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Marcelo Hazan
Seis dirigentes são contrários à coalizão encabeçada por Julio Casares.
Seis ex-diretores ou antigos vice-presidentes de futebol do São Paulo que participaram das gestões do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, apoiam o grupo político contrário ao do mandatário, que tem Julio Casares como representante. Leco não poderá disputar a reeleição.
Marco Aurélio Cunha (pré-candidato), Vinicius Pinotti, Luiz Antônio da Cunha, José Alexandre Médicis, José Jacobson Neto e Rubens Moreno (veja abaixo os respectivos cargos) foram diretores ou vice-presidentes de futebol desde o início da “era Leco”, em outubro de 2015, e são contrários à coalizão de Julio Casares.
Marco Aurélio Cunha, Roberto Natel (vice-presidente rachado com Leco) e Sylvio de Barros são pré-candidatos em uma prévia para definir o representante do grupo de oposição. Não há uma data fechada, mas essa convenção poderá acontecer em julho.
Gustavo Vieira de Oliveira, Ataíde Gil Guerreiro (expulso do Conselho Deliberativo) e Raí (atual executivo) completam os dirigentes do futebol da “era Leco”. Os três estão fora desse processo eleitoral, assim como Alexandre Pássaro (atual gerente).
Mesmo dirigentes com cargos políticos na atual diretoria estão divididos. Fernando Bracalle Ambrogi, o Chapecó, diretor associado de futebol com participação no departamento, apoia Casares.
Por outro lado, José Carlos Ferreira Alves, diretor adjunto de futebol que não frequenta o dia a dia do CT da Barra Funda, é aliado de Marco Aurélio Cunha. Ele desistiu de concorrer à presidência do Conselho Deliberativo pela oposição.
Um novo nome nessa disputa no Conselho é Marcelo Marcucci Portugal Gouvêa, filho do ex-presidente Marcelo Portugal Gouvêa.
Diretores de futebol da “era Leco” estão no lado político oposto ao do presidente na eleição do São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
Essa mistura política divide o São Paulo dentro da própria diretoria, na qual há dirigentes, com cargos na gestão de Leco, que estão contra Casares. Tudo isso torna mais confuso o conceito de “situação” e “oposição” na disputa eleitoral.
Julio Casares e Leco são do mesmo partido no São Paulo, o “Participação”, inserido em uma coalizão de oito grupos de olho na eleição. Ou seja, apesar de estar fora da disputa eleitoral, Leco está no lado político de Julio Casares. Mas ele não articula apoio nos bastidores, pois Casares não é o seu candidato preferido.
Ainda assim, Leco endossa o nome definido pela sua base de sustentação política. É uma forma de retribuir o apoio dos partidos que estiveram com ele desde o início.
Veja abaixo os dirigentes do futebol da “era Leco” que hoje estão na oposição:
Marco Aurélio Cunha – executivo de futebol de setembro de 2016 a janeiro de 2017
É conselheiro? Sim
Marco Aurélio aceitou quase um emprego temporário. Licenciou-se da CBF e participou da recuperação do São Paulo, ameaçado de rebaixamento no Brasileirão de 2016.
Em janeiro, ele voltou para a coordenação de seleções femininas da CBF. Como a eleição seria em abril, Leco não contratou um novo executivo.
Em 2020, Marco Aurélio Cunha saiu da função de coordenador de seleções femininas. Ele é um dos pré-candidatos à presidência pela oposição e conselheiro vitalício.
Marco Aurélio Cunha, Leco e Wellington Nem no CT da Barra Funda, em 2016 — Foto: Reprodução/Twitter
Vinicius Pinotti – executivo de futebol de abril a dezembro de 2017
É conselheiro? Não
Leco escolheu Vinícius Pinotti como executivo de futebol, manobra que gerou críticas no clube, e Chapecó como adjunto. Isso porque o estatuto determinava profissionais de notório conhecimento em cada área. Pinotti saiu do marketing para o futebol.
Pinotti e Leco entraram em atrito nos bastidores por diferentes motivos, e o dirigente saiu do clube no fim de 2017. No atual processo eleitoral, Pinotti apoia a oposição e pretende se candidatar a uma vaga de conselheiro do São Paulo.
Leco e Vinicius Pinotti no CT da Barra Funda, do São Paulo, em 2017 — Foto: Marcelo Hazan
José Alexandre Médicis – vice de futebol de junho de 2016 a abril de 2017
É conselheiro? Sim
O conselheiro fez parte do mandato tampão de Leco. Ele é mais um dos dissidentes políticos da situação que está contra a coalizão de Casares e apoia a oposição.
Apesar de estar em lado político contrário ao do presidente, Médicis tem boa relação com Leco.
Médicis foi vice de futebol do São Paulo na gestão Leco — Foto: saopaulofc.net
José Jacobson Neto – diretor de futebol de junho de 2016 a abril de 2017
É conselheiro? Sim
O conselheiro estava ao lado de Médicis na gestão do futebol no mandato tampão de Leco. Ele é assessor especial de relações institucionais do São Paulo e participou, por exemplo, do processo que prorrogou a concessão do CT da Barra Funda por mais 20 anos. Sua atuação diminuiu após a entrada de Lugano como diretor de relações institucionais. Sua atividade é mais ligada ao poder público.
