UOL
José Eduardo Martins, Pedro Lopes e Ricardo Perrone
Quando o governador João Doria anunciou, na quarta-feira, que só liberará os treinamentos em São Paulo a partir do dia 1º de julho, a Federação Paulista de Futebol ensaiou uma resposta enérgica. Em uma nota oficial, a mais dura de todo o processo de negociações pela volta do futebol no estado, a entidade falou em “profissionais impedidos de trabalhar, sem explicação plausível e científica”, e marcou uma reunião com todos os clubes para debater uma reação. No dia seguinte, entretanto, a reunião foi adiada sem nova data e um novo comunicado emitido – a postura foi encarada pela maioria dos clubes como uma mudança de tom, e recebida com surpresa.
Clubes e FPF vem mantendo reuniões há meses, buscando alternativas para uma retomada segura das atividades em meio à pandemia do novo coronavírus. O tom entre cartolas, na semana passada, passou a ser de otimismo, com expectativa de retorno para esta semana, frustrada pela decisão do Governo do Estado.
Essa frustração era palpável na primeira nota publicada pela Federação. Além de agendar a reunião e falar que os profissionais o futebol estavam impedidos de trabalhar sem justificativa apoiada pela ciência, o comunicado falava também em “estranheza” com a decisão.
Enquanto isso, nos bastidores, pessoas ligadas à entidade mantinham contato com os clubes. Dirigentes de diversos participantes da Série A1 do Paulistão afirmaram ao UOL Esporte terem sido contatatos por pessoas da FPF com orientação para que realizassem os testes para covid-19 o quanto antes, visando estarem preparados para caso uma alternativa para antecipar a retomada fosse encontrada – alguns deles chegaram a usar o termo “pressão”.
Os cartolas afirmaram à reportagem que chegaram, inclusive, a debater com funcionários da FPF regras trabalhistas que pudessem dar margem a uma interpretação que permitisse a retomada de treinamentos sem o aval expresso do governador. Dentre os clubes, a temperatura variava entre os que pregavam respeitar a decisão, os que admitiam que equipes treinariam escondidas e os que falavam até em buscar uma liberação junto ao Poder Judiciário.
Na quinta-feira, o tom foi diferente. Em um segundo comunicado, a FPF anunciou o adiamento da reunião, sem nova data. Embora a nota afirme que o adiamento foi uma decisão conjunta de clubes com a entidade, diversos dirigentes de clubes da capital e do interior mostraram surpresa com a decisão, e confirmam que, um dia antes, a ideia era buscar alternativas, dentro da legalidade, para tentar reverter a decisão do Governo do Estado.
A segunda nota fala em adiamento da conversa para “haja tempo hábil de análise técnica do Protocolo de Segurança definido pelo Governo do Estado para a retomada dos treinamentos no dia 1º de julho”. Para dirigentes de seis participantes do Paulistão, o adiamento aconteceu para evitar passar ao Governo do Estado uma ideia de revolta ou desobediência – eles afirmam, entretanto, que não foi informado um motivo oficial para o cancelamento. Procurada pela reportagem, a FPF afirmou apenas que sua posição é e sempre foi a de respeitar as orientações das autoridades estaduais.
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