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Às vésperas de deixar o cargo, presidente do Tricolor faz balanço da gestão.
Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, assumiu a presidência do São Paulo logo depois da renúncia de Carlos Miguel Aidar, em 2015. Era uma das mais graves crises institucionais da história do clube. Pouco depois, foi eleito para um mandato complementar ao de Aidar. Dois anos depois, venceu José Eduardo Mesquita Pimenta e alçado a mais três anos como presidente.
Nas maiores derrotas, como para o Mirassol, no Campeonato Paulista, foi apontado como culpado por parte da torcida. Seu mandato terminará no dia 31 de outubro. Dará lugar a Julio Casares ou Roberto Natel, ambos com participação ativa em sua gestão. Casares como membro do Conselho de Administração. Natel, vice-presidente.
Ambos, evitam o vínculo com a gestão de Leco – embora tenham. O presidente também não se envolveu na campanha. “Não é o papel do presidente.” Antes de sair do cargo, Leco aceitou conceder esta longa entrevista, por escrito. Ele garante que o São Paulo sai melhor do que encontrou. Também admite sua frustração: “É a mesma da torcida.”
Leco São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
PVC – O São Paulo sai melhor ou pior da sua gestão?
LECO – Certamente melhor. Em outubro de 2015, quando eu assumi pela primeira vez, o São Paulo vivia um dos momentos mais delicados de sua história. O clube não tinha crédito, não tinha patrocinadores, não tinha um projeto de futebol. Tudo convergia para uma trajetória ruinosa. Foi preciso ter muita serenidade e ao mesmo tempo muita firmeza para juntar os cacos.
Ao longo desses cinco anos, não tenho dúvida de que reestruturamos o São Paulo. Fizemos e aprovamos um novo Estatuto social, que é a Constituição do clube. Ele foi pensado para ser o arcabouço institucional da modernização do São Paulo pelas próximas décadas. O Estatuto estabeleceu um ambiente propício à profissionalização do clube, criou a figura do Conselho de Administração, que serve como contrapeso aos poderes do Presidente da diretoria, entre outras inovações.
Além disso, recuperamos o crédito e trouxemos de volta patrocinadores que nos deram condições de investir e competir em alto nível outra vez.
O desempenho de Cotia nos últimos anos foi excepcional. As categorias de base foram mais vitoriosas do que nunca nos últimos anos. E hoje vários de seus talentos estão fazendo a diferença no time principal. Há quanto tempo não víamos tantos jogadores oriundos da base como titulares do profissional?
Também modernizamos todas as áreas do Morumbi – do campo à arquibancada, dos novos vestiários e corredores ao anel comercial, da sala de imprensa, inteiramente nova, aos telões e à nova iluminação, toda em led. Reestruturamos ainda todo o complexo social do clube, como nunca na história do São Paulo. E passamos pelas dificuldades imensas de duas enchentes e da pandemia ainda em curso. Os sócios são testemunhas do trabalho realizado sob o comando do diretor Carlos Belmonte, e o resultado da eleição dos novos Conselheiros dão mostra disso e prova do reconhecimento.
Fizemos muita coisa, mas se você perguntar se estou satisfeito, a resposta só pode ser não, claro que não. A frustração do torcedor também é minha. A seca de títulos é incompatível com a grandeza do São Paulo. Mas acredito sinceramente que estamos no caminho certo e próximos de colher os frutos do trabalho que está sendo feito.
PVC – O que você pensa quando ouve alguém dizer que você é o pior presidente da história do São Paulo?
LECO – PVC, em nome do respeito que tenho por você e da relação cordial que sempre mantivemos, devo ser sincero: essa pergunta não faz justiça nem a mim nem a você. Nem gostaria de me estender muito sobre isso. A minha gestão, como a minha vida, foi pautada pelo amor ao São Paulo e pela correção. Esta é uma Presidência limpa. Não quero fazer alarde disso também. Acho que a pergunta tem mais a ver com os tempos que vivemos do que com uma avaliação ponderada do trabalho que realizamos. Aprendi a respeitar o trabalho que vocês fazem, mas também a não ter ilusões. Convivo de forma civilizada com as críticas, mesmo quando elas doem ou me parecem injustas. Mas fui submetido a linchamentos em diversas ocasiões. Não acho que isso seja saudável nem democrático. Estamos vendo como a cultura do ódio pode ser perigosa para um país. Eu te pergunto se o jornalismo não está sendo influenciado mais do que deveria pela lógica das redes sociais. E se essa influência não se converte muitas vezes numa distorção, onde o bom senso e a seriedade são sacrificados. Não é absolutamente o seu caso. Mas isso está por toda parte.
PVC – Por que o São Paulo chegou a perto de R$ 200 milhões de dívidas e R$ 500 milhões de obrigações?
LECO – Vamos por partes. Em 2019, depois de três anos de sacrifícios, nós fizemos um investimento maior no elenco. Contratamos o Tiago Volpi, o Daniel Alves, o Juanfran, o Tchê Tchê, o Vitor Bueno e o Pablo entre outros atletas que formam a base do elenco que hoje trabalha com o Diniz. Alongamos todos os contratos dos atletas que subiram de Cotia para o time principal. Estipulamos multas altas, para desestimular saídas precoces. Isso tudo foi feito com muito cuidado.
Ninguém contava com a tragédia sanitária que abateu o planeta, com consequências especialmente graves para o Brasil. O impacto da pandemia sobre as receitas do clube foi brutal. Deixamos de arrecadar cerca de 150 milhões, numa estimativa realista. Diante dessa nova e difícil realidade, fizemos vários esforços, entre eles um acordo muito bem sucedido de readequação salarial com o elenco. Os jogadores foram muito compreensivos porque sabem que estão lidando com uma gestão séria, onde as coisas são tratadas de forma sincera, sem marquetagem.
O ano de 2020 foi muito atípico. O São Paulo tem totais condições de reduzir a sua dívida nos próximos anos. Todo o elenco está com contrato alongado e seguro, o time está bem montado e voltamos a brigar por títulos.
PVC – Do ponto de vista econômico, foi certo contratar Pato e Daniel Alves? As operações financeiras montadas para situações assim são viáveis no futebol brasileiro?
LECO – Mesmo quando você pode contar com talentos que vêm da base, custa caro formar uma equipe competitiva, que seja capaz de disputar títulos no futebol brasileiro de hoje. Vivemos sempre pressionados entre a exigência da saúde financeira e a necessidade de ter um grande time. É um equilíbrio que precisa ser permanentemente buscado. Agora, qualquer investimento, mesmo os mais estudados, é por definição uma aposta. Não há como ter garantia prévia de algo que ainda não aconteceu. Isso não nos exime de responsabilidade enquanto dirigentes, pelo contrário.
Respondendo mais diretamente à sua questão, digo que a contratação do Daniel Alves foi um grande acerto desta gestão. Ele é um líder, um jogador voltado ao coletivo e um exemplo para o grupo. Contratar um atleta do nível de Dani é também um sinal de que o São Paulo está mais forte institucionalmente. Ele tinha ótimas opções na Europa. Não viria para o São Paulo se não tivesse sentido credibilidade no projeto que passou a integrar. Valores e princípios pesaram muito na decisão do Daniel.
Quanto ao Pato, ele havia tido uma passagem muito positiva pelo clube alguns anos atrás. Mesmo sendo um grande jogador, uma figura querida pela torcida, que pediu muito seu retorno, ele infelizmente não rendeu nessa segunda passagem aquilo que todos esperávamos. Isso acontece, é da vida, infelizmente. Ele é um bom garoto, espero que tenha sucesso.
PVC – Você começou sua vida política no São Paulo como diretor de base de uma gestão que deu origem ao time dos Menudos. Como avalia hoje o São Paulo revelar e vender para o Ajax, David Neres e Antony? E como avalia ter cinco titulares que chegaram de Cotia?
LECO – Eu vi de perto a ascensão de Silas e Muller. Meses antes de despontarem no time principal já era possível perceber que seriam craques. Mas há uma grande diferença entre os anos 80 e o cenário atual. Embora o futebol europeu já fosse mais rico, não havia o abismo financeiro que existe hoje em relação às possibilidades do futebol brasileiro. É um dado da realidade. A luta é muito desigual. Nós precisamos profissionalizar mais e mais o nosso futebol para que ele recupere parte dessa competitividade internacional.
