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Juca Kfouri
O Morumbi estava deserto, chovia muito, faltou luz, e o ladrão se aproveitou para roubar o dono da casa.
(Atenção, é tudo sentido figurado, porque tinha gente no estádio, pouca, mas tinha, quando os erros aconteceram até já não chovia mais tanto, a energia foi reestabelecida em 10 segundos e o assoprador errou demais mesmo, certamente sem intenção). Mas fato é que Pato, que se deu muito bem em seu habitat, no gramado encharcado, fez dois gols legais mal anulados por impedimentos Vitor Bueno sofreu pênalti não assinalado.
O assoprador errou tanto que dava para jurar que na primeira chance ele compensaria tantos erros ao ser informado no intervalo. Nada! Nem bem o segundo tempo começou houve um lance claro de braço na bola da zaga do Novorizontino e mais um pênalti não foi marcado. Era para estar 3, 4 a 0 para o São Paulo e seguia 0 a 0 já aos 15 minutos do segundo tempo.
Os visitantes com reservas para jogar a Copa do Brasil com os titulares contra o Figueirense, em Novo Horizonte, na quinta-feira. Mais uma vez, o Tricolor paulista criava, como o carioca fazia sob o comando de Fernando Diniz, carradas de chances de gol que parecia impossível o zero ficar no placar. Aos 20 minutos, então, numa blitz com três defesas seguidas do goleiro Oliveira, Reinaldo acertou uma bomba no travessão que balança até agora e seguirá balançando durante a madrugada. Em seguida, Pato saiu frustrado, com razão, afinal não marca há seis meses e teve dois gols mal anulados, para Brenner jogar.
Aos 25′, GOOOOOOL!!!! Do Novorizontino… De Higor Leite que acabava de entrar, em seu primeiro toque na bola, em contra-ataque. Na verdade, o gol saiu no segundo toque, o primeiro foi para driblar Tiago Volpi. Parecia mentira. Parecia o que o Tottenham fez com o Manchester City no domingo. Uma baita INJUSTIÇA! Aos 30′, Toró no lugar de Hernanes e Juanfran deu lugar a Everton. Noite esquisita: o Mirassol fazia 6 a 0 no Botinha, em Ribeirão Preto, e o Flamengo, com seus titulares, perdia para o Rezende no Maracanã com mais de 53 mil torcedores.
O São Paulo perdia a invencibilidade no Paulistinha, que ficava com apenas dois invictos: o Mirassol e o…Novorizontino, que mantinha o Palmeiras da zona de classificação, como já acontecia com o empate. “Pertenxe ao futebol”, diria Vanderlei Luxemburgo. Que esporte surpreendente, maluco, sem nenhuma lógica. Até que, aos 40′, Oliveira falhou e Brenner empatou: 1 a 1, em cruzamento de Vítor Bueno. Ufa! Diante de 14 mil torcedores, o empate ainda seria enorme injustiça. O São Paulo restabelecia sua invencibilidade, mas ainda tinha cinco minutos de acréscimos para virar.
Aos 49′ e aos 50′ Pablo teve a chance e desperdiçou. Não virou, embora merecesse, num jogo de causar estupor. Que ninguém reclame da atuação são-paulina. Ao fim do jogo, o assoprador de apito ainda sorria. Um cara-de-pau!