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Renato Mauricio Prado
Que tirada infeliz a do novo presidente do São Paulo, Julio Casares, ao dizer que o Paulistinha deste ano é uma Copa do Mundo para o seu clube, sedento por títulos, após um incômodo jejum nos últimos oito anos! Tal arroubo, pelo que se tem visto, pode levar seus titulares a um desgaste absurdo e desnecessário, no início de uma temporada tão difícil como será a de 2021, pior até do que a de 2020.
Por conta do desejo expresso pelo cartola mor do Morumbi, o novo técnico, o argentino Hernán Crespo, começou o trabalho já escalando força máxima nas duas primeiras rodadas do estadual (empate com o Botafogo e vitória, por goleada, sobre a frágil Inter de Limeira). E, ao que tudo indica, seguirá mandando a campo a melhor formação possível, embora isso esteja longe de ser o mais indicado, no momento.
Não custa lembrar, o São Paulo chegou a liderar o Brasileiro 2020, com sete pontos de diferença para o segundo colocado, mas, simplesmente, “derreteu” na reta final. “Virou o fio”, como se costuma dizer na gíria esportiva, quando um atleta ou um time inteiro passa do ponto ideal de preparação física e técnica e começa a cair acentuadamente de rendimento.
Há toda uma biblioteca esportiva que trata do assunto e é baseada nela que os bons treinadores dão especial cuidado ao planejamento das metas de suas equipes, com pré-temporadas, períodos de “polimento” e etc, a fim de chegar ao ápice da forma nos momentos mais importantes do ano. Tendo pela frente uma Libertadores, um Brasileiro e uma Copa do Brasil, como o São Paulo pode achar que “sua Copa do Mundo” é o Paulistinha? Não faz o menor sentido.
Bem treinado e preparado, esse elenco tem condições de brigar por algo muito maior. Mas se emendar uma temporada na outra, esfalfando jogadores que já se mostravam exaustos, nas últimas rodadas do Brasileiro, vide a derrocada na hora H (com direito até à derrota para o lanterna Botafogo!), são grandes as possibilidades de passar mais um ano sem ganhar bulhufas. Nem a “Copa do Mundo” do Estadual, sonhada por Casares. O que, aliás, pode ser motivo de gozação das torcidas adversárias, pela importância sem sentido que o dirigente deu ao torneio.
Flamengo, Fluminense, Internacional, Atlético Mineiro, Santos, Palmeiras, Grêmio, Athletico Paranaense e tantos outros, começaram os estaduais com reservas e jogadores jovens, dando descanso e planejando mini pré-temporadas com seus elencos principais. Estarão todos eles errados e somente o São Paulo certo?
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