A venda do David Neres, no início de 2017, foi uma imposição da realidade financeira do clube naquele momento. O São Paulo não ia ter dinheiro para honrar seus compromissos. O Neres rendeu ao clube mais de 20 milhões de euros, é bom lembrar. E eu relutei muito para vendê-lo. Não queria, não queria mesmo. E as pessoas que são próximas a mim sabem o quanto eu sofri com essa decisão. Às vezes o coração pede uma coisa, mas a realidade nos obriga a fazer outra. E você também não consegue segurar as pressões que vem do próprio jogador, das pessoas ligadas a ele, que veem numa negociação como essa a realização do sonho de uma vida, ou de várias vidas.
A situação do Antony foi diferente. Mesmo precisando do dinheiro para pagar os investimentos feitos, o São Paulo recusou propostas importantes para tê-lo em campo por mais uma temporada. Quando o vendemos, conseguimos retardar por seis meses sua liberação para o Ajax. A pandemia acabou anulando parte do empenho que fizemos. É claro que seria melhor termos um jogador como o Antony no elenco. Mas tenho muito orgulho dos atletas da mesma geração que vieram de Cotia e hoje são peças fundamentais do time principal. Diego Costa, Luan, Gabriel Sara, Igor Gomes, Brenner e Rodrigo Nestor, entre outros, que são verdadeiras jóias reveladas pelo clube.
PVC – Hoje, o elenco tem 50% vindo da base. O Grêmio tem política de ter primeiro resultado esportivo e depois financeiro, com suas revelações. Primeiro ganha títulos, depois negocia. É possível fazer isto no São Paulo?
LECO – Sim, é possível. Não por acaso que quase 50% dos titulares de Fernando Diniz são oriundos da base e protagonistas de uma equipe que disputa ponto a ponto os títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro. Em 2016, primeiro ano completo desta gestão, as categorias de base de Cotia bateram todos os recordes de títulos ganhos. Só no Sub-20, vencemos a Libertadores, a Copa do Brasil, o Paulista, a Copa RS e a Copa Ouro. Entre 2017 e 2019, vencemos novamente a Copa do Brasil, a Copa RS e a Copa Ouro, e ainda celebramos o título da Copa São Paulo do ano passado no Pacaembu. Muitos jogadores dessas gerações agora dividem o protagonismo da equipe com Daniel Alves, Luciano e Tiago Volpi, entre outros.
A razão da existência e o objetivo final do São Paulo é conquistar títulos, dar orgulho ao são-paulino. A saída de atletas formados em Cotia jamais foi o foco do nosso trabalho. Algumas vendas acabam sendo inevitáveis. O poderio financeiro da Europa é infinitamente maior do que o nosso e o mercado internacional reconhece o São Paulo como um centro de excelência na formação de atletas. São incontáveis os representantes de clubes europeus que ficam de olho fixo em Cotia. O esforço que fazemos para preservar nossos jovens talentos é imenso.
“É verdade que passamos por um período de soberba”
PVC – Por que o São Paulo passa a maior seca de títulos depois da conclusão do Morumbi?
LECO – Não há resposta simples para essa pergunta. Vou divagar um pouco buscando encontrar pistas na história recente do clube. O ciclo entre 2005 e 2008 foi extremamente vitorioso. Campeão paulista, campeão da Libertadores, campeão do Mundo, tricampeão brasileiro. Nenhum outro clube chegou perto desse êxito no Brasil neste século. Eu fazia parte da gestão do Juvenal Juvêncio, acompanhei tudo de perto. O fato é que tanto sucesso acaba trazendo consequências negativas se a gente não tomar cuidado. E a verdade é que o São Paulo passou por um período de soberba. Eu gostava muito do Juvenal, fico um pouco constrangido de fazer críticas públicas porque ele não está mais entre nós, mas eu me permito dizer isso porque falei a ele na ocasião que o terceiro mandato seria um erro. E foi. O clube fez uma manobra estatutária casuística para permitir que ele continuasse sendo presidente. E o artífice dos meandros jurídicos dessa manobra seria depois recompensado e eleito presidente, com a ajuda do próprio Juvenal. Depois brigaram, vieram as denúncias e o Carlos Miguel se viu obrigado a renunciar. Isso tudo foi muito traumático, muito desgastante para a instituição.
