GloboEsporte
Eduardo Rodrigues e Marcelo Hazan
Tricolor alivia folha salarial com empréstimos, mas poderá ter problemas de caixa este ano.
O São Paulo queria aproveitar a janela de transferências deste começo de ano para aliviar a folha salarial e gerar receita com vendas de jogadores para diminuir o déficit de R$ 180 milhões registrado ao fim de 2019. O clube, no entanto, só conseguiu cumprir a primeira meta. E com ressalvas.
Por isso, há preocupação no Tricolor com a situação financeira complicada e um possível atraso nos pagamentos. As contas do ano passado, inclusive, serão discutidas no Conselho no final de março.
Em 2019, conselheiros entraram com um pedido de impeachment contra o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Um dos argumentos do requerimento era o estouro no orçamento acima de 5%. O São Paulo rebateu o pedido com uma nota oficial na qual chamava o documento de peça discutível e equivocada.
O clube também apontava que o ano de 2019 estava em curso no momento em que o requerimento foi feito, em dezembro, o que desqualificaria um “suposto descumprimento na execução do orçamento”. Agora, a dificuldade financeira do São Paulo pode aumentar a pressão política no clube.
Alvo do Ajax, Antony vai ficar no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
As maiores expectativas eram as vendas de Walce e Antony. Os dois eram os mais cobiçados, mas nenhuma das negociações foram concluídas.
O zagueiro recebeu sondagens de seis milhões de euros (cerca de R$ 27 milhões) com mais um valor em bônus do Bragantino. Inicialmente o São Paulo recusou, mas havia boas chances de a negociação ser concretizada.
A disputa do torneio Pré-Olímpico era vista como uma oportunidade de Walce se valorizar, mas aconteceu o pior. O jogador rompeu ligamentos do joelho em um treino e foi submetido a cirurgia. O tempo de recuperação é de seis a oito meses.
Por conta da lesão, o Bragantino desistiu da contratação do jogador e frustrou os planos do Tricolor. Havia a esperança de faturar com o jovem zagueiro de 21 anos.
Walce (esquerda) rompeu ligamentos do joelho na seleção e não pôde ser vendido pelo São Paulo — Foto: Fernando Torres/CBF
Antony, então, era a última cartada para conseguir um respiro nas contas. Borussia Dortmund e RB Leipzieg, ambos da Alemanha, sinalizaram com pouco mais de R$ 67 milhões, e o São Paulo recusou.
Nos últimos dias da janela de transferência da Holanda, encerrada na última sexta, o Ajax apareceu com uma forte investida de 25 milhões de euros (cerca de R$ 117 milhões), em um “pacote” envolvendo a porcentagem de revenda de David Neres. O acordo seria para Antony sair apenas no meio do ano.
A proposta era vista com bons olhos pelo Tricolor, e as negociações se arrastaram até horas antes do fechamento do mercado. Apesar disso, não houve um acordo final e a transferência não foi fechada.
Isso não significa, no entanto, que a conversa não possa seguir em fevereiro para que uma venda aconteça no meio do ano. O São Paulo projeta para 2020 receitas de 33 milhões de euros (cerca de R$ 154 milhões) com negociações de jogadores, sendo 75% do valor recebido à vista.
Pequeno respiro
Se em vendas o São Paulo não conseguiu êxito, na missão de diminuir a folha salarial o clube fez alguns movimentos no mercado:
- Hudson: com um dos maiores salários do São Paulo em 2019, o volante não vinha sendo utilizado e já não estava contente com a condição no elenco. O empréstimo para o Fluminense até o final do ano foi a melhor saída para ambos;
- Everton Felipe: fora dos planos para a temporada, o meia foi emprestado ao Cruzeiro, e o São Paulo ainda tem a prioridade de compra nos garotos Ageu e Caio Rosa;
- Raniel: o Tricolor envolveu o atacante em uma troca com o Santos. Raniel foi para o Peixe e em contrapartida Vitor Bueno assinou por quatro temporadas com o São Paulo de forma definitiva.
- Araruna: sem espaço no elenco e com contrato até o final do ano, o São Paulo cedeu o volante ao Reading FC, da Inglaterra, de graça e manteve 40% dos direitos econômicos do jogador;
- Lucas Paes: o goleiro estava emprestado ao Louletano, de Portugal, até o meio do ano, quando seu contrato com o Tricolor também se encerrava. Para não perder o jogador sem nenhuma contrapartida, o São Paulo o cedeu para o Vitória de Setúbal de graça e manteve 40% dos direitos econômicos.
Hudson foi emprestado ao Fluminense — Foto: Lucas Merçon
Casos indefinidos
Ainda há algumas situações indefinidas e que podem auxiliar nessa contenção de gastos do São Paulo para 2020. São elas:
- Jucilei: o Vasco tinha negociações com o jogador, mas desistiu por conta da alta pedida salarial. O São Paulo não descarta a saída do atleta, que tem um dos maiores salários do elenco;
- Jonatan Gómez: há sondagens de diferentes clubes pelo argentino. Ele não está nos planos e pode ser negociado;
- Tréllez: voltou de empréstimo do Inter e inicialmente não está nos planos. Teve sondagem do Argentinos Juniors, mas não houve proposta ao São Paulo. Tem o desejo de ficar no Tricolor;
- Paulinho Boia: chegou a ter tudo acertado com o Cruz Azul, do México, mas reprovou nos exames médicos e retornou ao São Paulo. Não está nos planos.
Jucilei segue com futuro incerto; São Paulo quer negociar volante para diminuir folha salarial — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Veja as datas de fechamento das principais janelas:
- 31 de janeiro: Alemanha, Arábia Saudita, Catar, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Itália, México e Turquia
- 2 de fevereiro: Portugal
- 3 de fevereiro: Emirados Árabes Unidos
- 21 de fevereiro: Rússia
- 28 de fevereiro: Ucrânia e China
- 27 de março: Japão