Miranda volta? Cavani é viável? E Igor Gomes no Real Madrid? Raí e Pássaro abrem o jogo no São Paulo

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GloboEsporte

 Eduardo Rodrigues, Leandro Canônico, Leonardo Lourenço e Marcelo Hazan

Em entrevista exclusiva, dirigentes do Tricolor ainda tiram dúvidas sobre Antony, vendido ao Ajax

Raí, diretor executivo de futebol, e Alexandre Pássaro, gerente executivo, abriram o jogo sobre o que tem rolado nos bastidores do São Paulo neste período de paralisação do futebol por conta da pandemia do novo coronavírus. Assista a um resumo no vídeo acima.

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Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, os dirigentes do Tricolor explicaram a especulação em torno do uruguaio Cavani, do Paris Saint-Germain, e abriram as portas do São Paulo para um possível retorno de Miranda – o zagueiro está no chinês Jiangsu Suning, com o qual tem contrato até julho de 2021.

Além disso, Raí e Pássaro falaram da possibilidade de Antony, já negociado com o holandês Ajax, ficar mais tempo no São Paulo e também do interesse do espanhol Real Madrid em Igor Gomes.

Abaixo é possível escutar o bate-papo completo com Raí e Pássaro no podcast GE São Paulo, incluindo as críticas do diretor de futebol do São Paulo ao presidente Jair Bolsonaro e também o posicionamento em relação à discussão do retorno do futebol em meio à pandemia.

Leia a entrevista:

GloboEsporte.com: uma das consequências desta pandemia é a crise financeira. No caso do Daniel Alves, havia um acordo com ele para, a partir de abril, começar o pagamento de parcelas semestrais do salário, com ajuda de parceiros. Houve uma renegociação?
Raí: 
– O Daniel Alves teve papel ativo para entender o momento. Ele tem esse acordo, tem a possibilidade de o clube ter uma receita com a imagem dele. Ele também abriu mão de muita coisa, de receber, de salários dele, para colocar mais à frente, para viabilizar o negócio. Você tem um acordo geral e, dependendo das condições, que os jogadores estão entendendo, a gente vai ver caso a caso. E não é só ele, tem outros casos diferentes.

O Campeonato Holandês acabou, foi encerrado sem campeão, e o Antony iria agora no meio do ano. O Antony pode ficar mais tempo no São Paulo? Há conversas com o Ajax?
Alexandre Pássaro: 
–A gente precisa recapitular a história do Antony. Fizemos um esforço gigantesco para que a janela fechasse em janeiro, e o Antony não fosse vendido, por maior que fosse o esforço do Ajax. Fizemos questão de esperar a janela fechar para iniciar as negociações, não queríamos perdê-lo até o meio do ano. O Ajax queria o Antony em janeiro, e nós conseguimos, a duras negociações e a um custo alto, que ele ficasse conosco até junho. Neste ponto, infelizmente, a gente está perdendo dois meses que podia contar com ele dentro de campo, mas era uma coisa impensável.

– No dia 1º de julho, por contrato, o Ajax tem o direito de pedir a ida do Antony para Amsterdã. Se o Ajax entender que é mais importante para o Ajax e para o Antony que o atleta permaneça aqui por um tempo maior, por talvez o campeonato só começar em setembro, outubro, a gente não sabe, existe a chance que ele fique. Mas não é algo que a gente conta. A gente tem que respeitar o que está escrito.

– Temos conversado com o Ajax, mas eles também não têm a sinalização clara do que vai acontecer com eles. A gente vai esperar um pouquinho mais para que as coisas fiquem mais claras, que tanto a federação daqui como a de lá, elas desenhem um calendário um pouquinho mais realista, com mais certeza, para aí, com base em datas, a gente comece a negociar e falar com eles.

Vocês já pensam em um substituto para o Antony?
Pássaro: 
– Acreditamos muito no nosso elenco, nas pessoas da posição, a gente conversa muito com o Diniz desde sempre, o Antony era uma perda iminente, que a gente conseguiu segurar o máximo que a gente pode. Mas é lógico que o São Paulo vai sempre olhar o mercado, vai estar atento a oportunidades. Não sabemos o que vai acontecer nas ligas por aí, talvez apareçam oportunidades com base no que as ligas decidirem. Não temos noção. Mas não estamos olhando grandes investimentos. A gente precisa partir deste pressuposto. Não estamos olhando neste momento. Não tem lastro para pensar nisso.

