Situação? Oposição? Mistura política do São Paulo divide gestão Leco de olho na eleição

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GloboEsporte

Marcelo Hazan

Integrantes com cargos na atual diretoria do Tricolor apoiam lado contrário ao do grupo político do próprio presidente, que não pode tentar reeleição em dezembro.

Diretores do São Paulo com cargos na gestão do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, apoiam o lado que hoje faz oposição ao grupo político do próprio Leco na eleição. O dirigente não poderá tentar a reeleição em dezembro.

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Embora tenham cargos na gestão Leco, José Roberto Canassa (diretor da base em Cotia), José Carlos Ferreira Alves (diretor adjunto de futebol) e Rafael Palma (diretor executivo de estádio) são contrários à coalizão que tem Julio Casares como candidato confirmado.

Eles estão ao lado de Marco Aurélio Cunha, Roberto Natel (vice-presidente rachado com Leco) e Sylvio de Barros, pré-candidatos a disputar uma prévia para tentar definir um representante desse grupo.

Mandato do presidente Leco termina em dezembro no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Mandato do presidente Leco termina em dezembro no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Canassa e Ferreira Alves (potencial candidato à presidência do Conselho Deliberativo numa eventual chapa com Marco Aurélio) são conselheiros. Palma deverá ser candidato a uma vaga no Conselho na eleição de novembro, motivo pelo qual abriu mão de remuneração desde abril.

Por outro lado, outros conselheiros que também têm cargos na gestão apoiam Casares. São os casos, por exemplo, de Fernando Bracalle Ambrogi, o Chapecó (diretor adjunto de futebol), Carlos Belmonte Sobrinho (diretor geral do clube social e que seria o substituto de Raí como executivo de futebol se o ídolo tivesse saído no fim de 2019) e Harry Massis Junior (secretário da presidência).

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Julio Casares e Leco são do mesmo partido no São Paulo, o “Participação”, inserido numa coalizão de oito grupos de olho na eleição. Ou seja, apesar de estar fora da disputa eleitoral, Leco está no lado político de Julio Casares. Mas ele não articula apoio nos bastidores, pois Casares não é o candidato preferido do atual presidente.

Ainda assim, Leco endossa o nome definido pela sua base de sustentação política. É uma forma de retribuir o apoio dos partidos que estiveram com ele desde outubro de 2015, quando substituiu Carlos Miguel Aidar após a sua renúncia sob denúncias de corrupção.

Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do São Paulo, e o ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do São Paulo, e o ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Outro exemplo da mistura política no São Paulo é o ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta. Candidato da oposição derrotado por Leco na última eleição, em 2017, ele ficou insatisfeito com o comportamento de apoiadores depois do pleito e nos últimos anos se aproximou do próprio Leco.

Atualmente, Pimenta é presidente do Conselho Consultivo, formado por ex-presidentes da diretoria e do Conselho Deliberativo. Nesse processo eleitoral ele articula a favor de Julio Casares.

Na contramão, os conselheiros José Alexandre Médicis e José Jacobson Neto, ex-vice e diretor de futebol da gestão Leco, respectivamente, hoje estão politicamente no lado oposto ao do presidente.

Diante de tamanha mistura política, o conceito de “situação” e “oposição” fica mais confuso nessa eleição de 2020.

Em meio à falta de títulos e à grave situação financeira do São Paulo, Leco perde força como cabo eleitoral. O processo político poderá ser marcado por uma espécie de afastamento dos candidatos ao seu nome.

Julio Casares, Roberto Natel e Marco Aurélio Cunha, nomes mais fortes para a disputa deste ano, apoiaram Leco na eleição passada.

Na eleição são-paulina, os sócios escolhem os conselheiros (serão 100 eleitos neste ano). Esses, depois de eleitos, votam para decidir o novo presidente.

Conselho Deliberativo do São Paulo vai eleger novo presidente em dezembro — Foto: Marcos Ribolli

Conselho Deliberativo do São Paulo vai eleger novo presidente em dezembro — Foto: Marcos Ribolli

Cenário no Conselho Deliberativo

Hoje, o Conselho Deliberativo do São Paulo tem 224 cadeiras preenchidas do total de 240. Os 16 lugares vazios são de conselheiros vitalícios que morreram ou abriram mão das vagas para seguir com cargos remunerados na gestão.

O cenário atual, portanto, é o seguinte:

  • 240 cadeiras no total;
  • 224 cadeiras preenchidas;
  • 144 conselheiros vitalícios (de um total de 160 vagas);
  • 80 conselheiros eleitos.

Está aberta uma eleição para preencher dez vagas de conselheiros vitalícios. O estatuto do clube determina escolha de novos vitalícios quando há dez lugares vazios, por morte ou renúncia ao cargo. O processo está interrompido por causa da pandemia de Covid-19. A quarentena no estado foi prorrogada inicialmente até o dia 28 pelo governador João Dória (PSDB).

Antes de o São Paulo eleger um novo presidente, em dezembro, haverá eleição no Conselho Deliberativo, em novembro. Por uma mudança no estatuto, as atuais 240 cadeiras passarão a 260 no total. O quadro renovado deverá ser o seguinte:

  • 260 cadeiras no total;
  • 254 cadeiras preenchidas (as seis vagas abertas serão completadas caso outros quatro conselheiros vitalícios morram ou renunciem, totalizando mais dez lugares vazios para que seja feita uma nova eleição de vitalícios);
  • 154 conselheiros vitalícios (de um total de 160 vagas);
  • 100 conselheiros eleitos (aumento de 20 integrantes).

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