Crise financeira e erros de gestão explicam queda do antes “soberano” SPFC

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UOL

Após o empate por 1 a 1 com o Bahia, ontem (20), em pleno Morumbi, o executivo de futebol do São Paulo, Raí, e o técnico Fernando Diniz não esconderam a insatisfação com o momento do time. Antes da paralisação nas competições por causa da pandemia do novo coronavírus, o Tricolor esboçava um brilho de soberano, como a torcida costumava chamar o time nos áureos tempos de títulos e exemplo de organização. Porém, na retomada dos torneios, uma coleção de resultados decepcionantes. A crise financeira e os erros de gestão ajudam a explicar tal queda.

Antes mesmo da pandemia, o Tricolor já enfrentava turbulência em suas contas. O clube tinha fechado 2019 com déficit de R$ 156 milhões e estava com parte dos salários atrasados. Durante a pausa, sem parte das receitas dos direitos de transmissão e com a falta da verba das rendas dos jogos, a situação se agravou.

Segundo apurou o UOL Esporte ainda na época sem partidas, alguns jogadores se mostraram insatisfeitos com a situação salarial. Após a proposta de redução de 50% não ser aceita, o Tricolor acabou cortando pela metade os vencimentos em decisão unilateral. Na época, havia relatos de atletas que tinham recebido 20% do total em carteira — havia a justificativa de que tal valor tinha sido depositado desta maneira por causa de diferença tributária.

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Muitos também questionaram a postura dos dirigentes do departamento, que não tinham reunido novamente o elenco para discutir o caso. As coisas só voltaram aos eixos quando o elenco se reapresentou para realizar testes físicos e médicos, no fim de junho. A partir de então, os diretores conversaram com os atletas e acertaram um acordo — que prevê redução de 25% e o pagamento integral dos salários só a partir de fevereiro de 2021.

Em julho, quando o clube teve a liberação para treinar, o time se concentrou em Cotia e tentou focar no trabalho físico e de prevenção, para tentar melhorar o ambiente e não ter jogadores lesionados. Após o retorno, o próprio treinador reconheceu que precisava ter feito um pouco mais de treino tático.

Já na volta do Paulistão, o São Paulo teve duas derrotas com o time titular — sendo que o revés contra o Mirassol, no Morumbi, causou a eliminação precoce e os primeiros questionamentos mais diretos ao treinador. Alguns jogadores que não estavam sendo utilizados, como Anderson Martins, Everton e Alexandre Pato, na versão do clube e do técnico, também se mostraram insatisfeitos. O zagueiro e o atacante acertaram a rescisão. Já o meia atacante foi envolvido em uma troca no mercado da bola com o Grêmio por Luciano. Essa situação foi exposta ontem, em coletiva, por Raí.

“Sempre a gente pode pensar em maneiras diferentes, em soluções diferentes para encarar um problema. Mas quando tem uma insatisfação, mais de um pedido, uma situação complicada, a gente tem que tomar uma decisão. E tomamos uma decisão de acordo com o atleta”, disse Raí em relação à saída de Pato.

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