Com Crespo no banco, São Paulo tem uma oportunidade de mostrar que mudou para melhor

122

GloboEsporte

Martín Fernandez

Clube fez sacrifício para bancar vinda do técnico, agora precisa deixá-lo trabalhar.

O que Hernán Crespo pode oferecer ao São Paulo como treinador foi antecipado pelo Léo Lepri aqui, dissecado pelo Leonardo Miranda aqui e contextualizado por Alexandre Lozetti aqui. A partir dos próximos dias, o clube começa a responder: o que Hernán Crespo pode esperar do São Paulo?

Publicidade

A gestão de Julio Casares tem pouco mais de 40 dias, provavelmente o período mais turbulento desde a traumática saída de Carlos Miguel Aidar, derrubado da presidência em 2015 por suspeitas de corrupção (que ele nega). O São Paulo teve que esperar até 14 de fevereiro para ganhar o primeiro jogo do ano, foi alvo de um atentado da própria torcida e se despediu de um título que chegou a ver de perto.

A contratação de Crespo é uma tentativa de colocar o futebol de volta aos trilhos. Enquanto isso, a gestão Casares tenta oferecer as melhores condições possíveis para o argentino poder trabalhar. Desde 1º de janeiro esforços são direcionados para cortar até 10% dos custos de cada setor.

Hernán Crespo com a taça da Sul-Americana — Foto: Marcelo Endelli/Getty Images

Hernán Crespo com a taça da Sul-Americana — Foto: Marcelo Endelli/Getty Images

Os profissionais contratados para substituir os que deixaram o clube têm um teto salarial que não pode superar 70% do que recebiam seus antecessores. A regra não vale para Crespo, que ganha mais do que Diniz e trouxe uma comissão técnica maior – cinco auxiliares, ante três do ex-técnico. A ideia é que os cortes ajudem a cobrir essa diferença.

Tão ou mais importante do que isso é o São Paulo demonstrar a Crespo que ele terá condições de levar suas ideias ao campo, ainda que elas demorem para dar resultado. A primeira tarefa dada ao argentino será a de limpar a área, escolher quem fica, quem sai e quem deve chegar, um processo no qual poderá contar com o coordenador de futebol Muricy Ramalho.

A escolha dos reforços terá que ser criteriosa, já que há apenas R$ 37 milhões previstos no orçamento para contratações. Quem conversou com dirigentes do São Paulo no feriado de Carnaval ouviu deles que Crespo terá seus pedidos atendidos, mas com parcimônia.

Jogadores do São Paulo comemoram gol contra o Grêmio — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Jogadores do São Paulo comemoram gol contra o Grêmio — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

A contratação de um técnico jovem, com ideias arejadas, dono de um título grande com um time muito mais modesto do que o São Paulo, é uma interessante carta de intenções da gestão de Julio Casares. O clube precisa deixar para trás – e para outros resolverem – o falso dilema sobre Fernando Diniz: o São Paulo só brigou pelo título por causa dele ou só perdeu o título por causa dele?

Não faz muito que um técnico do São Paulo recebeu uma mensagem do então presidente com o recado: “Pare de inventar”. Casares, Carlos Belmonte, Rui Costa e Muricy Ramalho têm a missão de garantir que esses tempos ficaram para trás. O São Paulo precisa provar que a aposta em Crespo não é uma ilusão, e que o trabalho não será interrompido no primeiro tropeço ou na segunda derrota.

LEIA TAMBÉM: