Olten Ayres fala sobre propostas e fim do pagamento a conselheiros no SPFC

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UOL

Thiago Fernandes

O advogado Olten Ayres de Abreu Júnior é um dos candidatos à presidência do Conselho Deliberativo do São Paulo. Líder do movimento que acabou com a remuneração de membros do grupo, ele apresentou propostas para a gestão, explicou as mudanças que deseja propor no Estatuto Social e fez uma curta análise sobre a administração de Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, no Morumbi. Em entrevista ao UOL Esporte, o jurista explica como foi liderar o processo para o fim da remuneração a membros do Conselho Deliberativo no São Paulo e propõe mais transparência em reuniões do grupo.

“A questão dos cargos de conselheiros que eram remunerados foi uma discussão que nós tivemos entre algumas lideranças do São Paulo. Surgiu dessas lideranças, em uma reunião até na minha casa, para que nós fizéssemos essa alteração, porque naquele momento, percebemos que essa brecha dava margem para uma utilização política da situação. Coube a mim redigir essa emenda. Nós apresentamos a emenda. Dentro desse cenário, precisávamos de um quórum mínimo de aproximadamente 115 conselheiros. Nesse momento, percebemos que as forças que estavam concentradas na operação não seriam suficientes. Então, buscamos um diálogo com outros grupos”, disse.

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“Nós achamos que devemos divulgar de maneira mais intensa a atividade do Conselho, de forma que as reuniões do Conselho sejam transmitidas para sócios e torcedores, de forma que teremos completa prestação de contas do que o Conselho faz ou deixa de fazer. Pretendemos ter um canal aberto de comunicação com o associado, ou o sócio-torcedor para que recebamos propostas e avaliações sobre a atividade do Conselho e sobre eventuais normas que poderiam e deveriam ser mudadas”, acrescentou.

No bate-papo com a equipe de reportagem do UOL Esporte, Olten Ayres de Abreu Júnior falou sobre outros temas, como a gestão de Leco, a proximidade com o candidato à presidência do clube, Julio Casares, e a fragmentação política do Conselho Deliberativo do São Paulo. Confira, abaixo, a entrevista exclusiva: GESTÃO LECO A gestão do Leco não foi uma gestão bem-sucedida, no campo esportivo e no campo financeiro. Logo, a avaliação é negativa dentro desses parâmetros.

CONSELHEIROS REMUNERADOS A questão dos cargos de conselheiros que eram remunerados foi uma discussão que nós tivemos entre algumas lideranças do São Paulo. Surgiu dessas lideranças, em uma reunião até na minha casa, para que nós fizéssemos essa alteração, porque naquele momento, percebemos que essa brecha dava margem para uma utilização política da situação. Coube a mim redigir essa emenda. Nós apresentamos a emenda. Dentro desse cenário, precisávamos de um quórum mínimo de aproximadamente 115 conselheiros.

Nesse momento, percebemos que as forças que estavam concentradas na operação não seriam suficientes. Então, buscamos um diálogo com outros grupos. Dentro os quais, ao qual fazia parte o Julio Casares. Nessa negociação para que fosse aprovada essa emenda, foi quando surgiu efetivamente a aproximação dos nossos grupos, que acabou redundando na chapa grafite, Juntos pelo São Paulo.

FRAGMENTAÇÃO POLÍTICA DO CONSELHO DELIBERATIVO A questão política da fragmentação se deu de maneira natural. As pessoas se reuniram em grupos políticos em que as pessoas tinham identidade de pensamentos e ideias. O que ocorreu, na nossa opinião, é que essa fragmentação acabou se disseminando de uma maneira muito grande. Entendemos que, a partir da próxima gestão, devemos reunificar os grupos políticos, de forma que essa fragmentação seja sensivelmente diminuída.

MUDANÇAS NO ESTATUTO SOCIAL Temos diversas mudanças a propor. Quando digo propor, eu quero enfatizar que quem determina as mudanças é a Assembleia Geral de Sócios. Quem as discute é o plenário do Conselho Deliberativo. Qualquer proposição que surja de um conselheiro, ela será discutida e debatida. O que nós pretendemos fazer é estimular a discussão a partir do início da próxima gestão para que façamos mudanças substanciais. A primeira e mais importante mudança é a mudança da legitimidade do poder.

