São Paulo sofreu 47% dos gols do ano nas últimas nove partidas, após trocas de Diniz na defesa

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GloboEsporte

 Leonardo Lourenço

Substitutos de Arboleda e Bruno Alves, Diego Costa e Léo formaram dupla elogiada no início, mas zaga agora é principal ponto de preocupação em trajetória irregular da equipe.

O São Paulo sofreu 47% dos gols desta temporada só nas últimas nove partidas. Tiago Volpi teve sua meta vazada 17 vezes no período, uma média de 1,88 gol por partida.

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O número é muito superior à média que a equipe de Fernando Diniz ostentava até o jogo contra o Athletico-PR, adiantado da 11ª rodada do Brasileiro, de 0,95 gol por jogo. Àquela altura, na 20ª partida da temporada, o time acumulava 19 gols sofridos.

No jogo anterior, contra o Sport, Diniz fez uma inesperada mudança no miolo da zaga do São Paulo para aplacar críticas recorrentes ao desempenho irregular da equipe – já tinha trocado Juanfran por Igor Vinícius na lateral direita para enfrentar o Bahia.

Na Ilha do Retirno, tirou Arboleda e Bruno Alves, até então intocáveis no setor, e promoveu o jovem Diego Costa, de 21 anos, e que tinha só três partidas entre os profissionais, e Léo, 24 anos, um lateral-esquerdo improvisado como zagueiro.

A dupla passou ilesa nos jogos contra o Sport e o Athletico, ambos vencidos pelo São Paulo por 1 a 0, mas a partir de então o desempenho defensivo da equipe caiu, e Volpi precisou buscar bolas no fundo de seu gol com frequência maior do que antes. Veja no gráfico abaixo:Gols sofridos pelo São Paulo em 2020Time levou 47% dos gols na temporada nas últimas nove partidashttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Esses últimos nove jogos incluem duelos do Campeonato Brasileiro, em que o São Paulo é o terceiro colocado, e da Libertadores, torneio do qual o time já foi eliminado ainda na fase de grupos e com uma rodada de antecedência. O período coincide com o da lesão de Daniel Alves, que ficou fora de sete desses confrontos ao fraturar o braço direito.

Os 20 jogos anteriores têm as primeiras cinco partidas do Brasileiro, duas da Libertadores (LDU e Binacional) antes da paralisação causada pela pandemia e todo o Campeonato Paulista, competição que terminou de forma melancólica para o São Paulo com uma derrota nas quartas de final para o Mirassol no Morumbi.

Os 36 gols sofridos em 2020 fazem do São Paulo a equipe mais vazada na temporada entre aquelas que disputam a Série A do Brasileiro.

Fernando Diniz comanda treino do São Paulo na Argentina, observado por Diego Costa — Foto: Divulgação São Paulo

Fernando Diniz comanda treino do São Paulo na Argentina, observado por Diego Costa — Foto: Divulgação São Paulo

Diniz admitiu as dificuldades defensivas da equipe após a derrota para o River Plate na última quarta-feira, na Argentina. O técnico fez questão de responsabilizar todo o sistema de marcação, sem apontar erros individuais ou da dupla Diego Costa e Léo.

– Não vamos falar da defesa, da linha de quatro, do goleiro. Quando a gente tem esse tipo de ocasião, falha o sistema todo. No jogo de hoje (contra o River, quarta), especificamente, deu poucas chances ao River. Na altitude (contra a LDU, derrota por 4 a 2), teve o problema da própria altitude – afirmou o treinador.

Ele afirmou que há correções a serem feitas:

– A gente começou com esse time numa fase defensiva boa, e a gente se perdeu um pouquinho no caminho, mas é uma coisa para a gente consertar. É o time que marca, não são só os quatro da linha de trás. Temos coisas para melhorar e vamos melhorar para frente.

A declaração de Diniz não indica mudanças no setor, apesar dos números ruins. Antes titulares, Arboleda e Bruno Alves tiveram poucas chances de voltar ao time depois da troca realizada para o duelo contra o Sport.

O equatoriano, que tinha iniciado 16 jogos até então, sendo substituído em apenas um, só entrou em campo aos 39 minutos do segundo tempo na Ilha do Retiro, no lugar de Diego Costa, que pouco antes havia pedido atendimento médico no gramado. Desde então, não saiu mais do banco.

Bruno Alves entrou quando o time precisava segurar um resultado apertado. Foi assim contra o Corinthians (na vaga de Pablo) e o Fluminense (no lugar de Luciano), ambas as vezes nos minutos finais quando o São Paulo vencia por 2 a 1 – placar mantido no clássico e ampliado para 3 a 1 contra os cariocas nos acréscimos, após a entrada do zagueiro.

Neste domingo, o São Paulo enfrenta o Coritiba, às 16h, no estádio Couto Pereira. Os paranaenses, na zona de rebaixamento, têm o pior ataque do Brasileiro, com apenas oito gols marcados em 12 partidas.

A visão do comentarista

Os problemas defensivos do São Paulo foram tema de debate no episódio mais recente do GE São Paulo. No podcast, o comentarista Muricy Ramalho, ex-treinador tricolor, falou sobre o erros e a necessidade de mudanças no sistema do time:

– O São Paulo trocou a zaga não para se tornar um time marcador. Trocou a zaga para jogar mais. Sinaliza ao time que nós vamos continuar propondo o jogo. Claro que tem que propor o jogo, mas não é toda hora. Tem que colocar uma coisa na cabeça que uma hora o adversário vai roubar a bola e vai para cima de você. Tem que ter um plano para isso.

–São coisas ruins para eu ficar falando, mas chega um momento que a gente tem que falar. O Diniz, gosto do plano de jogo, gosto dele, mas ele vai ter que rever alguns conceitos. Sei que ele não quer abrir mão. Tem que ganhar jogos, não tem como. Então você tem que mudar algumas coisas.

– Todas as vezes que o São Paulo é atacado, que perde a bola, o São Paulo tem as linhas quebradas. Não tem nenhuma linha justa. Isso é um defeito. Por isso que estou falando que dá para arrumar. Porque tem que pensar um pouco também em defender. Os números estão aí, o futebol também são números.

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