UOL
José Eduardo Martins e Vanderlei Lima
Vítor ficou bastante conhecido no Brasil por ter conquistado o título da Copa Libertadores por três clubes diferentes: São Paulo, Cruzeiro e Vasco. Porém, o que pouca gente se lembra é de que o ex-jogador também teve uma passagem pelo poderoso Real Madrid. Em entrevista ao UOL Esporte, o lateral direito do time de Telê Santana revelou que precisou contrariar o conselho de Toninho Cerezo, seu já consagrado colega de Tricolor, para defender o gigante clube espanhol.
“O Real Madrid estava me acompanhando, viu um jogo no Morumbi e me pediu emprestado. O Cerezo falou: ‘se eu fosse você, não iria. Nada contra você. Sou fã teu, dessa força e agressividade. Você vai chegar lá e vai atropelar os caras, mas em um empréstimo… Lá você tem que chegar se impondo. Você é moleque novo, tímido, tem a questão de adaptação por mais que o espanhol não seja complicado. Às vezes tem a questão do clima, o tempo passa muito rápido. Por isso, quando o atleta ia em definitivo e não desse certo, ele voltava com o clube ainda pagando 50% do salário’. E o Cerezo falou tudo isso”, disse Vítor, que na época não contava com alguém para cuidar da sua carreira.
“Eu não tinha empresário. Se fosse nos tempos de hoje, o empresário falaria para eu segurar um pouquinho, porque seria vendido e se não desse para me adaptar, poderia voltar”, completou o ex-jogador, que ficou apenas um ano no clube espanhol. Foi uma breve passagem, mesmo. Outro astro que tem ligação com essa passagem de Vítor pelo Real Madrid é Cafu —com quem ele já dividiu espaço no time, aliás, empurrando-o para o meio-camo. Inicialmente, a intenção do clube espanhol era de contratar o capitão da seleção brasileira na Copa de 2002. No entanto, o Tricolor não queria negociar Cafu naquele momento.
“Então, fui lá, joguei pouco e me machuquei. Mas as condições para eu jogar eram muito grandes. Eles gostaram muito de mim. Teve um amistoso contra a Inter de Milão no Santiago Bernabéu que eu fui tão bem que os caras falaram não tinha mais a necessidade de trazer o Cafu pela forma como eu jogava, pela partida que eu fiz”, disse Vítor. Mas a contratação em definitivo acabou não se concretizando. Momento do São Paulo e futebol moderno Hoje, o ex-jogador vive em sua cidade natal, Mogi Guaçu, no Estado de São Paulo. Em sua chácara, ele disputa algumas partidas de futevôlei para manter o condicionamento físico. Quando possível, também disputa partidas comemorativas com outros ex-jogadores.
Apesar de ter sido campeão por outros clubes e de ter defendido também o Corinthians, Vítor ficou com a sua imagem muito ligada ao Tricolor paulista — por ter sido revelado no clube e integrado o esquadrão montado por Telê Santana. Por isso, não é de se estranhar que o título que ele guarde com mais carinho na memória seja com o time do Morumbi.
“O São Paulo foi meu berço, minha formação. E era garoto, novo. Depois nos títulos com o Cruzeiro e o Vasco, eu estava maduro. Você vê eu jogando em 92 e depois em 97 e 98 e é totalmente diferente. Minha agressividade em 92 era de um garoto de 21 anos, passando por cima. Eu era o trator do Morumbi. Passava por cima, não olhava placa naquela lateral. Tenho saudade. Era bom demais.” Até hoje, ele às vezes visita as dependências do clube, como o CT da Barra Funda. O fato de Raí ser hoje executivo de futebol tricolor também o aproxima do Morumbi. Afinal, os dois atuaram juntos no time que conquistou o Mundial de 1992.
“O que eu vejo é que ele sempre foi um jogador de poucas palavras. Ele fazia a diferença jogando, então não tinha o que falar. Agora como dirigente, não posso questioná-lo. Claro que as pessoas vão cobrá-lo pelo que ele representa no São Paulo. Se eu fosse dirigente hoje, cada um tem sua forma de ser, de repente tem que ser amigo em algumas situações, mas rígido em outras”, disse Vítor, que vê a falta de união entre os jogadores no futebol moderno.
“Eu não peguei o Raí falando por mais momentos ruins que o São Paulo tenha neste ano. O Raí é muito na dele. Não posso querer que o Raí fale algo e tenha uma maneira de ser porque ele tem que ser o que ele é. Eu poderia cobrar do Raí que ele tivesse mais atitude com os jogadores. Eu poderia, mas isso não é de mim. Aprendi uma coisa com o Telê Santana. Quem tem que se fechar dentro de campo são os jogadores. Tem momento que diretor, presidente não podem fazer nada. Eu falo de experiência de São Paulo. Em tudo o que conquistamos a gente se fechava por mais que a gente tinha um treinador e uma diretoria boa”, analisou o ex-atleta.
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