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Renato Mauricio Prado
A longa sequência de jogos sem derrota, uma série de atuações convincentes e a vantagem de sete pontos para o segundo colocado pareciam começar a encaminhar o título brasileiro para o São Paulo. Só pareciam. Porque uma atuação taticamente perfeita do Corinthians de Vagner Mancini e uma jornada pouquíssima inspirada dos comandados de Fernando Diniz voltaram a embolar um campeonato que ficará ainda mais parelho caso o Atlético Mineiro vença o tricolor paulista, na próxima quarta-feira, no Morumbi.
Até um empate com o time de Jorge Sampaoli pode custar a liderança ao São Paulo, pois com 51 pontos, poderia ser alcançado pelo Flamengo que, com 45, teria dois jogos a menos e, se os vencer, ficaria com uma vitória a mais. Na goleada sobre o “baby Santos” (pensando no confronto da Libertadores, Cuca mandou a campo, no Maracanã, uma equipe formada por garotos da base), o rubro-negro carioca não chegou a reeditar um desempenho à altura dos gloriosos tempos de Jorge Jesus, mas venceu com facilidade e deu alguns motivos para reanimar um pouco a maior torcida do país, após as decepcionantes eliminações na Copa do Brasil e, principalmente, na tão sonhada Libertadores.
Depois de duas semanas inteiras de treinamento com Rogério Ceni, o campeão brasileiro voltou a ser um time de intensa movimentação no meio-campo e no ataque, com o quarteto Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique trocando constantemente de posição. O malfadado “futebol de totó” do nada saudoso Domènec Torrent parece definitivamente banido do Ninho do Urubu.
Tal movimentação, entretanto, ainda não se mostra tão eficaz como nos tempos do português porque a precisão nas finalizações segue deficiente. É impressionante como o Flamengo constrói lances que deixam seus jogadores em condições de marcar e eles os desperdiçam um atrás do outro. Se quiser brigar de fato pelo octacampeonato brasileiro, Ceni precisa, urgentemente, ajustar a pontaria nos treinos. De qualquer forma, diante dos meninos santistas, os gols perdidos não chegaram a fazer falta e, embora a defesa tenha voltado a sofrer um gol, a tão esperada dupla de zaga formada por Rodrigo Caio e Natan, enfim, estreou. E jogou bem. A tendência é que Ceni a efetive.
Outro jovem titular que correspondeu foi João Gomes. Nas ausências de Thiago Maia e William Arão deve ser mantido, apesar de a torcida sonhar com uma formação mais ousada, com Gerson, de primeiro volante, Everton Ribeiro e Arrascaeta, no meio-campo, e Gabigol, Pedro e Bruno Henrique, na frente. Num esquema de alta movimentação, a maior exposição do time talvez pudesse ser compensada pela união dos maiores talentos do grupo do meio pra frente. Não creio que Ceni ouse tanto, mas na parte final do duelo no Maracanã, o técnico chegou a juntar cinco dos seis. Gerson, poupado, saiu.
Se as contusões não atrapalharem, com praticamente todos os jogadores disponíveis, é inegável que o Flamengo ainda é um forte candidato ao título. O Brasileiro não tem mais um bicho-papão mas o atual campeão segue vivo na luta com o São Paulo, o Atlético Mineiro e, talvez, o Palmeiras, se a Copa do Brasil e a Libertadores não o atrapalharem.
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