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Dirigente julga que o mais correto a fazer é a transição até o final do Brasileirão: “Não sei se outro executivo aguentaria três anos”.
O contrato de Raí com o São Paulo termina no dia 31 de dezembro, e a tendência é que a nova gestão assuma sem manter ninguém da diretoria anterior. Mas ainda há uma hipótese de o candidato vencedor nas eleições deste sábado fazer um comitê de transição.
Julio Casares é o favorito para ser o novo presidente na disputa com Roberto Natel e sua nova diretoria terá Muricy Ramalho como coordenador e Rodrigo Caetano como mais provável diretor executivo — Rui Costa, que trabalhou no projeto do Grêmio de alavancar as divisões de base, é um dos nomes também.
Raí não pretende sair antes de 24 de fevereiro, data do final do Brasileirão. Ou melhor, entende que a lógica é haver a transição com o grupo atual, mesmo agregando alguns dos novos dirigentes.
– Gostaria de terminar a temporada. Agregar elementos, mas o mais lógico seria seguir com nosso grupo atual até o final do Brasileiro – disse Raí.
Depois, quer descansar:
– Foram três anos e, neste cargo, não tem folga, não tem final de semana. Não sei se outro executivo aguentaria três anos – acrescentou.
Raí, diretor executivo de futebol do São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
Ele não fala sobre suportar a pressão sobre suas costas, mas sobre como o cargo impõe pressão sobre os ombros de quem precisava decidir mantê-lo ou afastá-lo do cargo.
– Coloquei meu prestígio em jogo e sabia que haveria arranhões. O prestígio não é a coisa mais importante da minha vida.
O mais importante, na opinião dele, é a manutenção do processo de profissionalização do São Paulo, iniciado em 2017 com a aprovação do novo estatuto do clube.
Pelo documento, é possível a separação do clube social do departamento de futebol. Há muita disputa dentro do clube para quebrar este caminho. Há um ano, uma árdua briga de bastidores ameaçou derrubar Raí. Houve quem desse até o nome do novo diretor de futebol. Raí resistiu. Não se tratava de manter o dirigente, mas a ideia de profissionalismo. Até hoje, ela venceu.
– Todo processo de mudança tem resistência e tem as pessoas que lutam pelo modelo conservador – disse Raí. sem deixar claro que entendeu sua fritura.
Depois, afirmou ter ouvido de empresários internacionais que o São Paulo tem condição de se modernizar a ponto de ser um dos mais importantes clubes do planeta. Pela cidade onde está localizado, pela estrutura que possui. Mas é preciso ter coragem de avançar na profissionalização.
– No Brasil, ninguém fez o processo bem feito e, por isso, muitos clubes ainda seguem sendo competitivos. Mas o São Paulo sempre foi pioneiro e precisa voltar a ser vanguarda.
Hoje, os rumos parecem semelhantes aos do Grêmio. Ou seja, descobrir e formar jogadores, conseguir resultado esportivo com eles e, só depois disso, alcançar resultado financeiro, com as vendas. Os gremistas têm bons resultados, mas Raí entende que o São Paulo pode mais.
– As vendas têm de ser um plus. O São Paulo decidirá quando e quem vender.
Será assim desde que se avance para o modelo profissional. É o que Raí prevê cono possibilidade para o São Paulo.
Por que não conseguiu isto ainda?
– Quando cheguei, em 2017, recebi o orçamento do ano seguinte com a previsão de arrecadar R$ 100 milhões com vendas de atletas – recordou Raí.
Na época, Rodrigo Caio era o único titular vindo da base. Às vezes, Militão. Hoje, são quatro formados em Cotia que formam o time líder do Brasileirão: Luan, Gabriel Sara, Igor Gomes e Brenner. Há pouco tempo, Diego Costa também era titular absoluto.
Raí em entrevista no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
Raí enxerga em Fernando Diniz um pouco de Telê Santana. Pela capacidade de aperfeiçoar jogadores e de insistir num modelo de jogo que acredita, para jogar no ataque.
– É verdade que os jogadores pediram sua contratação, mas após a saída de Cuca ele era nosso primeiro nome. Para mantê-lo, suportamos mais pressão até do que na época do Aguirre ou do Jardine. Mantivemos, porque percebemos o crescimento, mesmo com quedas duríssimas.
Refere-se, é claro, às eliminações do Paulista, Libertadores e Copa Sul-Americana.
A demissão de Aguirre foi, na opinião de Raí, o maior erro. Justifica dizendo que se percebia a queda de rendimento e de respostas do elenco. Diniz tem repertório maior, também. Outra razão para tentar mantê-lo. Não entende que a efetivação de André Jardine tenha sido um equívoco:
– Foi um risco, não foi precipitação.
Raí entende que o grupo de jogadores é maduro o suficiente para seguir até o título brasileiro, mesmo que não aconteça o que julga o mais correto, ou seja, a transição para a nova diretoria com a presença do grupo atual, com ele na companhia de Alexandre Pássaro.
Diz que há líderes, importantíssimos para que a filosofia frutificasse. Juanfran, Daniel Alves, Hernanes, Tiago Volpi e Reinaldo são citados.
– O grupo está maduro, mas nunca saberemos como será, se houver a mudança total em janeiro. O mais sensato parece ser seguir com todos trabalhando juntos até o final da temporada.
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