GloboEsporte
Marcelo Hazan
Pedro Campos detalha trabalhos dos jogadores durante a quarentena, diz quanto tempo seria ideal para recondicionamento dos atletas e monitora retorno do Campeonato Alemão.
De três a quatro semanas. Esse seria o período ideal para os jogadores do São Paulo e de outros clubes se recondicionarem antes da volta das competições, na visão de Pedro Campos, um dos preparadores físicos do clube.
Esse prazo, inclusive, é consenso entre preparadores físicos dos times da elite do Paulistão, segundo Pedro Campos.
Durante a pandemia de Covid-19 eles montaram um grupo de WhatsApp, no qual trocam experiências e ideias. A intenção, inclusive, é que todos os times do estadual retornem aos trabalhos em uma data parecida. A Federação Paulista enviou protocolo aos clubes com detalhes sobre o eventual retorno.
Preparador físico Pedro Campos (direita) acompanha treino de Bruno Alves no São Paulo — Foto: Divulgação / São Paulo FC
O último jogo do São Paulo antes da paralisação foi no dia 14 de março, quando venceu o clássico com o Santos por 2 a 1. Desde então se passaram dois meses e meio.
– É bem preocupante (pelo tempo sem jogar). Temos conversado com os preparadores do Paulista. Temos tentado organizar entre três a quatro semanas de preparação para voltar o campeonato, com muito cuidado no retorno. Por mais que os jogadores estejam treinando, não são atividades específicas para o futebol – disse Pedro Campos, em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com.
– Mesmo que faça um circuito de atividade, uma aceleração ou desaceleração, a intensidade é muito maior. No retorno precisa ter muito cuidado pelo tempo excessivo (de paralisação). Nas férias é menos tempo e sempre fazem um futevôlei, um jogo festivo. O tempo passa mais rápido. É uma nova pré-temporada. Se o atleta está treinando na esteira, em apartamento ou em outra superfície não tem contato com chuteira e grama. É um período em que teremos de ter cuidado – explicou.
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Durante a quarentena, a comissão técnica do São Paulo tem passado treinamentos aos 28 jogadores de linha e quatro goleiros do elenco. Pedro Campos explica que há trabalhos comuns a todos e outros individualizados.
A cada semana, a comissão de Fernando Diniz envia o treino aos jogadores. O trabalho é explicado por meio de vídeos, animações, fotos ou apresentações. O clube monitora individualmente os resultados por meio de conversas.
Antony, do São Paulo, treina em casa
Pedro Campos e Wagner Bertelli são os responsáveis pela preparação física do elenco. Eles, Fernando Diniz e os outros integrantes da comissão técnica também têm feito reuniões virtuais em intervalos que variam entre uma semana e 15 dias.
– Esse nosso contato semanal é importante para isso. Treinou segunda, terça e na quarta está dolorido, na quinta faz um dia “off”. Na sexta retoma mais forte, no sábado mais leve e no domingo “off” de novo. Por mais que as atividades não sejam específicas de futebol, podem ser intensas. Temos controlado, e esse nosso contato é fundamental. A melhor maneira é a comunicação. Eles nos falando tem mais valor do que um “print” de uma tela com um número.
– (A cobrança) é de cada um, e o grupo ser bom e profissional é fundamental. Há um desgaste menor. A cobrança deles é interna mesmo. O Diniz tem falado periodicamente por telefone individualmente. A fala do treinador é mais pesada. Ajuda bastante. Temos contato direto com o Diniz e estamos nos falando bastante – disse.
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Por causa das limitações de espaço e convivência com familiares em casa, alguns dos treinos são adaptados de acordo com a estrutura que o atleta tem à disposição.
– Tem atleta em casa, apartamento, condomínio. Teve quem alugasse esteira. É um universo bem diferente. No começo, eles começaram a nos procurar. Nosso grupo é muito bom de treino. “Fiz isso hoje. O que faço amanhã? Fiz dois períodos hoje. O que faço amanhã?”. Aconteceu muito de envolver a família. Alguns treinaram com esposa, que é acostumada a fazer crossfit.
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Alerta alemão
O preparador físico do São Paulo disse estar atento ao retorno do Campeonato Alemão, no qual houve uma série de lesões. Ele inclusive pediu ao setor de análise de desempenho as imagens das partidas.
– Algumas foram por trauma, que acho que tem a ver com esse tempo enorme parado, e aí perdem o tempo de bola, de jogo. É mais nesse sentido de não estar acostumado novamente com as partidas e chegar atrasado nos lances. As musculares também podem ter acontecido por esse fato, mas é difícil julgar. Lesões acontecem. Prevenir é muito difícil. São muitos fatores: treinamento, descanso, alimentação, se tem lesão prévia é muito comum ter uma nova lesão.
A intensidade dos treinos do técnico Fernando Diniz será avaliada em conjunto com a comissão. O treinador costuma cobrar muito dos jogadores a pressão a todo momento, principalmente logo após a perda da bola.
– É bom estar esperto, porque o treino do Diniz é muito forte e estão há muito tempo parados. Vamos sentir como vão estar. Essa proximidade é muito importante. Acredito muito nisso: estar próximo aos atletas, preparador com parte técnica e vai norteando as cargas de treino. Mas o sentimento do atleta é importante. A sensação da carga: às vezes faz uma carga alta e está bem, às vezes faz 80% e está muito cansado. É um trabalho constante.
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