GloboEsporte
Leonardo Lourenço
Média de gols sofridos pelo time nos dez últimos jogos só é melhor do que a do lanterna Goiás.
Contra o Coritiba, no último domingo, no empate em 1 a 1, o São Paulo chegou ao 10º jogo seguido em que foi vazado. No período, o time levou 18 gols, considerando confrontos do Brasileiro e da Libertadores.
É uma média de 1,8 gol sofrido por jogo – semelhante à do Bahia, pior defesa do Brasileiro, mas pouco melhor que a do Goiás (dois gols por jogo), lanterna do torneio.
Na média, para vencer, o atual São Paulo precisa fazer três gols. Nunca houve um time com ataque tão poderoso no Campeonato Brasileiro desde que o formato de pontos corridos se tornou a regra, em 2003 – o Flamengo do ano passado fez 2,26 por partida.
É uma comparação simplista, mas um fato que facilita a equação para o técnico Fernando Diniz: não há futuro ao São Paulo no Brasileiro a não ser que os problemas defensivos sejam resolvidos.
Na próxima quarta-feira, o time enfrenta o Atlético-GO, no Morumbi, pela 14ª rodada.
Diante dos números, o treinador tem tentado blindar a jovem zaga titular formada por Diego Costa (21 anos) e Léo (24, lateral-esquerdo improvisado), que tomaram as vagas de Bruno Alves e Arboleda 12 jogos atrás. Em entrevistas, reforça que eles não devem carregar sozinhos a responsabilidade de todo um sistema pensado para evitar gols rivais.
Fernando Diniz em Coritiba x São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
O técnico, porém, tem falhado em encontrar seu próprio diagnóstico. E mantém um plano de jogo com o ônus de deixar o setor muito exposto sem colher o bônus de fazer mais gols do que os adversários – são sete partidas seguidas sem vitória.
Nos últimos quatro dias, o São Paulo foi eliminado da Libertadores na fase de grupos e com uma rodada de antecedência, um fracasso retumbante para o clube, e desabou da terceira para a sétima posição do Brasileiro – sem nunca digerir direito a eliminação para o Mirassol no Paulista, ainda com a zaga formada por Arboleda e Bruno Alves.
Em sua defesa, logo após o empate com o Coritiba, Diniz afirmou que não é justo criticar o sistema defensivo no jogo do Couto Pereira. Disse que o time concedeu poucas oportunidades ao rival. Os donos da casa tiveram uma única chance e aproveitaram.
O Coritiba tem o pior ataque do Brasileiro e briga para não cair. Fez um gol aos cinco minutos – fruto de uma falta que Juanfran precisou fazer após errar um domínio perto da área. Os paranaenses entenderam que o 1 a 0 era ótimo e que, melhor, só se conseguissem empurrar o resultado até o fim.
Trancaram-se na defesa e quase conseguiram o objetivo diante da inoperância do ataque tricolor. O São Paulo tentou, tocou a bola para todos os cantos possíveis, mas deu preferência a cruzamentos que eram afastados por algum dos 11 jogadores do Coritiba que quase sempre estavam na área – juntos.
O gol de empate saiu de pênalti, convertido por Reinaldo, após uma falta cobrada por Daniel Alves ter tocado no braço de um jogador do Coritiba dentro da área.
Fernando Diniz continua ouvindo de seus chefes que há confiança em seu trabalho e que, apesar de resultados frustrantes e de uma melhora ainda não ter sido percebida, não há intenção de trocar a comissão técnica, a primeira a completar 12 meses no posto sob a atual gestão.
São Paulo não vive bom momento na temporada — Foto: Matheus Sebenello/NeoPhoto
No São Paulo, porém, esse é a equação complexa. A diretoria, comandada por Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, está em fim de mandato. Há eleições previstas para dezembro. Como se sabe, Leco é o principal obstáculo para o retorno de Rogério Ceni ao Morumbi, desafetos que se tornaram.
O ex-goleiro parece alvo certo de qualquer um dos dois candidatos, Julio Casares ou Roberto Natel, que se sentar na cadeira do presidente.
Qual profissional toparia assumir um time em crise, com sérios problemas financeiros, numa espécie de comando tampão? Leco, que se despedirá do clube sem conquistar um único título em cinco anos, deixaria como última imagem de sua administração a presença de um interino no banco?
É um cenário que favorece Diniz, mas não se pode contar com a boa vontade eterna de dirigentes que veem dezenas de torcedores deixarem as bravatas das redes sociais para se organizarem na porta do CT num sábado de manhã.
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