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André Rocha
O primeiro tempo do “Choque-Rei” no Morumbi foi de arder as retinas. Um Palmeiras apostando apenas em bolas longas de Felipe Melo e Patrick de Paula para os pontas Rony e Wlllian ou Luiz Adriano na referência para reter a bola, esperando a aproximação de Raphael Veiga. Mesmo insistindo com jogo mais direto, o time de Abel Ferreira ainda terminou os primeiros 45 minutos com mais posse de bola (53%).
Porque o São Paulo, com o treinador interino Marcos Vizolli, abriu mão de trabalhar a bola, em nítido contraponto ao estilo de Fernando Diniz. Nenhum problema em definir mais rapidamente os ataques, porém a queda na produção ofensiva é nítida. Mesmo com a luta de Luciano, circulando às costas dos volantes adversários e encostando no centroavante. Primeiro Carneiro, que saiu lesionado aos oito minutos, depois Pablo.
O problema é que o ataque ficou menos móvel e imprevisível. Depender da rapidez e da criatividade de Juanfran no corredor direito, sem companhia de Tche Tche para tabelas e ultrapassagens, é perda de tempo. Ou quase, já que foi do espanhol o cruzamento para Igor Gomes protagonizar a finalização mais perigosa. Mas nenhuma no alvo em cinco tentativas, três são-paulinas.
Chamaram atenção os 14 duelos aéreos vencidos pelos palmeirenses, contra apenas dois. Também porque o time do Morumbi não é equipe de cruzamentos e ligações diretas para ganhar por cima. E ainda poderia ter saído para o intervalo com desvantagem no placar, mas Leandro Vuaden ignorou o pênalti claro de Bruno Alves sobre Luiz Adriano. Para desespero de Abel, com comportamento cada vez mais parecido com o dos técnicos brasileiros nas reclamações constantes contra a arbitragem. Com ou sem razão.
O cenário de jogo fraco, embora mais intenso, só mudou no segundo tempo depois do gol de pênalti de Luciano – o cruzamento de Toró, que entrou na vaga de Igor Gomes, bateu no braço de Mayke, em infração marcável, mas bem menos que a negada por Vuaden ao time alviverde. O atacante do São Paulo chegou aos 17 gols, igualando a artilharia com Marinho, Thiago Galhardo e Claudinho.
O grande mérito do Palmeiras foi não desistir. Breno Lopes de novo foi opção interessante de velocidade pela direita no lugar de Willian, com Rony trocando de lado. Lucas Lima e Gustavo Scarpa substituíram Veiga e De Paula. Nenhuma evolução clara no desempenho, apenas a persistência na busca do empate, que veio no chute de Rony que desviou em Luan e saiu do alcance de Tiago Volpi. O Palmeiras terminou com 58% de posse e oito finalizações a sete, mas apenas duas no alvo contra três do rival. Foram 120 bolas longas na partida, 66 do time visitante. O empate foi condizente com o que (não) foi o jogo.
Para sepultar de vez as chances de título do São Paulo. Antes possível ao menos na matemática. Um “sonho bizarro”, considerando o clima de transição, com o novo técnico Hernán Crespo já no Brasil. Seria o último e maior absurdo desse Brasileiro inusitado, sem precedentes. O Palmeiras evitou com o empate conquistado pela luta, apenas dois dias depois da derrota para o Coritiba. Importante no ânimo por conta da rivalidade, mas é preciso render mais com a final da Copa do Brasil no horizonte. A culpa maior pelo jogo feio no Morumbi, porém, foi do São Paulo, que ainda tinha um objetivo concreto e já fez bem mais no campeonato e na temporada. Sobrou pouco, quase nada.
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