GloboEsporte
Atletas relataram atrasos nos vencimentos do último mês e redução no pagamento.
O gerente executivo de futebol do São Paulo, Alexandre Pássaro, pretende resolver a questão salarial dos jogadores do São Paulo até a próxima semana, quando o Tricolor volta a disputar o Campeonato Paulista.
Desde março, início da paralisação das competições por conta da pandemia do novo coronavírus, o clube reduziu o salário dos atletas em 50% dos que recebem em carteira (CLT), mantendo um mínimo de R$ 50 mil por mês. Não houve acordo formal com os jogadores, e o clube fez uma redução unilateral, desagradando boa parte dos profissionais.
– A gente teve uma conversa com alguns líderes, para tentar estabelecer um acordo, mas, naquele momento, eles preferiram não fazer, porque a gente não sabia quanto tempo iria demorar. Eu mesmo achei que seria coisa de um mês, 45 dias, 60 mas acabou sendo mais do que isso, infelizmente. A partir do momento que a gente viu aquela dificuldade do tratamento online, das pessoas estarem juntas ao mesmo tempo e um por por vez falar em uma reunião de grupo fica difícil. A gente combinou: “Assim que vocês voltarem a gente fala” – afirmou Pássaro ao canal Arnaldo e Tironi, nos jornalistas Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi.
– Lá em Cotia, a gente estava 24 horas por dia juntos. Foi um período muito importante, nós alinhamos muito bem as coisas. Não é uma questão que nos preocupa, nunca nos preocupou, mas agora a gente se confirma que não preocupa. Provavelmente na semana que vem nós vamos terminar de formatar esse acordo, que com certeza será muito bom para o São Paulo e muito bom para os jogadores – acrescentou.
Alexandre Pássaro, gerente de futebol do São Paulo, em entrevista coletiva — Foto: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO
No final do mês passado, o GloboEsporte.com recebeu relatos de atrasos e de que não foram pagos a todos em junho os 50% na CLT previstos no início da pandemia. A reclamação de alguns jogadores é de que o pagamento feito corresponde a 20% dos salários na carteira. Outros apontam não ter recebido nada no mês passado.
Diante dessa insatisfação, o diretor executivo de futebol, Raí, e Alexandre Pássaro se reuniram com comissão técnica e jogadores do São Paulono final de junho, no CT da Barra Funda, para explicar a crise financeira do clube e o corte salarial.
A conversa serviu para os dirigentes passarem aos jogadores qual é a situação do São Paulo, agravada pela pandemia de Covid-19 e com impacto direto nos salários dos atletas. O clube pretende pagar os atrasos e resolver parte dos problemas de caixa com o dinheiro da venda de Antony ao Ajax.
– Eles voltaram de fato no dia primeiro de julho. Embora a gente esteja treinando desde o dia 23 de junho, eram grupos separados, cinco atletas por campo, eles não se encontravam, então a gente não conseguia ter todo mundo. A partir do dia 4, 5 de julho, a gente começou a conversar com eles, mas uma coisa bem tranquila, começo a entender cada um. Hoje nosso grupo tem 32 atletas e cada um tem sua realidade: um acabou de renovar, o outro quer renovar, outro veio da base, um tem mais valor na CLT, outro tem mais valor na imagem… É uma junção de interesses muito difícil de equacionar – disse Alexandre Pássaro.
Daniel Alves em treino do São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
O Conselho de Administração entende que são necessárias medidas drásticas para conter a crise e deverá debater o assunto nas próximas reuniões, embora não tenha poder de determinar ações práticas no futebol.
De qualquer maneira, uma das discussões consideradas inevitáveis é o corte salarial dos jogadores, por se tratar da maior despesa no departamento de futebol.
Análise do balanço financeiro de 2019 do clube, feita pelo jornalista Rodrigo Capelo em seu blog no GloboEsporte.com, apontou que o São Paulo encara as piores dívidas em ao menos duas décadas. O endividamento alcançou R$ 538 milhões no ano passado, contra uma receita de R$ 374 milhões.
– O que eu quero ressaltar aqui é a confiança dos jogadores na diretoria, e que a diretoria está fazendo o melhor. Às vezes parece que tem um cabo de guerra, no qual a diretoria puxa para um lado e o elenco puxa para o outro. Com muito trabalho, nós colocamos que estávamos puxando para o mesmo lado, puxar para o São Paulo, não tem dois lados na história. Temos que colocar na balança o que é bom para um e para o outro – finalizou Pássaro.
O São Paulo volta a campo na próxima quinta-feira, às 20h, no Morumbi, para enfrentar o Bragantino, pelo Campeonato Paulista. A equipe já está classificada para a próxima fase do torneio.
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