Politicamente, Jacobson é próximo a Médicis e José Carlos Ferreira Alves. Os três são aliados de Marco Aurélio Cunha e são contrários a Casares.
Jacobson disse que sua oposição é específica a Julio Casares e Olten Ayres (candidato à presidência do Conselho Deliberativo), e não a Leco.
Gustavo Vieira, José Jacobson Neto, Leco e Medicis — Foto: Juca Pacheco / saopaulofc.net
Luiz Antônio da Cunha – diretor de futebol de março a junho de 2016
É conselheiro? Não
Ex-dirigente na base, Luiz Cunha assumiu o futebol em 2016, no lugar de Ataíde Gil Guerreiro. Depois de alguns meses, ele saiu após discordar de Gustavo Vieira de Oliveira no investimento para contratar Cueva sem antes garantir a compra do zagueiro Maicon, à época emprestado.
Luiz Cunha não é conselheiro do São Paulo, mas tem participado de reuniões políticas dessa frente ampla de oposição. Nessa eleição, está contra Casares e Leco.
Luiz Antônio da Cunha foi diretor de futebol do São Paulo e apoia a oposição nesta eleição — Foto: LEANDRO MARTINS/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Rubens Moreno – diretor de futebol de outubro de 2015 a março de 2016
É conselheiro? Sim
O conselheiro entrou no departamento como diretor, ao lado de Ataíde Gil Guerreiro (vice) e Gustavo Vieira (executivo), após a primeira eleição de Leco, em outubro de 2015.
Em março de 2016, Rubens Moreno saiu da diretoria de futebol ao lado de Ataíde. Pivô da renúncia do ex-presidente Carlos Miguel Aidar, Ataíde foi conduzido ao cargo de diretor de relações institucionais.
Recentemente, Rubens Moreno e mais cinco conselheiros (sendo cinco vitalícios) se desfiliaram do “Vanguarda”, partido político de situação e que apoia a coalizão de Casares. Desses seis conselheiros, a articulação política de Julio Casares contava com quatro votos na eleição.
Rafael Palma, atual diretor de estádio e que pretende se candidatar ao Conselho, também deixou o grupo. Essas sete pessoas migraram de lado nesse processo eleitoral, com representante ainda indefinido.
Moreno tem melhor relação pessoal com Roberto Natel entre os três pré-candidatos dessa frente ampla de oposição.
Rubens Moreno foi diretor de futebol do São Paulo entre 2015 e 2016 — Foto: site oficial / saopaulofc.net
A cronologia do comando do futebol Tricolor:
- Outubro/2015: Leco assume, demite José Eduardo Chimello, contratado por Carlos Miguel Aidar, e contrata Gustavo para trabalhar com Ataíde;
- Março/2016: Ataíde deixa a vice-presidência de futebol, e Leco escolhe Luiz Cunha para ser diretor;
- Junho/2016: Luiz Cunha pede demissão por discordar do investimento na contratação de Cueva. Dias depois, Leco anuncia Médicis na vice-presidência e Jacobson na diretoria;
- Setembro/2016: sob pressão de torcida e Conselho, Leco e Gustavo chegam a acordo pela saída do executivo. Marco Aurélio Cunha é contratado como substituto;
- Dezembro/2016: Marco Aurélio volta para a CBF e deixa o São Paulo;
- Abril/2017: Leco ganha eleição e coloca Pinotti como executivo de futebol. Seus adjuntos são Médicis, José Carlos Ferreira Alves e Chapecó;
- Dezembro/2017: Pinotti se antecipa à demissão e pede para sair. Leco pede que Chapecó fique;
- Dezembro/2017: Raí assume o departamento.
Conselho Deliberativo do São Paulo vai eleger novo presidente em dezembro — Foto: Marcos Ribolli
Na eleição são-paulina, os sócios escolhem os conselheiros (serão 100 eleitos neste ano). Esses, depois de eleitos, votam para decidir o novo presidente.
Cenário no Conselho Deliberativo
Hoje, o Conselho Deliberativo do São Paulo tem 224 cadeiras preenchidas do total de 240. Os 16 lugares vazios são de conselheiros vitalícios que morreram ou abriram mão das vagas para seguir com cargos remunerados na gestão.
O cenário atual, portanto, é o seguinte:
- 240 cadeiras no total;
- 224 cadeiras preenchidas;
- 144 conselheiros vitalícios (de um total de 160 vagas);
- 80 conselheiros eleitos.
Está aberta uma eleição para preencher dez vagas de conselheiros vitalícios. O estatuto do clube determina escolha de novos vitalícios quando há dez lugares vazios, por morte ou renúncia ao cargo. O processo está interrompido por causa da pandemia de Covid-19.
Antes de o São Paulo eleger um novo presidente, em dezembro, haverá eleição no Conselho Deliberativo, em novembro. Por uma mudança no estatuto, as atuais 240 cadeiras passarão a 260 no total. O quadro renovado deverá ser o seguinte:
- 260 cadeiras no total;
- 254 cadeiras preenchidas (as seis vagas abertas serão completadas caso outros quatro conselheiros vitalícios morram ou renunciem, totalizando mais dez lugares vazios para que seja feita uma nova eleição de vitalícios);
- 154 conselheiros vitalícios (de um total de 160 vagas);
- 100 conselheiros eleitos (aumento de 20 integrantes).
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