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O histórico tricampeonato mundial do São Paulo, conquistado em 2005, foi revivido ontem pela Globo com a reprise da vitória sobre o Liverpool, no Japão. Ídolo do clube e protagonista do título, Rogério Ceni contou à SPFCTV curiosidades sobre a conquista e surpreendeu ao dizer qual foi a defesa mais difícil da decisão. Entre suas lembranças, estão as dores de dente e no joelho, que incomodaram o arqueiro às vésperas dos jogos decisivos. Nada, porém, que desviasse o destino dele e de seus companheiros.
“De fato eu estava com uma lesão, uma lesão de menisco no meu joelho esquerdo, eu nem treinei no dia anterior ao jogo, em que teve um rachão, uma coisa mais descontraída, além do que, antes da partida contra o Al Ittihad [semifinal], eu tive que fazer um tratamento de canal no Japão. Então tomei seis anti-inflamatórios no dia que eu fui ao dentista, eu não aguentava mais de dor, mas quando o caminho está traçado, você supera todas as dificuldades. Em janeiro de 2006 eu fiz a cirurgia no meu joelho, mas graças a Deus, no jogo, a dor foi só localizada, mesmo pelo frio que fazia, por volta de três graus a temperatura naquele dia, mas deu para ajudar nosso querido Tricolor a conquistar mais um título importantíssimo, para mim e para todos os companheiros que lutaram comigo essa grande batalha”, exaltou o ex-goleiro, hoje treinador do Fortaleza.
Outro ponto curioso da entrevista de Rogério foi o comentário sobre sua defesa mais difícil na partida. Muitos logo pensam na falta cobrada por Steven Gerrard, que exigiu que o goleiro fosse buscar a bola em seu ângulo esquerdo. Mas para ele, o lance de maior dificuldade técnica aconteceu no primeiro tempo.
“Todo mundo fala da falta, que foi uma defesa plasticamente bonita e muito difícil, porque é um risco que você assume quando você inverte a barreira para um batedor, você cria a dúvida na cabeça dele, de ter uma montagem diferente de barreira, mas ao mesmo tempo você chama uma responsabilidade para si. Mas a defesa para mim é uma cabeçada no primeiro tempo, a bola passa na frente de toda a defesa, de todo o ataque do Liverpool e no meio das pernas do Fabão, e eu vou na bola sem vê-la, vou mais ou menos na direção, e eu consigo tocar com a ponta do dedo, tecnicamente talvez tenha sido a mais difícil, e plasticamente, a defesa que ficou para a história, que virou quadro, foi aquela falta do Gerrard, no minuto 6 ou 7 do segundo tempo, essa ficou eternizada para o torcedor são-paulino”, relembrou.
Confira outros trechos da entrevista de Ceni à SPFCTV Emoção de assistir novamente Revivendo um momento tão especial na história do nosso querido São Paulo Futebol Clube, essa conquista de 2005, 15 anos se passaram, e a gente ainda se sente emocionado, feliz e apreensivo em determinado momento do jogo assistindo, mas é algo que fica para sempre, que está na camisa do São Paulo Futebol Clube, a quinta estrela, e também muito vivo na memória. Alguns mais garotos, outros que só viram hoje na reprise do jogo, mas eu tenho certeza que seus pais, avós, vão estar sempre contando essa batalha heroica que o São Paulo viveu em Yokohama, no Japão, diante do Liverpool.
Não era o time mais técnico, mas tinha alma Eu acho que o maior mérito daquele time, marcar época, marcar história, é a alma de todos, o desejo de vencer e de se superar. Talvez não tenha sido o time mais técnico que nós tivemos na história do clube, provavelmente o torcedor concorde com isso, mas era um time que tinha um brilho e uma vontade de vencer enormes. Era um time muito forte fisicamente, com uma jogada aérea muito forte defensiva e ofensiva, e logicamente alguns jogadores que desequilibravam: o Júnior, muito técnico na esquerda, o Amoroso na frente, o Aloísio na proteção de jogo, o Danilo que fazia muitas vezes a volta do Júnior pelo lado, jogador além de técnico, dedicado ao time, Josué e Mineiro cobrindo tudo, Cicinho e o Júnior passando muito, e um trio de defensores que pelo alto ganhava tudo, acho que o Liverpool tinha cinco jogadores acima de 1,90m e nós nos sustentamos durante o jogo. Então eu acho que o mérito foi pelo encaixe, pela alma que esse time demonstrou durante todo aquele ano.
Táxi para pegar ônibus, “piriri” e festas na volta Acabou o jogo, acho que ficamos eu e o Amoroso dando algumas entrevistas, e eu queria muito trazer aquele carro para o Brasil, como recordação, como lembrança, mas nós não conseguimos, o patrocinador não permitiu, e nós alcançamos o ônibus no trajeto para o hotel, e eu de chuteira de trava ainda, descemos no asfalto, entramos no ônibus para comemorar com os companheiros, e aí chegamos no hotel. Tinha bastante são-paulinos, nós jantamos em um lugar mais privativo, e eu nem dormi. Eu lembro que nós embarcamos direto, eu comi salmão, passei mal na volta. A primeira parte da viagem, no lugar de passar na poltrona, passei no banheiro, praticamente. Mas tudo isso valeu muito a pena, nós demoramos um dia inteiro para chegar no Brasil, essa chegada nossa em São Paulo, que foi uma das coisas mais excepcionais, só comparado com aquela chegada da seleção, quando nós conquistamos o pentacampeonato. Foi uma festa incrível, que parou a cidade de São Paulo, acho que é uma das coisas que mais ficam na minha memória, é o trajeto do aeroporto de Guarulhos até o estádio do Morumbi, quase 12 horas a gente em cima de um caminhão, uma festa que foi espetacular.
Recado para o são-paulino Quero mandar um abraço para toda a nação são-paulina, a gente mais longe agora, Fortaleza, mas se enfrentando, Fortaleza x São Paulo, mais se enfrentando do que estando junto, mas o meu carinho, o meu agradecimento eterno, por tudo o que eu pude viver nesses 25 anos, como atleta desse clube, maior orgulho. Quero mandar um abraço para os companheiros, tenho certeza de que todos estão assistindo nesse momento, e dizer que cada um deles teve uma importância vital para a construção desse título. Saudações tricolores, para os dois lados.
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