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José Eduardo Martins
O São Paulo costuma ser elogiado por sua postura no mercado da bola. Na venda de Antony, a história não foi diferente. Segundo apurou o UOL Esporte, além do ganho esportivo, em três anos, o clube conseguiu aumentar o valor recebido pelo atacante em mais de 630% desde a primeira oferta feita pelo Ajax até a concretização da transação, em fevereiro.
Em 30 de outubro de 2017, quando Antony ainda era apenas uma promessa das categorias de base, os holandeses começaram a fazer as primeiras investidas. Em conversas a que a reportagem teve acesso entre empresários, agentes e representantes do Tricolor, surgiu uma oferta do Ajax de 3 milhões de euros por 50% dos direitos do garoto.
Na época, o clube não quis nem sequer abrir conversas com os holandeses, mesmo com o valor sendo considerado alto para um jogador que ainda não tinha experiência entre os profissionais. No ano passado, Antony despontou na conquista da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Com isso, as ofertas dos holandeses e de outros clubes europeus voltaram a chegar até o Morumbi. Ainda assim, a diretoria se manteve firme na recusa.
Ciente do interesse internacional, o Tricolor renovou o vínculo do garoto, aumentou a sua multa rescisória e o salário. O acordo que antes era válido até setembro de 2023 passou para junho de 2024. No fim da temporada, a situação ficou ainda mais complicada. O departamento de futebol era pressionado pelo financeiro para negociar um jogador — sendo que Antony era quem mais poderia render ao clube naquele momento. A ideia era ao menos faturar R$ 80 milhões com uma transação para reduzir o déficit anual.
Na época, ofertas na casa dos 18 milhões de euros (entre direitos e bônus) ainda não mudaram a postura do Tricolor. O clube preferiu esperar a janela de transferência fechar para, aí sim, sentar e negociar com os holandeses por 22 milhões de euros (entre direitos e bônus por metas atingidas). É preciso destacar que além da parte financeira, com a aposta em Antony o clube também teve um ganho esportivo e mais visibilidade (com o jovem sendo convocado para a seleção olímpica e ajudando na classificação para a Copa Libertadores deste ano).
Holandeses de olho no São Paulo Outro ponto que chama a atenção nesta história é a ligação do Ajax com o São Paulo. Em 2017, os holandeses já tinham feito proposta por Júnior Tavares e contratado David Neres. Nesta época, também já tentavam fechar com Antony e agora sondam Igor Gomes.
O interesse dos europeus pelos jogadores da equipe do Morumbi tem algumas explicações, passando até pelo trabalho de Marc Overmars. Diretor do Ajax desde 2012, o ex-jogador quis mudar e modernizar a estrutura do clube. Entre as suas iniciativas estava a adoção de uma postura mais liberal no mercado da bola. Com ele entre os executivos, o receio de contratar um brasileiro diminuiu. Além de acreditarem na qualidade dos jogadores formados pelo São Paulo, os holandeses se sentiram mais seguros em fazer negócio com o Tricolor paulista. De acordo com pessoas envolvidas nas transações, os holandeses são bem frios e com pouca paciência no início das transações.
Durante as tratativas, eles costumam se colocar em uma posição superior e até tentam outros caminhos. Geralmente, buscam informações com empresários para tentar achar o melhor preço. Quando a negociação já está aberta, o Ajax tem uma conduta justa e equilibrada. Mas o fato de confiar no trabalho desenvolvido pelo Tricolor conta pontos na hora de fechar uma contratação.
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