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Gabriel Carneiro
A nova temporada da série “Segunda Chamada” teve gravações interrompidas e o lançamento dos filmes “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou meus Pais”, sobre o caso Suzane von Richthofen, foi adiado por causa da pandemia do novo coronavírus. À espera de novas datas para gravar ou divulgar o trabalho, o ator Leonardo Bittencourt encontrou uma forma inusitada de se distrair durante o período de isolamento: lançou um podcast de futebol.
Junto com dois amigos de infância advogados e mais um administrador, o ator de 26 anos colocou no ar nas plataformas de áudio o programa “De Fora da Área”, que tem o objetivo de ser “um bate-papo descontraído e irreverente sobre futebol”. O primeiro episódio, de 58 minutos de duração, é sobre os “novos ricos” do futebol, do Chelsea ao Red Bull Bragantino.
Se estivesse tudo correndo como previsto, no dia 2 de abril tinha estreado dois filmes, e eu estaria em turnê de divulgação pelo Brasil. Mas a quarentena pegou todo mundo desprevenido, não estava acostumado a ficar tanto tempo sem fazer nada. O podcast foi uma boa desculpa para juntar meus amigos. Torço para que o projeto um dia caminhe paralelamente à carreira de ator”, diz Léo Bittencourt, ao UOL Esporte.
A relação do ator com o futebol é de infância como as amizades. Ele é torcedor do São Paulo e nutriu o sonho de ser jogador até o começo da adolescência. Aos 19 anos deixou Manaus para estudar teatro no Rio de Janeiro, e em seguida, conseguiu um papel de destaque em “Malhação – Vidas Brasileiras”. O futebol virou diversão de fim de semana e também de fim de ano, nas já tradicionais peladas de artistas. Foi numa dessas que ele viveu uma situação incomum ao ser confundido com Leonardo Bittencourt, homônimo, jogador de futebol alemão do Werder Bremen — e filho do ex-jogador brasileiro Franklin Bittencourt, que jogou no Bragantino e no Fluminense e fez carreira na Europa.
“Era um combinado de artistas contra uma seleção de Bertioga. Rolou uma confusão na organização do evento: pegaram os nomes dos convidados e jogaram no Google. O que aparecia na Wikipédia eles falavam no sistema de som na hora da entrada dos jogadores. Estava o Mario Yamasaki, árbitro do UFC na minha frente na fila. Quando eu ouvi a descrição dele já esperei pelo pior. Dito e feito. ‘Vem aí Leonardo Bittencourt, futebolista alemão…’ Eu pensei: quê que eu faço? Entrei, baixei a cabeça e bati palminha olhando para o lado. Fiquei com vergonha real”, ri.
“Toda vez que o Léo faz gol lá na Alemanha, algum fã clube me marca por engano, é normal essa confusão.” Foi ator para tentar ser jogador O sonho de ser jogador de futebol foi nutrido durante infância e adolescência. Filho de pai vascaíno e apaixonado por futebol, o garoto nascido em 1994 tem lembranças da Copa do Mundo de 98, na França, e também jogava futebol com frequência. Chegou a ser federado e jogar torneios municipais e estaduais em Manaus. Até que chegou um ponto, entre 12 e 13 anos, que ele decidiu fazer uma tentativa.
“Eu peguei um álbum de figurinhas do Campeonato Brasileiro e liguei no número de telefone que aparecia na página do São Paulo. Atenderam, e eu fiz voz de empresário dizendo que trabalhava com um moleque que jogava muito bem. Me falaram de datas de teste em Cotia, que era só ir, e eu fiquei alimentando esse sonho.”
“Os meses passaram e eu liguei de novo. Aí me explicaram que isso não acontecia, que peneira era dentro das escolas conveniadas e tal. Falaram a real. A pessoa de antes ou brincou comigo ou não quis destruir o sonho. Mas a partir dali eu vi que não era possível e isso abriu espaço para outras coisas que eu sempre gostei e não tinha voltado atenção, como o teatro”, relembra Léo.
Ele seguiu em Manaus mais alguns anos: “Se eu tivesse me mudado aos 12, não aos 19, poderia ter tido alguma chance. Mas tudo bem, estou feliz, fiz muitos amigos.”
Amizade com jogadores e jornalistas “Malhação – Vidas Brasileiras” (2018), em que Léo Bittencourt viveu o personagem Hugo, concorreu ao Emmy Kids 2019 como melhor projeto digital do ano por causa da Live “#MalhaçãoAoVivo”, uma espécie de complemento da novela na internet. Foi numa dessas transmissões que o ator ganhou um presente inesquecível.
“Neste programa faziam uma surpresa para os atores, geralmente recados de familiares em vídeo. Na minha vez foram mensagens dos jogadores do São Paulo da época, Nenê, Diego Souza e Reinaldo, me convidando para conhecer o CT e ver um jogo. Foi muito legal”, diz o ator, que fez amizade com jogadores e funcionários do clube: “Quando criança, eu jamais imaginaria isso.”
Léo Bittencourt, além de conhecer o CT e o Morumbi, também atuou em jogos festivos no estádio do São Paulo e fez amizade com jornalistas esportivos. “Eu já tive blog de futebol, sempre tive um pé nessa área também. Um dia o Alexandre Lozetti [comentarista do Grupo Globo] me chamou para fazer uma matéria sobre são-paulinos do meio artístico e ficamos amigos. Eu queria muito conhecer o SporTV, e ele me levou. Depois no CT ainda conheci o André Hernan [repórter]. Para quem sempre deu pitaco em futebol foi emocionante.”
O próximo sonho é fazer um gol no Morumbi. “Quem sabe esse ano? Vou comemorar em cima do escudo.”
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