Veja quanto o São Paulo projeta de prejuízo com a paralisação do futebol por conta da pandemia

240

GloboEsporte

Elias Albarello, diretor financeiro do clube, faz balanço e comenta adequação de salários.

O São Paulo prevê um prejuízo de cerca de R$ 100 milhões caso o futebol no Brasil fique paralisado por cerca de dois a três meses. Esse foi o balanço feito por Elias Albarello, diretor financeiro do clube.

Em entrevista ao canal do jornalista Jorge Nicola, na última quarta-feira, Elias Albarello explicou os impactos que a pandemia do novo coronavírus pode causar aos cofres do Tricolor.

Publicidade

– Nos últimos dez dias, analisando o impacto efetivo, no São Paulo deve girar em torno de R$ 90 milhões e R$ 100 milhões, nas projeções que estamos tendo de dois a três meses sem futebol. Como falei, pode chegar até a R$ 100 milhões, depende da retomada, por exemplo. Temos discutido com a CBF, há cenários de iniciar campeonatos e no retorno, por força de lei, ter jogos com portões fechados. Isso já perde bilheteria, o que foi o grande impacto que tivemos – afirmou o diretor.

No clássico contra o Santos, no qual o São Paulo atuou com portões fechados, o time do Morumbi estima perda de R$ 1 milhão com a devolução dos ingressos àqueles que já tinham adquirido as entradas. Já na partida adiada contra o River Plate, pela Libertadores, havia a previsão de um lucro de cerca de R$ 4 milhões.

Morumbi teve portões fechados para São Paulo x Santos — Foto: Alexandre Lozetti

Morumbi teve portões fechados para São Paulo x Santos — Foto: Alexandre Lozetti

Outra preocupação é em relação aos patrocínios. Sem a exposição das marcas durante a paralisação do futebol, há receio de que os parceiros suspendam os pagamentos. Os custos do estádio do Morumbi também preocupam.

– Se não está veiculando a marca do patrocinador, dificilmente deve ter patrocínio, com suspensão. É natural. É uma cadeia. O clube social, as taxas de manutenção, contribuição associativa, programa de sócio-torcedor que vai impactar fortemente e tudo de operação no Morumbi, restaurante, academia, buffet. São nossos cessionários. Considerando isso de dois a três meses o impacto vai ser dessa natureza, de R$ 100 milhões – explicou Elias Albarello.

O São Paulo atualmente tem 13 patrocinadores e não houve suspensões de pagamentos até o momento. O clube investe na exposição das marcas através de suas redes sociais. O patrocínio máster com o Banco Inter se encerra no fim de abril, e o setor de marketing está em negociações para a renovação do contrato.

Negociação por salário

Elias Albarello também comentou sobre as negociações para adequação salarial do elenco. Inicialmente, parte significativa dos jogadores se mostrou resistente às condiçãos apresentadas pelo clube.

Alguns jogadores entendem que a diretoria tenta incluir no acordo dívidas antigas que mantêm com os atletas. Esse jogadores querem primeiro receber os valores atrasados, para então discutir acordo relativo a pagamentos futuros.

O clube propõe uma série de ajustes temporários no pagamento aos jogadores, como corte de 50% no salário pago em carteira (CLT) e suspensão dos direitos de imagem a partir deste mês (com pagamento previsto para o início de maio).

O São Paulo garante um mínimo de R$ 50 mil mensais e afirma que reembolsará todos os valores quando a crise passar, em seis parcelas.

– Não é redução de salário. A partir do momento que tivermos a entrada de recurso, nós vamos pagar. Fui surpreendido pelas notícias, porque isso está em negociação. Venho conversando com Raí e (Alexandre) Pássaro e não perdi a esperança que isso pode ser aceito (pelos jogadores) – afirmou o diretor financeiro do Tricolor.

O São Paulo trata a proposta como a única possível neste momento de crise financeira e diminuição de receitas – e, no documento, afirma que os termos valem até 30 de junho. Se nada mudar até lá, uma nova adequação terá que ser feita.

LEIA TAMBÉM: