Memórias de uma paixão: Emerson Urbano revia o tempo todo a defesa de Ceni na falta de Gerrard

74

GloboEsporte

Em parceria com o Memorial Inumeráveis, o GloboEsporte conta histórias e homenageia torcedores apaixonados por seus clubes que foram vítimas da Covid-19.

Esqueça aquele lance de paixão de pai para filho. A paixão do Emerson pelo São Paulo foi de mãe para filho mesmo. Dona Gerturdes foi só o início dessa jornada.

Uma relação que começou no berço e foi moldada entre as traves. No futsal, ele era o goleiro do Dínamo, do Bairro da Liberdade. Era como se levasse para a própria história, a história do seu maior ídolo – e nem os 10 pinos que teve de colocar no tornozelo o afastaram das quadras.

Publicidade

“Os outros tem goleiro, só nós temos Rogério”.

Emerson Urbano, torcedor do São Paulo — Foto: arquivo pessoal

Emerson Urbano, torcedor do São Paulo — Foto: arquivo pessoal

Mais que o gol do Mineiro, gostava de rever a defesa de Rogério Ceni na cobrança de falta de Gerrard. É como se cada vez que assistisse o ídolo ficasse ainda mais gigante tirando aquela bola.

Raí e Careca foram seus ídolos no ataque. Mas sempre preferiu a defesa. E sabia atacar com bom humor. Era o rei da zoeira. Nada o fazia mais sorridente do que uma vitória sobre o Corinthians. Tinha motivos para isso. Dois em especial: Manoel e Marcio – cunhado e primo, eram os corintianos preferidos na hora da zoação. Quando a coisa não dava certo pro lado dele, o jeito era fugir da dupla.

O gol de sua vida foi o centésimo de Rogério. E que prêmio, né? Logo em cima do Corinthians. Azar do cunhado!

Gostava de ver a camisa tricolor em evidência. Aos amigos, sempre se mostrou entusiasta da vinda de Daniel Alves e sentia falta de mais jogadores como ele vestindo a sua camisa.

Edilson, à esquerda, no seu lugar preferido: o Morumbi — Foto: Arquivo Pessoal

Edilson, à esquerda, no seu lugar preferido: o Morumbi — Foto: Arquivo Pessoal

Sim. A camisa era dele. Tinha um sentimento de posse por sua roupa preferida. Também tinha seu lugar preferido. No amplo Morumbi, ele gostava de ficar perto. O mais perto do gramado que podia. Em 2018, foi dali que viu um dos jogos que mais o marcaram. Dois do Reinaldo, e uma vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians.

Emerson Urbano, aquele são-paulino. Era quase como um sobrenome passado pela sua mãe. O goleiro que não foi um Rogério Ceni. Mas se realizou em ver Rogério Ceni. O número 1 que ficará pra sempre marcado na memória de quem te amou.

Relato escrito através do depoimento do amigo Edilson Isii.

LEIA TAMBÉM:

3 COMENTÁRIOS