Raí: – Só para complementar, são os dois motivos. A realidade econômica, não só analisando internamente, mas a realidade do mundo, e também porque a gente confia bastante no nosso elenco e comissão técnica, e no resultado que esse trabalho está tendo. A gente vê uma constante evolução, com possibilidades diferentes, são jogadores que estavam contundidos e vão voltar… Tem muita coisa interna a ser explorada e que a comissão técnica, se mostrando competente, vai explorar e otimizar o máximo possível, o que a gente tem e como tem feito até aqui.

Como vocês reagiram à especulação do Cavani no São Paulo, depois da entrevista do Lugano na Argentina e do Fernando Diniz aqui no Brasil?
Raí: 
– Primeiro de tudo, contextualizar que qualquer possibilidade repercute muito mais num momento como esse, quando não está tendo jogo. O Lugano tem proximidade por ser da mesma nacionalidade, por ser amigo, por ter convivido bastante. A colocação é a seguinte: se tiver alguma possibilidade, o que é muito difícil, de o Cavani vir para a América do Sul, a possibilidade de o Cavani conversar com o Lugano, como já deve ter conversado muitas vezes, é gigante. Mas não precisa nem ter dúvidas, nesse momento o São Paulo não pensa e não tem condições. E acredita muito no elenco.

Pássaro: –Tem que lembrar que a entrevista do Lugano foi retirada de contexto. Foi uma entrevista a uma rádio argentina, e a rádio perguntou a ele se existiria a possibilidade de o Cavani ir para o Boca Juniors. O que o Lugano disse foi: “Olha, se houver essa possibilidade de ele vir para o Boca, com certeza antes eu vou forçá-lo a ir para o São Paulo”. Ele não disse que o Cavani estava vindo, se estava negociando. Isso foi tirado de contexto.

– Quando o Fernando Diniz foi perguntado se seria possível, ele respondeu que não era uma utopia. Desde a contratação do Ronaldo existem contratações no futebol brasileiro que muita gente não acredita no início, e depois ela se viabiliza. Mas acho que a grande diferença, o que a gente tem que deixar muito claro, é que no momento não existe nada.

Lugano e Cavani em ação pela seleção do Uruguai — Foto: Getty Images

Lugano e Cavani em ação pela seleção do Uruguai — Foto: Getty Images

E qual a possibilidade de o São Paulo repatriar o Miranda, já que o contrato dele na China vence no ano que vem?
Pássaro: 
– O Miranda é um cara muito querido, completamente inserido no ambiente são-paulino. Ele tem o São Paulo e as pessoas como uma extensão da família dele, a gente pode comprovar… A gente estava na Florida Cup ano passado e ele foi nos visitar. Ele estava no Brasil um pouco antes de a gente parar, e ele foi nos visitar. É um cara que está toda hora em contato.

– Claro que tudo que o São Paulo faz, até como obrigação da instituição, é deixar as portas abertas. O que o Miranda tem hoje no São Paulo é a mesma coisa que o Lucas Moura tem e a mesma coisa que o Hernanes tinha, são as portas abertas. Não se esqueçam que aqui é a casa de vocês, que o dia que vocês quiserem voltar, se houver a possibilidade financeira, de elenco, vocês estarão muito mais que bem-vindos.

– Casos como Miranda, Lucas Moura, Hernanes, são praticamente unanimidades. Independentemente de quem seja o técnico, quem seja o analista, o presidente, são unanimidades. É o que aconteceu com o Raí em 1998. Ele tinha saído e voltou ao São Paulo porque a todo momento em sua passagem pela França você teve as portas abertas para voltar, e quando pôde voltar já voltou e, em uma semana, já ganhou um título para a gente.

Raí: – Eu, que não conhecia o Miranda, é impressionante o amor do Miranda pelo São Paulo, como ele se sente em casa, é realmente impressionante. Aproveito para falar bem dos nossos zagueiros, que têm uma qualidade gigantesca, quem não gostaria de ter Arboleda, Bruno Alves, o Anderson Martins, o Walce, entre outros zagueiros?

