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Bruno Grossi
Conselheiros do São Paulo, de situação e oposição, têm discutido mudanças no estatuto do clube, que entrou em vigor somente há três anos. A ideia é que essas eventuais alterações sejam votadas ao longo deste ano para que, em caso de aprovação, passem a valer junto com o próximo mandato presidencial, em 2021. São três pontos principais, que de certa forma estão interligados: o fim da existência de um vice-presidente para ser eleito junto do presidente nas eleições, a volta das vice-presidências nas principais diretorias e a escolha de um líder independente para o Conselho de Administração.
Abaixo, o UOL Esporte explica cada uma dessas possíveis mudanças, as diferenças para o modelo atual e os efeitos políticos que elas podem levar ao São Paulo:
O fim do vice-presidente eleito Segundo o texto atual do estatuto do São Paulo, as chapas que se inscreverem para uma eleição presidencial precisam conter dois nomes: um presidente e um vice. A mudança que tem sido discutida pelos conselheiros é pela extinção da exigência por um vice na chapa e fazer com que a vice-presidência se torne um cargo de confiança. Ou seja, o presidente eleito passaria a nomear um vice com quem teria mais proximidade e confiança.
Isso seria uma forma de evitar episódios como o racha entre o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva e o vice Roberto Natel, que tem sido acusado até de participar dos vazamentos de documentos para um hacker. O próprio Natel também havia entrado em conflito e deixado a vice-presidência por atritos com o ex-presidente Carlos Miguel Aidar. Quem defende essa mudança também fala em evitar conchavos políticos. Para construir alianças e angariar votos, candidatos muitas vezes negociam o cargo de vice-presidente como uma recompensa para um grupo político aceitar essa união de forças. Por outro lado, com o vice nomeado pelo presidente somente após a eleição, a gestão pode ficar menos plural.
Executivos subordinados a vice-presidentes vindos do conselho Os grupos políticos também discutem a possibilidade de retomar uma velha prática do São Paulo, que foi abolida justamente pelo novo estatuto a partir de 2017. Com a intenção de tornar a gestão do clube mais profissional, foram abolidas as vice-presidências das diretorias para que cada pasta principal fosse gerida apenas por diretores-executivos.
Por exemplo: na última formação diretiva antes da troca de estatuto, o futebol tinha José Alexandre Médicis como vice, José Jacobson Neto como diretor — esses dois conselheiros não eram remunerados e, assim, não tinham a obrigação de trabalhar exclusivamente para o São Paulo — e só então aparecia o executivo remunerado de futebol, na época Marco Aurélio Cunha.
No formato atual, Raí é o diretor-executivo e responde diretamente a Leco na presidência e ao Conselho de Administração. Mas em outras diretorias foram contratadas figuras que faziam parte do Conselho Deliberativo, o que é visto por muitos como falta de profissionalismo. Para combater isso, já no ano passado ficou decidido que qualquer conselheiro que passe a ter cargo remunerado na diretoria seja obrigado a abandonar de vez a cadeira no CD.
Com a mudança que pode ser proposta, os executivos continuariam a ter autonomia, mas com uma espécie de supervisão do vice-presidente da pasta, que não seria remunerado e viria do Conselho Deliberativo após nomeação. Os defensores dessa alteração alegam que esse é um passo atrás para depois dar dois passos para frente. Explica-se: apesar de voltar a ter um conselheiro na gestão, o que abriria portas para conchavos políticos, ficaria proibida de vez a entrada de conselheiros nos cargos remunerados.
Mas mesmo entre os apoiadores desse formato há uma ressalva. A ideia é que ele seja aplicado de forma provisória, como um processo de transição, para que os profissionais contratados do mercado para as diretorias executivas tenham uma espécie de apoio sobre a realidade do clube, algo que na visão dessas pessoas só poderia ser dado pelos próprios conselheiros.
Eleição para a presidência do Conselho de Administração Atualmente, o presidente do Conselho de Administração é também o presidente da diretoria executiva, ou seja, Leco. Grupos políticos do São Paulo acreditam que isso tira o peso do CA, que deveria servir como uma espécie de auditoria interna ou como um filtro sobre as decisões do clube. A ideia que passou a ser discutida, então, é fazer com que haja uma eleição específica para escolher o líder do CA. Esse debate já dura mais tempo do que os demais citados acima e as fontes ouvidas pela reportagem acreditam que é a mudança mais viável de acontecer.
Entre os que ainda desconfiam da mudança, o argumento que mais aparece é o da preocupação com um excesso de burocracias que poderia ser gerado. O rival Santos é citado como exemplo, já que em diversos casos o Comitê de Gestão, órgão similar ao Conselho de Administração, travou decisões da diretoria por razões políticas.