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Thiago Tassi e Vanderlei Lima
Jogar um clássico costuma ser um momento marcante na carreira de um profissional de futebol. Atuar em um dérbi pelos dois lados da rivalidade não é para qualquer um. E pode gerar um misto de sentimentos. São os casos de Euller e Lúcio, ex-jogadores que tiveram a oportunidade de participar do Choque-Rei defendendo tanto a camisa do Palmeiras, como a do São Paulo. Hoje, às 19h (de Brasília), os paulistas duelam na 15ª rodada do Campeonato Brasileiro, no Allianz Parque.
Se nos elencos atuais apenas Tchê Tchê, atualmente no Tricolor do Morumbi, já defendeu os dois clubes, Euller viveu momentos inesquecíveis vestindo os dois uniformes. Campeão da Libertadores com o Alviverde em 1999, o “Filho do Vento” guarda com carinho o dia em que foi protagonista pelo “outro lado do muro” — a expressão é consagrada pelo fato de os times serem vizinhos de CTs.
Recém-contratado pelo São Paulo em 1994, o atacante brilhou com dois gols nas oitavas de final da Libertadores contra o time que anos mais tarde iria cair nas graças da torcida. Depois de um 0 a 0 na ida, o Tricolor avançou com a vitória sobre o Alviverde por 2 a 1, conduzida por Euller.
“Foram dois gols muito importantes na minha carreira porque ali já consolidou a minha contratação pelo São Paulo, então foi muito importante ganhar crédito, ganhar o carinho da torcida. E você poder estar no melhor momento da carreira e jogando num grande cube, eu sonhava o tempo todo estar no São Paulo. Aquela foi uma década memorável no São Paulo, com títulos importantes da Libertadores, mundiais. Então foram realmente dois gols de consolidar a carreira de um atleta”, contou o ex-jogador em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Após fazer dupla com Muller, Euller defendeu o Atlético-MG antes de chegar ao Palmeiras. Entre os anos no time alviverde, houve ainda uma passagem pelo Tokyo Verdy, do Japão. No clube do Palestra Itália, ele venceu o torneio sul-americano de 99 e o Rio-São Paulo de 2000 e conviveu com Felipão, o “último treinador com planejamento” de sua carreira, finalizada em 2011 no América-MG.
“A Libertadores pelo Palmeiras foi fruto de um planejamento bem elaborado pelo Felipão, com uma equipe forte, um plantel espetacular, grandes jogadores. Basicamente tinham dois jogadores para cada posição. Concentramos na Libertadores, jogamos para ser campeão e o Palmeiras conseguiu. Foi fruto desse trabalho, dessa elaboração e desse planejamento do Scolari. Foi a última vez que eu fui treinado por um treinador com planejamento”, revelou.
Lúcio admite passagem ruim no São Paulo Pentacampeão do mundo em 2002, o ex-zagueiro Lúcio também já atuou pelos dois clubes. Depois de carreira de sucesso pela Europa — ele jogou em times como Bayern de Munique, Inter de Milão e Juventus —, o jogador acertou com o São Paulo em 2014. Mas a passagem pelo Morumbi não foi boa, como ele próprio admite.
“Infelizmente não ocorreu da forma com o que eu esperava, o resultado de campo e os resultados que aconteceram. A gente vê aí que daquele período até hoje o São Paulo não conseguiu se estabilizar no futebol mais, então mostra que as coisas da forma que o São Paulo vem conduzindo não são corretas. Isso tem mostrado nos resultados, nas idas e vindas de jogadores que passam por lá”, afirmou ao UOL Esporte.
Ainda assim, ele garantiu que não há mágoas pela falta de sucesso no Tricolor. “Vida que segue, eu não tenho nenhum tipo mágoa ou rancor do São Paulo, apenas infelizmente eu não consegui dar sequência ao meu futebol e por isso eu acho que não me identifico [com o clube]. Mas tenho todo o respeito pelo São Paulo, assim como também recebo respeito dos torcedores quando a gente encontra na rua. A gente sabe que é coisa de futebol ganhar e perder”, ressaltou.
No clássico, uma lembrança amarga de Lúcio é um duelo do Paulistão de 2013. O zagueiro se envolveu em um lance com Valdivia e acabou expulso. Um ano depois, os jogadores atuaram juntos no Alviverde. Ali, ele ressalta, viveu bons momentos. “No Palmeiras foi mais satisfatório, pude jogar um ano bem, depois troca e direção, troca de treinador e isso consequentemente mexe com os jogadores. Mas foi uma passagem melhor, foi uma passagem, vamos dizer… mais alegre e com boas lembranças. Acabei fazendo amigos ali, então a gente tem uma simpatia maior pelo Palmeiras.”
Palpite: quem leva a melhor hoje? Nada melhor como dois experientes no Choque-Rei para dar palpite sobre o placar do clássico deste sábado, correto? Nem sempre. Enquanto Euller brincou pelo fato de ser mineiro e apostou em um empate, Lúcio já apontou um favorito: a equipe de Luxemburgo. “Favoritismo dentro de um jogo desta dimensão é difícil falar, mas na minha opinião vejo o Palmeiras melhor, com elenco melhor, com uma estrutura de jogo mais consolidada. Jogando em casa, apesar de não ter a presença da torcida, a gente sabe que de alguma forma o time se sente melhor, mais à vontade. Pelo fato de vir de uma derrota, eu acho que o Palmeiras tem grande chance de ser o vencedor do jogo.”
O resultado será possível descobrir a partir das 19h, no Allianz Parque. O São Paulo soma 23 pontos na quarta colocação do Brasileirão e o Palmeiras vem logo em seguida, com 22, em quinto.
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