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Leonardo Miranda
Os dois times são conhecidos por jogarem um futebol baseado em toque de bola e jogadas construídas. Quem vai impor seu modo de jogar nos dois duelos na Copa do Brasil?
Grêmio e São Paulo iniciam a disputa por uma vaga na final da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), com algo em mente: não vão desistir de ter a bola. Acompanhe aqui em Tempo Real, com vídeos exclusivos de lances e gols.
As equipes têm um DNA muito ofensivo e são conhecidas por sempre saírem jogando na base de toques curtos, paciência e posse de bola. Segundo dados do InStat, Grêmio e São Paulo tiverem maior percentual de posse de bola em seus últimos 12 jogos. Enquanto o time gaúcho tem uma média de 53% de posse em seus jogos, o Tricolor Paulista chega a 57%.
A posse é a mesma, já as ideias são bem diferentes
Apesar de ser muito valorizado, o índice de posse de bola, por si só, não indica muita coisa. Ele não mostra, por exemplo, em qual região do campo o time ficou com a posse, nem quantas vezes chegou ao gol. É importante contextualizar. Grêmio e São Paulo são duas equipes com um DNA ofensivo, mas têm maneiras bem diferentes de trabalhar a bola.
No caso do São Paulo, chama a atenção a forma como a equipe de Diniz inicia o jogo sempre a partir do goleiro, com dois meias entre os zagueiros para darem opção de passe ao companheiro. Pode ser Luan, Tchê Tchê, Daniel Alves… O desenho é sempre igual: meias pelo centro (em branco), dois zagueiros (amarelo) e dois laterais bem abertos, alargando o campo, num movimento que o Grêmio também faz com Victor Ferraz e Diogo Barbosa.
São Paulo tem dois meias entre os zagueiros na iniciação das jogadas — Foto: Reprodução/Léo Miranda
O Grêmio não costuma iniciar as jogadas com esses meias tão próximos entre si, mas também tem por característica fazer a zaga jogar mais com os pés. A mudança começa quando o time passa do próprio campo de ataque. Aí a forma como cada um trabalha a bola muda. Diniz treina muito as triangulações, como você vê na imagem. Jogadores sempre próximos da bola, aproximando e virando o corpo. Tudo com o intuito de manter a bola e ir desorganizando o rival.
São Paulo faz várias triangulações pelos lados e pelo centro — Foto: Reprodução/Léo Miranda
Já o Grêmio é um time que também faz essas triangulações, mas ganha muito quando um de seus atacantes rompe a linha adversária. Romper é o nome no “tatiquês” para quando um jogador pega a bola e parte para cima, deixando alguns adversários – e até uma linha defensiva – toda para trás. É o que Ferreira, Luiz Fernando e Pepê fazem. O forte do time é essa jogada, quando um atacante rompe e os outros se movimentam para se desmarcarem e fazerem o gol.
Ferreira recebe a bola e parte para cima, deixando o meio-campo do Vasco para trás — Foto: Reprodução/Léo Miranda
Cuidado com os cruzamentos rasteiros
Já sabemos que Grêmio e São Paulo são dois times que gostam de ter a bola. Um deles tem um jeito diferente de iniciar o jogo, com dois meias. O outro gosta de sair com os zagueiros. O São Paulo faz triangulações, o Grêmio gosta de ativar os atacantes. E como chegam na área? É aí que entra uma semelhança que certamente Diniz e Renato viram: os cruzamentos para a área.
São Paulo e Grêmio são times que abusam de jogadas de cruzamento. O Grêmio mais pelo alto, o São Paulo por baixo, rasteiro. Mas são times que adoram chegar por um lado e inverter a jogada para outro. Esse movimento é difícil de conter, porque a defesa sempre olha a bola e esquece algum adversário que sai correndo em direção na área.
No Grêmio, os laterais são fundamentais nessa jogada. E Diego Souza se destaca pela inteligência de posicionamento ao se deslocar e impor força física aos zagueiros.
Diego Souza e Pepê chegam na área para converter o cruzamento — Foto: Reprodução/Léo Miranda
Já no São Paulo, quem faz os cruzamentos podem ser qualquer um que esteja pelo lado. Os atacantes que ficam na área fazem um movimento diferente de Diego: eles se antecipam. Não tentam se impor fisicamente, mas colocam velocidade para receber a bola na frente e sem estar em impedimento. Quem é especialista em fazer esse movimento é Luciano, artilheiro do time e que pode jogar a semifinal.
Contra o Vasco, Luciano sai da zona de ação da zaga e fica livre para ir de encontro com o passe — Foto: Reprodução/Léo Miranda
O mapa da mina: como fazer gols em Grêmio e São Paulo?
Redobrar a atenção nos cruzamentos e manter a bola para que o adversário não fique com ele certamente foram temas que tiraram o sono de Diniz e Renato. Certamente eles também buscaram saber como cada time é mais vazado nos últimos meses. Onde estão as lacunas que podem aumentar a probabilidade de fazer um gol.
No São Paulo, a grande fraqueza é o contra-ataque. Dos últimos 12 gols sofridos, quatro foram em contra-ataques que o adversário retomou a bola e saiu rápido, com a defesa ainda pensando no que fazer.
Corinthians, Bahia, Vasco e Fortaleza fizeram gols assim, e o grande exemplo ao Grêmio é o Corinthians: a defesa do São Paulo fica com pouca gente. Um lançamento, como o de Cantillo, pode pegar todo mundo no contra-pé. Dica para Matheus Henrique…Como o São Paulo sofreu gols nos últimos 12 jogos.
Já os gols que o Grêmio sofreu foram de modo mais “democrático”. Há uma certa fraqueza em escanteios (2 gols sofridos assim) e também em jogadas de rebote ou ligações diretas. Ceará e Cuiabá conseguiram surpreender a defesa gremista com um passe longo, vertical, que tirou a zaga da jogada. Já Santos e Sport usaram o contra-ataque, que é uma arma típica de times com esse DNA de manter a bola.Como o Grêmio sofreu gols nos últimos 12 jogos
Apesar de ser o time que toca e toca, o São Paulo se tornou mais completo nos últimos meses. A “virada” do líder do Brasileirão foi contra o Atlético-GO. A partir dali, o São Paulo tornou sua posse de bola mais rápida e também fez gols de forma mais direta. Pode ser uma dica para Diniz surpreender o adversário.
Vão ser dois grandes jogos. No Grêmio, Kannemann retorna ao time para fazer dupla com Geromel e pode causar dificuldades aos atacantes do São Paulo, que por sua vez tem como grande mistério a escalação de Luciano. Diniz fez suspense, e se o atacante não for usado, Tchê Tchê entra na equipe e pode surpreender como foi contra o Atlético-MG.
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