Quando eu assumi o clube estava em frangalhos. Passamos três anos reconstruindo um São Paulo que estava moralmente dilacerado. Entre outubro de 2015 e final de 2018, fizemos um enorme esforço de recuperação de crédito, de imagem e de patrocinadores. Isso nos permitiu fazer a reestruturação financeira: mudamos o perfil da dívida, tornamos o clube mais equilibrado. Mas, para devolver ao São Paulo a condição de investir no mercado e voltar a competir em alto nível, tivemos que apertar as contas nos primeiros anos. É evidente que isso afeta o futebol. Mesmo assim, em 2016 chegamos a uma semifinal de Libertadores com o time comandado por Bauza. Por pouco, talvez por uma expulsão injusta no Morumbi, não conseguimos um resultado que nos colocaria na final contra o Independiente del Valle.
Também não quero me eximir de erros cometidos. Não vou citar nomes, mas até a chegada do Raí fiz escolhas para dirigir o futebol que infelizmente não deram certo. O Raí está completando este mês três anos no comando do futebol. Não é pouco, principalmente para os padrões brasileiros. Como eu, ele também foi muito criticado em alguns momentos. Mas acredito que as pessoas veem hoje com mais clareza como foi importante tê-lo mantido esse tempo todo. O São Paulo criou uma identidade, criou um grupo, criou relações sólidas de trabalho. Raí e Alexandre Pássaro, gerente executivo de futebol, têm muita responsabilidade nisso. Sou grato ao trabalho deles.
Eu tinha convicção de que a seca de títulos terminaria este ano. A pandemia acabou adiando essa expectativa. Quando voltamos, depois da parada, tivemos reveses que não estavam no programa. Mas, apesar do baque, soubemos manter o foco, suportando as pressões. Vejo que o São Paulo está mais forte, disputando dois títulos importantíssimos. Quando os campeonatos acabarem, eu não estarei mais na presidência, mas isso não tem nenhuma importância. O que importa é a vitória do São Paulo.
PVC – Qual foi o grande erro da gestão nesses três anos em que o Raí esteve à frente do futebol?
LECO – Eu não tenho muita dúvida. Foi um erro compartilhado. Não deveríamos ter demitido o Diego Aguirre na reta final do Brasileiro de 2018. O time havia feito uma campanha muito boa até a parada da Copa do Mundo, acabou o primeiro turno na liderança. Houve uma queda de rendimento na retomada, perdemos posições, acabamos nos classificando para a pré-Libertadores. Havia sinais de que o comando do Aguirre sobre o grupo estava desgastado. E aí tanto o Raí quanto eu apostamos que tinha chegado a hora do Jardine, que vinha de um trabalho excepcional em Cotia, tem uma visão muito moderna de futebol, é um estudioso, um profissional muito dedicado e consistente. Na prática as coisas não saem como você imagina.
PVC – A sua campanha falava em profissionalismo e transparência. Isto se cumpriu?
Sim, tenho certeza de que avançamos muito. Até dezembro de 2016, o São Paulo era regido por um Estatuto Social que permitia ao Presidente e à Diretoria a condução do clube sem prestar esclarecimentos detalhados sobre as decisões da administração. Em janeiro de 2017, por obra desta gestão, isso mudou. Passamos a gerir o clube segundo as disposições de um Estatuto novo e moderno, aprovado em assembleia geral de sócios. A nossa atual Constituição eliminou o direito do Presidente à reeleição, acabou com os vice-presidentes conselheiros que comandavam cada departamento sem dedicação exclusiva ao clube e implementou a diretoria profissional. Criamos o Conselho de Administração, e hoje o São Paulo tem órgãos independentes da diretoria-executiva, pelos quais são apreciados todos os contratos celebrados pelo clube. Não tenho dúvidas de que hoje o São Paulo é mais profissional e transparente, mais correto, fiscalizado e auditado. Espero que esse processo seja aprimorado na próxima gestão.
PVC – Julio Casares é membro do seu conselho de administração. Roberto Natel, seu vice-presidente. Qual dos dois tem mais condição de ser o próximo presidente do São Paulo? E qual tem mais chance de fazer o São Paulo voltar a ser campeão?
LECO – Eu não me envolvi na campanha. Acredito que não seja esse o papel do Presidente. Devemos zelar pela instituição, pela manutenção das regras no processo político. Mas todo mundo sabe que o vice-presidente atuou contra a gestão desde o momento em que fomos eleitos. Eu lamento muito. Respondendo à sua pergunta, quem tem mais condições de ser o próximo Presidente é o Julio Casares. A eleição de 100 conselheiros pelos sócios recentemente deu a ele amplo favoritismo na eleição do próximo sábado. Da minha parte, colocarei a estrutura administrativa do São Paulo à disposição do eleito para que tenhamos uma transição tranquila, sem nenhum sobressalto. Até porque estamos no meio de dois campeonatos, disputando títulos.
PVC – O São Paulo tem hoje onze facções políticas. Isto faz bem ou mal ao clube?
LECO – Se você me permite, não são facções. A palavra tem uma conotação pejorativa, e a ampla maioria do Conselho é composta por pessoas quem amam o clube e se dedicam a ele. O que existem são grupos políticos, ou partidos, se você preferir. Aglutinam pessoas com vínculos ou afinidade de ideias. Seria melhor que houvesse menos grupos, que o Conselho fosse menos fragmentado, mas não vejo isso como um grande problema. Temos agora 100 novos conselheiros, o que ajuda a arejar as discussões. E eu pessoalmente gostaria de ver mais mulheres sendo eleitas para o Conselho, mas hoje, se não me engano, já temos dez. O futebol é parte da sociedade e o São Paulo não deve se fechar ao que se passa no mundo.
“Tudo o que eu disse sobre Fernando Diniz não será suficiente para exprimir minha admiração por ele”
PVC – Qual sua avaliação do trabalho de Fernando Diniz?
LECO – Tudo o que eu disser sobre Fernando Diniz não será suficiente para exprimir minha admiração por ele. Tive a alegria de conhecê-lo e a felicidade de poder trabalhar com ele. É uma pessoa rara, transparente, direta, que se preocupa com cada uma das pessoas e pensa na instituição. Tivemos uma grande empatia e temos valores em comum. A conversa com ele é fácil. Eu o considero um excepcional treinador. Tem uma ideia clara de jogo e não mede esforços para colocá-la em prática. O tempo está fazendo com que amadureça, como acontece quando se tem talento.
Quando fomos desclassificados no Paulista, houve muita pressão para que eu o demitisse. Pressão da torcida e dentro do clube, por parte de conselheiros e até de diretores. Raí e eu nunca tivemos dúvidas de que devíamos resistir. Fui a Cotia conversar com Diniz dias depois da desclassificação. Era um sábado, o time estava treinando pela primeira vez após a derrota. Estávamos todos muito abatidos com o fiasco diante do Mirassol, mas eu senti que havia compromisso naquele grupo. Diniz e eu almoçamos juntos e conversamos bastante. No final do almoço, o Dani, que estava em outra mesa, com os demais jogadores, veio se sentar com a gente. Queria falar comigo. Acabou fazendo um discurso que deve ter durado uns dez minutos. Foi muito positivo. Ali, na presença do Diniz, renovamos o pacto de que aquele grupo iria correr atrás do prejuízo e dar a volta por cima. Foi um momento marcante. Eu deixei o CT de Cotia convicto de que era isso o que tinha de ser feito.
Meu mandato termina em menos de um mês. É normal que aquele que venha ocupar meu lugar tenha suas próprias ideias. Mas eu tenho a expectativa de que a estrutura do futebol seja mantida intacta até o fim do Brasileirão, pelo menos. Há uma dinâmica de trabalho que não deveria ser interrompida.
PVC – O que falta para o São Paulo voltar a ter um ciclo de vitórias?
Falta um título que lave a alma da instituição e do são-paulino, que tire dos ombros o peso pelos anos de espera. Hoje o São Paulo tem mais condições de conquistar esse título. E eu espero poder ter essa alegria no início do ano que vem, como ex-presidente, na condição de torcedor apaixonado que sempre fui.
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