça com a assinatura de um pré-contrato. O Palmeiras fez isso com outras atletas tricolores, mas só Ary e a atacante Ottilia toparam o acordo imediatamente.

As duas são amigas próximas e, no caso de Ottilia, pesou o carinho pelo Palmeiras. Ary decidiu seguir os passos da companheira de time e nem sequer apresentou a proposta palmeirense para o São Paulo tentar cobrir. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a volante Yaya, principal revelação tricolor. A garota levou a oferta do rival para a diretoria, que cobriu os valores e fechou uma renovação por uma temporada e meia.

Essa decisão de Ary foi considerada precipitada pelo São Paulo e a própria atleta passou a repensar o ato. Nas redes sociais, seguiu demonstrando sua torcida pelo time do Morumbi e despistava quando perguntada sobre o futuro, mas na tarde de ontem (31) já escreveu em tom de despedida. A reportagem buscou contato com a meia, que por enquanto preferiu não se pronunciar. Só há a confirmação de seu estafe sobre o acerto prévio com o Palmeiras, que passa a valer neste 1º de janeiro.

No último fim de semana, para comemorar o aniversário de 20 anos, Ary realizou uma festa temática sobre o São Paulo com a família. O momento foi registrado nas redes sociais, seguido de uma publicação que aumentou o mal-estar com o Tricolor. Ary disse que esperava receber um post de parabéns do clube, mas que como torcedora já estava acostumada a sofrer. O São Paulo só faz posts de aniversário para atletas do time masculino ou ídolos do passado. Para atletas de outras modalidades ou categorias, isso só é feito em casos específicos, como quando a atacante Cristiane havia acabado de chegar ao clube. Além disso, o fato de Ary estar a dias de se transferir para o Palmeiras colaborou para o que o Tricolor não deixasse o protocolo de lado desta vez. Ary e Ottilia não são as únicas baixas importantes do São Paulo. A atacante Valéria, de 21 anos, acertou com o Madrid CFF, da Espanha. Isso é reflexo dos contratos curtos firmados pela diretoria neste primeiro ano do projeto do futebol feminino profissional. O clube reconhece que a estratégia foi arriscada, mas já trabalha para ter mais estabilidade em 2020.

Até o momento, já renovaram com o São Paulo as goleiras Carla e Éllen, as laterais Giovana, Natane e Roberta, a zagueira Thaís, a volante Yaya e a atacante Jaqueline. O futuro de Cris, que também chegou com status de estrela e um contrato de um ano, segue indefinido. Outras jogadoras estão perto de selar a renovação, e o clube sabe que precisará contratar para repor as peças perdidas.