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Rodrigo Mattos
Era início de jogo quando o goleiro Hugo lançou uma bola longa demais para a lateral direita que Isla não conseguiu dominar. Ao seu lado, Doménec aplaudiu. A jogada perdida era um efeito da marcação pressão exercida pelo São Paulo de Fernando Diniz que impedia o rubro-negro de tocar a bola. Extremamente concentrado, o time são-paulino mostrou uma organização e eficiência na retomada de bola que não costuma ser habitual nos times de Diniz. Mesmo quando marcou mais atrás, fechava os espaços, ganhava disputas e saia jogando. Ao final da partida, o São Paulo teve 20 desarmes no jogo contra 14 do time rubro-negro. Um dado decisivo na goleada são-paulina.
Um resultado que expõe uma realidade do Brasileiro-2020 bem diferente do ano passado. O Flamengo segue perto do topo, mas não vira o turno dominante como em 2019. Os rivais melhoraram, o Brasileiro na média tem times que cresceram e há uma disputa embolada de quatro pela ponta, Internacional, Atlético-MG, Flamengo e São Paulo.
Foi o que se viu neste domingo: a postura tática são-paulina acertada somou-se a um time que brigava por cada espaço dentro e fora de campo. Gritava a cada decisão do árbitro Caio Max, confuso como poucos neste Brasileiro. Até exagerava como quando os dirigentes desceram à arquibancada para pressionar o juiz aos gritos porque queria ver o lateral Isla expulso pelo segundo amarelo.
Do outro lado, o retrato do Flamengo era a desorganização de sua defesa e da pressão mal feita sobre a bola. O time nunca foi compacto em suas subidas, não conseguia sair jogando com qualidade e por isso não encaixava as triangulações habituais em suas subidas. A evolução vista nos últimos jogos sob Domenec parecia perdida diante de um rival superior. Neste contexto, o gol de abertura de Pedro foi quase casual, fruto da sua excelência como centroavante. Uma conclusão certeira em um mar de erros individuais rubro-negros. Basta dizer que o time perdeu dois pênaltis com o mesmo Pedro e Bruno Henrique. Não por acaso tomou uma goleada em um jogo que acabou com mais conclusões, oito contra sete.
Aí é preciso exaltar a atuação de Thiago Volpi. Em um cenário peculiar, o goleiro de um time que goleou foi o melhor em campo. Com duas defesas em pênaltis e uma assistência para Luciano selar a vitória maiúscula do time tricolor sobre o rubro-negro. É a segunda vez que um time massacra o Flamengo desde o início de sua trajetória vitoriosa em 2019 que o tornou dominante no cenário nacional. Mas, no caso do Del Valle, havia a altitude e um Covid que se ensaiava no time. Agora, não. Havia o São Paulo mesmo.
A atuação são-paulina teve também brilhos de jogadores como Daniel Alves e Brenner, este garoto que não se cansa de fazer gols neste início de sua carreira. Ou seja, um desempenho coletivo recheado por jogadores em tarde inspirada, ligada. O São Paulo é o time com melhor aproveitamento no Brasileiro, com menor número de pontos perdidos. Tem três jogos atrasados a disputar que a CBF, aliás, já deveria ter marcado. Está na concorrência com o os outros três da ponta em um Brasileiro embolado.
E isso não explica só porque o Flamengo de Dome ainda não está no nível do time de Jesus. Houve um crescimento coletivo do jogo no Brasileiro, como se vê nos times do Inter, do Galo e agora do São Paulo. Há concorrência, sim, a ponto do outrora time imbatível ser goleado em casa com requintes de crueldade.
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