UOL
Menon
Mandei uma mensagem para Lugano e ele respondeu imediatamente. Disse que estava indo correr na Paulista (20h30) e retornaria o contato imediatamente. Assim começou nossa conversa. “Está furando a quarentena? Fica em casa.” “Saio todos os dias para me exercitar e manter a sanidade. Corrida, bicicleta em locais afastados, mantendo a distância dos outros. Imagino que as pessoas em geral saibam quais são os ‘imites’. No mais, tento adaptar-me e ser produtivo no meu trabalho, já que o mundo não pode parar. Responsabilidade e não pânico.”
Em seguida, enviei algumas perguntas que ele respondeu com áudio. Entendi quase tudo do seu portunhol que é o mesmo de 2003, quando ele chegou de Montevidéu para se transformar em um dos grandes ídolos da história do clube. A conversa foi boa e vai ser publicada em dois posts. A primeira parte falando do futebol em geral e a segunda, do São Paulo. Para Lugano, não há dúvidas sobre o melhor time do Brasil e da América do Sul. “O Flamengo é o time a ser batido. É um clube muito sólido financeiramente e que soube montar um grande time com um grande treinador. Mérito da diretoria e de quem cuida do futebol. Soube aproveitar a vantagem que o dinheiro traz”
E é impossível de ser vencido? “O momento do Flamengo é impressionante. É o time mais popular e precisava vencer. Conseguiu e criou uma sinergia muito grande com os meios de comunicação. Tudo isso ajuda. Mas o futebol, como a vida, é feita de ciclos e tudo muda”. Estava filosofando, o Lugano. Tudo é feito de ciclos, sem dúvida. Mas o São Paulo pode competir com o Flamengo? “Financeiramente, não. Impossível disputar um jogador com eles. Mas, esportivamente sim. Estamos nos estruturando para isso. Por isso, o futebol é o esporte mais grande [aqui entra o portunhol…], mais lindo e mais democrático. Nem sempre quem tem mais dinheiro é o ganhador”.
Ele busca argumentos no que mais preza na vida, esportivamente falando: a história da Celeste. “Na maioria dos grandes títulos que o Uruguai conquistou, ele estava em inferioridade econômica. Por isso, eu falo que ninguém pode usar a superioridade econômica do Flamengo para justificar uma derrota”. Em um caso assim, com um time muito superior, a tentação é pensar que, com mata-mata, a possibilidade de uma surpresa aumenta. Lugano não aceita a possibilidade de mudança.
“Para mim, o Brasileirão em pontos corridos é um campeonato extraordinário, só se compara com a Premiere League. Não pode pensar em mudar. Seria uma fatalidade abrir mão por causa do coronavírus. Precisa manter, nem se for preciso esticar até janeiro”. Muitos torcedores do São Paulo lamentam que a pandemia tenha parado as competições em um bom momento do São Paulo. Lugano também, mas faz uma ressalva importante. “Já pensou se tivesse parado depois do jogo contra o Binacional? Seria uma tortura. Do jeito que foi, paramos bem, deixando uma boa imagem. Ganhamos dois bons jogos. Pena que parou antes do clássico contra o River Plate. Poderíamos ter conseguido a terceira seguida”.
Amanhã, o papo continua. Um aperitivo. “Cavani é meu grande amigo. Não é parça. É amigo de verdade.” “Dario Pereira jogou dez vezes mais do que eu, mas tenho orgulho da minha carreira”.
LEIA TAMBÉM:
- “É um maluco maravilhoso”: como Zubeldía superou drama para virar técnico intenso e apaixonado
- “Momento mais difícil do ano”: como a morte de Izquierdo marcou o 2024 do elenco do São Paulo
- São Paulo concede folga ao elenco e dará atenção especial a trio que apresentou desgaste físico
- Relembre o último duelo entre São Paulo e Bragantino no Nabizão
- André Silva é quem precisa de menos tempo para marcar pelo São Paulo no Brasileirão