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O lateral-direito Daniel Alves, atualmente no São Paulo, e o ex-atacante Grafite, falaram hoje, durante um debate no fórum virtual WFS Live, sobre a importância de a sociedade tomar uma posição contra o racismo. “Acho que as pessoas estão esquecendo que antes de ser um jogador de futebol profissional ou atleta, são seres humanos. Devemos nos posicionar como seres humanos, e não como jogadores de futebol ou basquete, pensando que todas as vidas são importantes”, declarou Daniel Alves, em evento moderado pela apresentadora Glenda Kozlowski.
O lateral foi alvo de racismo algumas vezes durante a carreira e ficou marcado por comer uma banana atirada por um torcedor em jogo contra o Villarreal em 2014, quando ainda defendia o Barcelona. “Vamos realmente defender as causas porque, se não o fizermos, elas acontecem. É a mesma coisa que acontece quando há uma catástrofe em qualquer parte do mundo, todos se voltam e o problema desaparece”, opinou. O capitão da seleção brasileira na conquista do título da Copa América do ano passado considera que vivemos em uma sociedade egoísta e aposta na união de todos nessa luta.
“Continuarei incentivando grande parte da união dos povos, dos atletas. Tomo uma posição quando tenho que tomar uma posição, quando tenho que expressar minha opinião”, disse o camisa 10 do Tricolor paulista, que vê a necessidade do surgimento de uma consciência coletiva. “É uma questão mundial, todos têm que se unir, fazer uma defesa”, frisou. O lateral cobrou dos clubes e das entidades de dentro do futebol um maior ativismo e uma postura mais firme com as pessoas que cometem atos de racismo, e de outros órgãos.
“Sinto falta de uma união das federações no Brasil. Precisam deixar de ser egoístas, pensando nelas e nos benefícios que o esporte pode trazer, e começar a pensar naqueles que eles estão representando. Deveria se fazer valer todo o poder que o esporte tem”, afirmou. Por sua vez, Grafite reclamou da dificuldade encontrada pelos jogadores para realizarem ações conjuntas contra o racismo ou em prol de qualquer outra causa.
“É difícil se posicionar em um esporte que não é individual. O futebol é uma coisa muito política, é difícil para os jogadores se reunirem e realizarem um evento. Assim que o time começar a não jogar bem ou a perder, o jogador será culpado por isso. O futebol tem aquela parte política que limita os jogadores de tomar partido fora do campo”, criticou. Em 2005, em jogo pela Taça Libertadores, Grafite, então no São Paulo, recebeu ofensas racistas do zagueiro Leandro Desábato, então no Quilmes, que saiu de campo preso. Na visão do ex-atacante, fica mais fácil se posicionar depois de se tornar um jogador consagrado.
“Quando eu comecei, eu não tinha a autonomia que tenho hoje. Quando você é um jogador dedicado, é mais fácil para nós nos posicionarmos. Mas para aqueles que estão começando e ainda não têm um nome, é difícil. Estou falando dentro do futebol, em outros esportes eu não tenho conhecimentos gerais”, declarou o comentarista de televisão, que espera que os protestos que vêm acontecendo mundo afora surtam efeito. “Agora, com os movimentos que ocorreram ao redor do mundo, a luta contra o racismo vai ser mais igualitária. A janela se abriu, e acho que não vai mais fechar”, concluiu.
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