Miranda em conversa com os dirigentes Raí e Alexandre Pássaro — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Miranda em conversa com os dirigentes Raí e Alexandre Pássaro — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Aproveitando que o Anderson Martins foi citado, vão renovar o contrato dele?
Alexandre Pássaro: 
– Não tínhamos começado nenhuma conversa, e agora não é o momento, mas é um jogador que já foi muito útil, que tem qualidade gigantesca, que vai ser útil ainda pelo São Paulo.

Jornais da Espanha noticiaram que o Real Madrid acompanha o Igor Gomes. Tem algo?
Raí: 
– Que eu saiba, não. Não sei se alguém do Real Madrid ligou para o Pássaro…

Pássaro: – Raí, é mais fácil perguntar para eles (repórteres). Às vezes eles sabem mais do que a gente… (risos)

Raí: – É verdade… O que a gente pode falar hoje é que (o Igor Gomes) é um jogador que está despertando a atenção dos clubes europeus. Mas não teve nenhum contato oficial. É uma realidade que ele está despertando interesse, já falei com amigos europeus, que comentam, mas é só isso.

Pássaro: – Não houve nenhuma aproximação oficial por parte do Real Madrid, nem de qualquer outro clube. O que a gente sabe é que o Real Madrid conhece e segue o Igor, assim como com certeza segue muitos outros jovens talentos ao redor do mundo, inclusive do nosso próprio elenco. Inclusive pela possibilidade de o Igor conseguir nos próximos seis meses, talvez, um passaporte português, o que não gastaria uma vaga de jogador estrangeiro em clube europeu. Mas não há nada encaminhado.

Cobra-se que os jogadores formados no clube deem retorno esportivo, ou seja, títulos. O Antony já não vai ser possível, tem o Igor Gomes despertando olhares. É um desafio do São Paulo equilibrar as contas e dar retorno esportivo com um grande craque feito no clube?
Raí: 
–Sem dúvida. O retorno esportivo é algo difícil de equilibrar. Por isso uma política… Hoje o São Paulo é dos clubes da Série A, um dos clubes que mais tem jogadores da base no elenco profissional. Quando pega quantidade grande de jogadores, vai ter que se desfazer pela realidade do futebol brasileiro, a gente tem que se adaptar. Mas essa política que o São Paulo tem como tradição, mas que nos últimos anos tem um número bem importante no elenco, com certeza muitos deles vão dar retorno esportivo, não todos, infelizmente.

Juanfran tem contrato até o final deste ano. O São Paulo vai renovar com ele?
Pássaro: 
– O Juanfran me ligou esses dias, ele não tinha assunto e depois de uns dois três minutos na linha eu falei para ele: “Fala Juan, o que você quer falar?” Ele falou: “Não, só estou ligando para a gente ficar uns 15 minutos juntos, porque eu estou há 30 dias só com a minha esposa e filhos falando espanhol. E eu não quero perder meu português, quero treinar com você”. Mas ele não perdeu nada do português.

– É um cara que se adaptou muito ao Brasil, no São Paulo é um cara que se identificou muito rápido, mas não podia ser diferente porque é um cara com coração maravilhoso, que se doa ao máximo pelo São Paulo, para as pessoas do São Paulo, para a instituição, para a história, e ele muito consciente que é e muito sabedor do conhecimento do futebol pela experiência que tem…

– Todos nós sabemos que o contrato dele termina no final do ano, mas que isso não é uma coisa que a gente corre risco. Com certeza o Juanfran nos ouviria, ou conversaria conosco para expor sobre querer ficar no São Paulo antes de pensar em qualquer continuidade na carreira dele. Então é uma coisa que não nos preocupa, é uma coisa que com certeza no segundo semestre nós vamos tratar com ele, com o Diniz, presidente, todo mundo. Mas ele gostou muito do Brasil. Quem sabe ele possa ficar mais tempo com a gente.

Raí: –Também falei com ele, ele mostra um carinho muito grande, entendendo a situação. Mostra um carinho muito grande pelo São Paulo, pelo Brasil e quando liguei, umas semanas atrás, falei: “Juan, acho que vai passar de dezembro, hein?!”. E ele: “Ah, é? Vai até janeiro? Vai até quando?”.

Juanfran apresenta novo uniforme do São Paulo ao lado de Bruno Alves — Foto: Divulgação

Juanfran apresenta novo uniforme do São Paulo ao lado de Bruno Alves — Foto: Divulgação

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3 COMENTÁRIOS

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