Análise: falta de confiança obriga o São Paulo a usar tática desesperada mais uma vez

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GloboEsporte

Eduardo Rodrigues 

Tricolor empata com o Bahia, no Morumbi, e vê time mais uma vez perdido em campo.

A falta de confiança do São Paulo se faz presente jogo após jogo. Na última quinta-feira, diante do Bahia, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro, a equipe comandada por Fernando Diniz deu mais uma demonstração clara de insegurança no empate por 1 a 1.

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Cercados por uma pressão que parece interminável, os jogadores chegaram ao Morumbi sob um grande protesto da principal organizada do clube. Um dia antes, na quarta-feira, eles se despediram do companheiro Alexandre Pato após uma rescisão “relâmpago” do atacante.

O momento conturbado fora de campo, parece que tem sido levado para dentro dele, e o São Paulo mais uma vez não conseguiu vencer e nem convencer o seu torcedor. Mais uma frustração.

É um gesto simbólico, mas o número de escorregões que os jogadores são-paulinos sofreram durante momentos cruciais do jogo em comparação aos atletas do Bahia reforçam ainda mais essa má fase.

Vitor Bueno e Liziero lamentam durante jogo do São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Vitor Bueno e Liziero lamentam durante jogo do São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Na parte técnica, o bordão “não sabe o que faz com a bola” fez muito sentido. O São Paulo chegava bem na intermediária com as jogadas sendo iniciadas na defesa por Tchê Tchê e Liziero, mas, no momento das construções ofensivas, os jogadores não sabiam para onde correr.

Sem opções de infiltração no meio ou velocidade pelas pontas, a melhor saída era utilizar o apoio dos laterais, o que não surtiu muito efeito. As chances foram raríssimas na primeira etapa.

Melhor para o Bahia, que soube aproveitar as brechas defensivas deixadas pelo Tricolor paulista e conseguiu um pênalti, aos 17 minutos da primeira etapa. Tiago Volpi evitou o gol e deu indícios de que o São Paulo poderia crescer após a defesa, assim como bem fazia Rogério Ceni ao defender uma cobrança em um momento crucial e dar um combustível extra para os companheiros reagirem.

Mas esse São Paulo não é aquele de Rogério Ceni, e a falta de confiança foi escancarada, principalmente, nesse momento. Três minutos depois, Rossi entrou livre no meio da zaga e chutou na saída de Volpi para abrir o placar. Era um filme repetido na cabeça do são-paulino.

Tiago Volpi, do São Paulo, defende pênalti contra o Bahia — Foto: Marcos Ribolli

Tiago Volpi, do São Paulo, defende pênalti contra o Bahia — Foto: Marcos Ribolli

O abafa vira rotina

No segundo tempo, Luciano entrou no lugar de Liziero, e o time ficou mais ofensivo. O São Paulo passou a atacar mais, mas nada que surpreendesse e desse alguma esperança de que o time iria virar o confronto e aliviar um pouco a pressão dentro do clube.

O tempo foi passando e a agonia e os erros nas tomadas de decisão aumentando. O desespero bateu e o famoso “abafa” teve que ser colocado em prática (novamente). Contra o Vasco, no domingo passado, Diniz terminou o jogo com Helinho, Paulinho Boia, Pablo e Gonzalo Carneiro no ataque.

Na última quinta-feira, foi a vez de terminar a partida com os atacantes Luciano, Pablo, Vitor Bueno, Helinho e Gonzalo Carneiro. E mais: houve uma troca do zagueiro Bruno Alves pelo lateral-esquerdo Léo. Diniz afirmou que essa mudança é ensaiada no dia a dia.

O São Paulo, então, terminou o jogo com: um zagueiro, dois laterais-esquerdos, nenhum volante, dois meias e cinco atacantes. O abafa dessa vez deu certo. Aos 39 minutos do segundo tempo, Reinaldo cruzou, Gonzalo Carneiro desviou e Luciano empurrou para o gol.

O empate foi um alívio para um time que mais uma vez ficou no quase. O time que ainda não voltou da pausa por conta da pandemia e que terá Fernando Diniz em mais um jogo, segundo garantiu Raí, diretor-executivo de futebol.

Domingo, o adversário será o Sport, às 19h, fora de casa.

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