UOL
Diego Salgado e José Eduardo Martins
O São Paulo dará início na noite de hoje (27) ao processo de votação das contas de 2019, cujo déficit atingiu a marca de R$ 156 milhões. O trâmite começa com uma reunião virtual em que o tem será debatido pelos membros do Conselho Deliberativo. A aprovação ou não do balanço, por sua vez, será definida amanhã, também de forma remota. A votação das contas acontece em meio a um momento de turbulência na política do São Paulo, já no fim da gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, que deixa a presidência em dezembro.
Nesta quinta à tarde, Leco divulgou uma carta aos conselheiros rebatendo a ação de alguns conselheiros que protocolaram uma carta que pedia a reprovação das contas. O mandatário frisou que as “informações são incorretas e conotação política”. O São Paulo apresentou o seu balanço anual de 2019 para o Conselho de Administração em março passado. Na ocasião, os integrantes do órgão aprovaram as contas com ressalvas — o vice-presidente Roberto Natel votou contra.
O UOL Esporte conversou com representantes de dois grupos políticos do São Paulo: Marcelo Portugal Gouvêa e Olten Ayres de Abreu, que são candidatos à presidência do Conselho Deliberativo. Ambos são críticos à gestão de Leco. Enquanto Marcelo prefere aguardar as explicações na reunião de hoje para definir o parecer, Olten ressalta que decidiu aprovar as contas, embora isso não “signifique aprovar o resultado”.
“Difícil antecipar antes da reunião porque será uma oportunidade do responsável financeiro apresentar justificativas. Há uma divergência em relação à previsão das ações judiciais. Independentemente do balanço estar correto ou não, o fato é que não se pode aprovar a gestão financeira do São Paulo. As receitas foram muito inferiores, especificamente por causa dos resultados obtidos no futebol. ra uma coisa que precisava ser corrigida durante o ano com a queda das despesas”, disse Marcelo.
“Aprovação o balanço se dá no cenário em que os números, embora sejam péssimos e de uma gestão ruim, não são falsos, são verdadeiros. É como uma fotografia. Se não houve montagem, é verdadeira, mas não significa que é bonita, agradável. Vamos aprovar, porque foi auditado, teve uma recomendação do Conselho Fiscal, não há indício de fraude na confecção do balanço. Mas aprovar o balanço não significa aprovar o resultado. O balanço é a fotografia de que a gestão não foi aquela que o São Paulo merecia”, afirmou Olten.
O resultado das contas de 2019 acabou afetado pelo rendimento do São Paulo em campo. O time deixou a Copa Libertadores antes da fase de grupos e a Copa do Brasil logo em seu primeiro mata-mata. Tais quedas refletiram em uma baixa de aproximadamente R$ 25 milhões em relação ao projetado para a temporada. As receitas de TV também tiveram desempenhos inferiores aos orçados por causa das quedas nos torneios. Eram projetados R$ 118 milhões e foram atingidos R$ 65 milhões, segundo relatório da diretoria. Por isso mesmo, o São Paulo precisou aprovar cerca de R$ 37 milhões em empréstimos bancários em 2019.
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