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Há exatos 16 anos, na noite de 12 de maio de 2004, o São Paulo contava com o apoio de 59.413 torcedores no Morumbi para desfazer a vantagem de 1 a 0 construída pelo Rosario Central na Argentina, em confronto válido pelas oitavas de final da Libertadores. A maneira como isso se deu faz deste duelo um dos mais emblemáticos de toda a história tricolor.
Tudo parecia conspirar para a eliminação do São Paulo, que disputava a Libertadores pela primeira vez desde 1994. O Central aumentou a diferença logo aos seis minutos do primeiro tempo com um gol do atacante Herrera, que depois jogaria em clubes brasileiros como Corinthians e Botafogo. Se não bastasse, Luis Fabiano cobrou nas mãos do goleiro Gaona o pênalti que o uruguaio Jorge Larrionda assinalou de maneira equivocada. Cuca, então, resolveu não esperar o segundo tempo para mexer: trocou o volante Alexandre pelo atacante Grafite.
“Que gostoso, né? O Morumbi pulsando em Libertadores. Eles saíram na frente, o centroavante deu uma arrancada, finalizou e 1 a 0 para eles. Contra time argentino, time experiente, é difícil. Eu já mudei no primeiro tempo. O Grafite entrou bem, já fez um gol no primeiro tempo, de cabeça, e fomos para o intervalo com 1 a 1. O Luis tinha perdido o pênalti. No segundo tempo, uma bola pererecada dentro da área, a bola bateu no joelho do Grafite e entrou bem devagarzinho, chorado. Nós fizemos o 2 a 1 que levou para os pênaltis”, lembra o treinador.
Entre os dois gols de Grafite, ocorreu um dos episódios mais importantes da noite: Cuca pediu aos jogadores que não fossem para o vestiário no intervalo. A ideia era que a torcida, empolgada pelo empate no fim da etapa inicial, mantivesse a equipe inflamada em busca da virada.
“Isso quem me sugeriu, antes do jogo, foi o Marco Aurélio Cunha [superintendente de futebol]. ‘Cuca, se você sentir que tem espaço para manter o time, mantenha, porque o torcedor do São Paulo vai entrar dentro do campo’. Foi dito e feito. O que os caras cantaram naquele intervalo arrepia até hoje. Incentivaram, nós começamos o segundo tempo fortes, jogamos bem, criamos muitas chances e sabíamos que ia sair o gol. Como saiu, e levou o jogo para os pênaltis”, contou.
Na disputa por pênaltis, como não poderia ser diferente, o São Paulo sai em desvantagem: Gaona defendeu logo a primeira cobrança, de Cicinho, e todos os batedores foram convertendo até que chegasse a vez de Rogério Ceni. Responsável pelo último tiro do Tricolor, o goleiro precisava fazer e defender o quinto pênalti do Rosario Central para provocar as alternadas. Foi o que aconteceu: Ceni converteu o dele e defendeu com imensa facilidade o chute do goleiro Gaona. Em seguida, Gabriel fez para o São Paulo, e Irace foi mais um a parar nas mãos do Mito.
O São Paulo avançou para as quartas de final, fase em que eliminaria o venezuelano Deportivo Táchira com duas vitórias contundentes (3 a 0 e 4 a 1) e era favorito contra o Once Caldas, na semifinal, mas acabou surpreendido: empate sem gols no Morumbi e derrota por 2 a 1 em Manizález, com gol no último minuto. O tri foi adiado para 2005.
FICHA TÉCNICA SÃO PAULO 2 (5) x (4) 1 ROSARIO CENTRAL Local: Morumbi, em São Paulo Árbitro: Jorge Larrionda (URU) Auxiliares: Roberto Silvera (URU) e Pablo Fandiño (URU) Público: 59.413 pagantes Renda: R$ 743.746,00 Cartões amarelos: Rodrigo, LuIs Fabiano, Acuña, Herrera, Schelotto Gols: Herrera, aos 6 minutos, e Grafite, aos 46 minutos do primeiro tempo; Grafite, aos 31 minutos do segundo tempo.
Pênaltis: São Paulo 5 x 4 Rosario Central São Paulo: Grafite, LuIs Fabiano, Fabão, Rogério Ceni e Gabriel fizeram – Cicinho perdeu Rosario Central: Carbonari, Herrera, Talamonti e Ferrari fizeram – Gaona e Irace perderam SÃO PAULO: Rogério Ceni, Cicinho, Rodrigo, Fabão e Gustavo Nery; Alexandre (Grafite), Ramalho, Danilo e Marquinhos (Gabriel); Vélber (Souza) e Luís Fabiano. Técnico: Cuca ROSARIO CENTRAL: Gaona, Ferrari, Raldes, Talamonti e Papa; Messera (Moreira), Acuña, Gustavo Schelotto (Carbonari) e Irace; Belloso (Gonzalez) e Herrera. Técnico: Miguel Angel Russo.
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