GE Divide Tela: Bruno Alves, do São Paulo, conta casos de racismo “no subconsciente das pessoas”

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GloboEsporte

André Hernan

Em meio a protestos por morte de George Floyd, zagueiro acredita que mudança deve partir dos governantes e da população; assista à entrevista.

Bruno Alves, do São Paulo, recebeu malas para carregar de uma desconhecida em um resort durante as férias e foi seguido por seguranças em farmácias e supermercados quando usava gorro e moletom.

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Aos 29 anos, o zagueiro titular do time de terceira maior torcida do Brasil afirma sofrer menos com racismo atualmente, mas diz acreditar que toda a população tem relatos desse tipo. Em entrevista ao “GE Divide Tela”, do GloboEsporte.com, ele detalhou alguns casos que viveu.

Nos Estados Unidos, uma onda de protestos começou motivada pelo assassinato do norte-americano George Floyd, um homem negro de 46 anos, por um policial chamado Derek Chauvin em Minneapolis. Há dias a população tomou as ruas em um movimento que se expande por outros países, como por exemplo França e Inglaterra.

– Particularmente sofri racismo. Em alguns lugares nos quais você vai as pessoas te olham diferente. Aconteceu de estar com a minha família em um resort numas férias e estava esperando o Henry (seu filho) para brincar na porta desse resort. Daí chegou uma mulher, deu a mala para eu carregar e disse: “Meu quarto é esse”. Aí eu falei: “Não, moça, não trabalho aqui”, e ela pediu desculpas. Então você vê que algumas coisas estão no subconsciente de algumas pessoas – disse Bruno Alves.

– Lógico que torcemos para isso mudar e tem que ser tomada medidas para que isso não possa ocorrer, o fato de acontecer isso no mundo inteiro. Sofremos, mas hoje é menos. Acredito que toda população tem algum relato de que tenha sofrido racismo – completou.

Bruno Alves em treino no São Paulo antes da pandemia — Foto: Marcelo Hazan

Bruno Alves em treino no São Paulo antes da pandemia — Foto: Marcelo Hazan

Bruno Alves espera que a repercussão do caso George Floyd ajude de alguma maneira a conscientizar as pessoas a melhorarem.

– Gosto muito de usar moletom. É mais confortável. Às vezes você coloca toca e entra numa farmácia ou supermercado. Pelo fato de você ter a pele talvez mais escura o segurança já começa a te seguir. Daí eu tiro a touca, eles veem e param. São coisas cotidianas do dia a dia – disse.

– Muitas vezes a minha esposa fica indignada quando acontece isso. A gente também. Só que não tem como… Você vai tomar uma atitude e às vezes fica até sem jeito, porque você vê que em algumas pessoas está no subconsciente. Então torcemos para que esse caso venha para mudar o pensamento e as atitudes no dia a dia. Só mudando as atitudes no dia a dia podemos construir um mundo melhor.

O zagueiro diz que o exemplo deveria vir de cima, dos governantes, e que a população também tem parcela de responsabilidade.

– Ter mais afinco e ser mais rigoroso contra o racismo. Você vê em alguns lugares acontecer racismo e o pessoal nem ligar, não julgar. Acho que as pessoas tem, sim, de responder pelo crime de racismo, ser mais rigoroso para consequentemente diminuir esse fato. Já vem da história antiga, mas podemos, sim, fazer diferente, cada um no seu dia a dia melhorar para que no futuro isso não pertença a nós.

Pai de dois filhos (Henry e Helena), Bruno Alves falou do receio de voltar aos treinamentos em meio à pandemia de Covid-19. Não há data para o São Paulo retomar as atividades, pois o clube está respeitando as orientações das autoridades de saúde.

O estado de São Paulo está sob decreto de quarentena e é o epicentro da crise no país, com mais de 120 mil casos e 8 mil mortes.

– É difícil porque tem muita dúvida sobre a Covid. Realmente para algumas pessoas pode ser que se manifeste mais fraco. Às vezes pode ter contato com o vírus e ter só um resfriado. O problema é quando você passa para outra pessoa. Como esse vírus vai chegar no corpo de outra pessoa? A Helena (filha) fez seis meses ontem (quarta-feira). Começou introdução alimentar. O Henry tem três anos e pegou H1N1 faz três meses. Então é difícil, né? Como esse vírus chega no corpo de uma criança? Da minha esposa? É uma incógnita. Dá uma preocupação, sim, e temos de prezar primeiramente pela saúde sempre.

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