Nós temos que promover um estudo em que nós vamos avaliar a forma como os presidentes são eleitos, como o Conselho Deliberativo é composto, a participação do sócio e do sócio-torcedor na eleição. Pretendemos fazer com que, em uma mistura de legitimidade de poder com transparência e governança, um estudo que mexa de uma maneira global nessa estrutura de poder do São Paulo e na maneira como os cargos são eleitos. O que não pretendemos é que alteremos uma coisa isoladamente e deixemos outro flanco aberto. Pretendemos algo bastante amplo. Desse estudo e de discussões, teremos uma forma exitosa para que o poder tenha absoluta legitimidade.

Embora haja a obrigatoriedade de reavaliar o Estatuto Social em 2023, ele pode ser reavaliado antes, em qualquer momento. A nossa ideia é iniciar essa reavaliação antes, se o Conselho Deliberativo e o quadro social julgarem pertinente. Faremos isso a partir do primeiro dia da próxima gestão, se formos eleitos.

INTERFERÊNCIA DA ASSEMBLEIA GERAL DE SÓCIOS NA ELEIÇÃO A palavra interfere não é apropriada. O quão a Assembleia Geral de Sócios participa da presidência do Deliberativo e da presidência da diretoria? Por quê? Porque a Assembleia geral de sócios elege 100 conselheiros, e esses 100 conselheiros votarão posteriormente para presidência da diretoria e para presidência do Conselho. Quando o sócio vai votar hoje na Assembleia Geral, ele escolhe a chapa que está concorrendo, já sabendo que escolhendo aquela chapa, escolhendo aquele conselheiro, ele está votando para presidente em um presidente determinado para a diretoria e para o Conselho Deliberativo.

CAMPANHA NO CLUBE DURANTE A PANDEMIA Eu diria para você [repórter] que temos como posição de respeitar as pessoas que estão coordenando as normas. Todas as normas estabelecidas pelas autoridades, a flexibilidade na nossa região e na nossa zona, os protocolos que devem ser estabelecidos, desde que sejam rigidamente cumpridos, não achamos que há necessidade de suspender as atividades do clube. Quando falamos em campanha, é uma coisa muito genérica. Na realidade, o clube está em atividade, os sócios estão usando o clube e eventualmente candidatos irão ao clube divulgar as suas plataformas. Tudo dentro dos protocolos e obedecendo as atividades relativas à pandemia.

PROPOSTAS PARA O CONSELHO DELIBERATIVO Olha, nós achamos que o Conselho Deliberativo do São Paulo é injustamente acusado de não ser ativo e não participar. O que nós queremos é usar as qualidades do conselheiro e do Conselho Deliberativo para efetivamente colaborar com as atividades do clube. Incentivá-los a fazer parte das comissões que irão tratar de assuntos diversos dentro do Conselho Deliberativo. Nós achamos que devemos divulgar de maneira mais intensa a atividade do Conselho, de forma que as reuniões do Conselho sejam transmitidas para sócios e torcedores, de forma que teremos completa prestação de contas do que o Conselho faz ou deixa de fazer.

Pretendemos ter um canal aberto de comunicação com o associado, e o sócio-torcedor para que recebamos propostas e avaliações sobre a atividade do Conselho e sobre eventuais normas que poderiam e deveriam ser mudadas. Pretendemos realizar a cada 90 dias uma reunião com todos os Conselhos do São Paulo de forma que analisemos juntamente com o Conselho Deliberativo, o Conselho de Administração, o Conselho Consultivo, o Conselho Fiscal e a diretoria executiva o performance administrativa do clube e o performance financeiro do clube.

Pretendemos também ampliar as reuniões do Conselho, que são seis ao ano hoje, para dez ou doze ao ano. De maneira que, a cada reunião ocorrida, a próxima será sempre exclusivamente sobre o futebol, de forma que o estafe de futebol esteja presente para debater com o Conselho Deliberativo questões exclusivas do futebol.

Devemos também estabelecer a cada 30, 45 dias uma live entre conselheiros, associados e sócios-torcedores para que haja uma interação maior entre as partes. Devemos ter uma administração absolutamente aberta. Todas as decisões de fatos que deverão ocorrer no plenário devem ser discutidas e votadas dentro do Conselho. Eu gostaria de acrescentar que também a pauta será aberta a sugestões dos conselheiros e associados para que os temas sugeridos sejam levados a discussão no Conselho Deliberativo.

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