Gabriela Brino e Thiago Fernandes – Do UOL, em Santos e São Paulo
Fernando Diniz foi oferecido ao Santos nos últimos dias, mas a diretoria sequer quis conversas sobre a possibilidade de o treinador assumir o lugar de Cuca, com contrato até o fim do Campeonato Brasileiro. O ex-técnico do São Paulo estava na lista de opções do presidente Andres Rueda, mas, segundo apurou o UOL Esporte, os problemas de relacionamento no Tricolor paulista foram decisivos para descartá-lo.
O Comitê de Gestão do Peixe ficou receoso com a postura do treinador depois do episódio de xingamentos direcionados a Tchê Tchê em derrota para o Red Bull Bragantino e a proteção de Daniel Alves, em baixa na época. Por ter um elenco muito jovem e um vestiário unido, os dirigentes não quiseram arriscar, por isso não abriram negociações.
Lisca x Tiago Nunes: Santos liga alerta e pesa rejeições interna e externa
Além de Diniz — que não foi procurado, mas esteve entre as opções —, Hernán Crespo, contratado pelo São Paulo, Tiago Nunes, descartado, Lisca, com negociações encerradas, Sebastián Beccacece, que fechou com o Defensa y Justicia, e Miguel Ángel Ramírez apalavrado com o Internacional, foram alguns profissionais contatados pelo Santos. Ariel Holan é o principal alvo no momento.
Mas, mesmo com negociações em andamento, é cogitada a possibilidade de Marcelo Fernandes dirigir o time no início do Campeonato Paulista. A intenção é economizar e ganhar ainda mais tempo para contratar o treinador certo. O problema, porém, é que o auxiliar não é unanimidade no Comitê de Gestão.
Diniz deixou o Morumbi com salários de R$ 300 mil por mês. Com o restante de sua comissão técnica — os auxiliares Márcio Araújo e Eduardo Zuma e o preparador físico Wagner Bertelli —, o valor subia para cerca de R$ 500 mil mensais. O acordo era todo baseado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Não havia, portanto, pagamento de direitos de imagem como PJ (Pessoa Jurídica).
Ao sair do São Paulo, o treinador chegou a receber procura de outros clubes. O Botafogo é um dos interessados em contar com o comandante no mercado da bola. A conversa com os cariocas, contudo, ainda é incipiente.
O estafe de Fernando Diniz alega não ter propostas oficiais pelo comandante e diz que não se movimentou no mercado a fim de levá-lo para uma nova equipe. No entanto, não descarta que outros agentes tenham agido e tentado levar o comandante para outro clube após a saída do Tricolor paulista.
Os bastidores de Diniz no São Paulo
Em sua passagem pelo São Paulo, Fernando Diniz ganhou destaque negativo por causa de reações exageradas às margens do gramado com os atletas. O caso mais marcante, contudo, foi com Tchê Tchê, na derrota por 4 a 2 para o Red Bull Bragantino. O técnico se referiu ao atleta como “mascaradinho do c***, perninha do c***”. O meio-campista se incomodou com o ocorrido, e o treinador tentou se redimir, pedindo desculpas até para os familiares do volante.
A tentativa do comandante foi em vão. Após o ocorrido, Fernando Diniz viu os bastidores do CT da Barra Funda mudar completamente. A animação do dia a dia deu lugar a um ambiente mais pesado, e o que anteriormente era relevado por seus atletas passou a ser reparado no cotidiano.
A ala mais jovem do plantel entendia que Diniz costumava poupar o camisa 10 de broncas em público, mesmo em erros do meio-campista que resultaram diretamente em gols do adversário. Havia um incômodo interno pela diferença de tratamento.
A situação foi parar nas mãos do antigo executivo de futebol do clube, Raí. O ex-dirigente, contudo, tentou colocar panos quentes à época, mas não obteve sucesso em sua ação nos bastidores.
Em que pese a dificuldade de relacionamento no fim de sua passagem pelo São Paulo, Diniz chegou a ganhar o grupo e levar o time à liderança do Brasileiro. Sem falar sobre futebol, o técnico conseguiu se aproximar dos jogadores e virar um verdadeiro conselheiro do grupo.
Um caso de bastidores também é protagonizado pelo técnico e por Tchê Tchê. Depois de trabalharem juntos no Audax, seguiram amigos. O volante se acostumou com os conselhos do treinador e seguiu o procurando no decorrer da carreira. Isso aconteceu em sua passagem pelo Palmeiras e também no Dínamo de Kiev, da Ucrânia. Eles voltaram a trabalhar juntos no São Paulo, em 2019.
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