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Eduardo Rodrigues
Volante volta ao Fluminense por empréstimo e não terá mais vínculo com paulistas no fim do ano.
A renovação do empréstimo de Hudson ao Fluminense até o fim deste ano faz com que o volante não vista mais a camisa do São Paulo, com quem tem contrato até 31 de dezembro. Ao todo, serão sete anos de vínculo com o time paulista, entre idas e vindas.
Depois de jogar pela equipe carioca no ano passado, Hudson poderia fazer sua última temporada de contrato no São Paulo. Ele até retornou ao CT da Barra Funda por força de contrato, fez treinos, reviu os companheiros, mas não permaneceu no elenco de Hernán Crespo.
Quem o comunicou da decisão foi o coordenador de futebol Muricy Ramalho:
– Eu não queria atrapalhar o ambiente do São Paulo, não queria atrapalhar o clube e não queria que eles atrapalhassem a sequência da minha carreira. E foi muito bem conversado, o Muricy é um cara que me conhece, me levou ao São Paulo, um cara que eu respeito muito. Hoje ele tem um cargo importante lá dentro, mas a gente sabe que o treinador é o maior responsável pela montagem do elenco. E ele foi sincero, falou que era para eu seguir meu caminho – disse Hudson.
Hudson em treino do São Paulo — Foto: Divulgação São Paulo
Apesar da despedida discreta e com pouca badalação, Hudson admite que não ficou nenhum tipo de frustração com o São Paulo pela forma com que sua passagem irá se encerrar.
Contratado em 2014 do Botafogo-SP, o jogador disputou 198 jogos com a camisa do São Paulo e marcou seis gols. Foram cinco temporadas completas pelo Tricolor e dois empréstimos (Cruzeiro, em 2017, e Fluminense, em 2020).
– Confesso que não tenho frustração. Claro que eu queria levantar muito um título pelo São Paulo, mas sou muito grato ao clube. Sempre fui muito comprometido, responsável com a instituição. Eles me colocaram no cenário da elite do futebol brasileiro, eu só tenho que agradecer ao São Paulo. E o futebol tem isso de momento, de troca de treinador, de pensamento, de filosofia, do que eles já têm no grupo. Acredito que em nenhuma vez eu estive inserido em planos para voltar – disse o volante.
Após tantos jogos e temporadas com a camisa Tricolor, Hudson viveu momentos de altos e baixos. Em 2016, o jogador chegou ao auge de sua trajetória no clube. Titular absoluto de Edgardo Bauza, ele foi o capitão da equipe na Libertadores daquele ano.
E o momento mais marcante na passagem de Hudson pelo São Paulo foi justamente naquela edição do torneio continental:
– Acredito que tenha sido na Libertadores de 2016, contra o Atlético-MG lá, que a gente conseguiu a classificação em um jogo muito difícil. Foi o jogo que a Conmebol me premiou como melhor em campo e a gente fez um campeonato muito bom. Acho que o São Paulo surpreendeu a todos naquele ano. Chegamos na semifinal e jogamos de igual para igual com o Atlético Nacional, o campeão daquela edição. Esse foi o momento que mais me marcou, que eu poderia falar que foi o auge – recordou.
São Paulo perde para Atlético-MG por 2 a 1, mas consegue classificação na Libertadores
Mas nem tudo foi alegria na trajetória do jogador pelo clube. As inúmeras eliminações, algumas até de forma vexatória, marcaram a lembrança dele. A mais dolorida aconteceu em uma final…
– Um dos momentos mais duros foi ter perdido o título Paulista de 2019 para o Corinthians. Aquela derrota, com gol no finalzinho, foi bastante dolorida. A gente tinha um time jovem, que estava se reconstruindo e que demonstrava muito potencial. A maioria dos jogadores está jogando hoje aí. E foi muito triste. Foi difícil chegar no vestiário aquele dia, olhar para todo mundo, receber aquele troféu de vice-campeão. Foi dolorido. O Raí teve que convencer a gente para subir no gramado de novo e cumprir o protocolo, enfim…
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Hudson conviveu com o período de seca de títulos do São Paulo. A última conquista do Tricolor foi em 2012, com a Sul-Americana. De lá para cá, os tropeços se tornaram recorrentes nas competições.
Aos 33 anos e com toda a experiência vivida no clube, Hudson acredita que o jejum de conquistas se deve muito à falta de tranquilidade e blindagem dos jogadores que vestem a camisa nos momentos mais cruciais:
– No São Paulo, como é um clube acostumado a ganhar títulos importantes, esse jejum vai se tornando pesado. A cada campeonato, ano que passa, os jogadores até certo ponto sentem isso em determinados momentos das competições. Acho que tem que procurar dar tranquilidade para eles.
– Qualidade não falta, demonstram isso. Precisa de mais tranquilidade, de uma blindagem maior, de segurança para que as interferências externas não causem efeito no time dentro de campo. Acredito que blindando bem a equipe, o São Paulo tem a chance de ganhar um título importante – comentou Hudson.
Agora distante fisicamente do Tricolor paulista e próximo de ver seu contrato se encerrar, Hudson se despede da torcida.
– Eterno agradecimento por todas as vezes que foram ao Morumbi, que cantaram meu nome, as vezes que me apoiaram, que me incentivaram. Nas vezes que me criticaram também, para que eu pudesse melhorar. Essa torcida que vai ficar sempre na minha memória, no coração. Fica só o agradecimento por todo o apoio e ter participado de toda a minha carreira. Fica o agradecimento.
Hudson se apresentou ao Fluminense na última quarta-feira para iniciar a preparação para a disputa do Campeonato Carioca.
Hudson em jogo do São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
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