UOL – Marcel Rizzo
A Conmebol gostaria de vacinar contra a covid-19 pouco mais de 4 mil profissionais ligados ao futebol, entre jogadores e membros de comissões técnicas de seleções e clubes, até junho, quando as fases de grupos da Libertadores e da Sul-Americana acabam e começa a Copa América da Argentina e da Colômbia. Imunizar os participantes do torneio de seleções é o objetivo principal da entidade neste momento.
A confederação anunciou nesta terça-feira (13) que receberá do laboratório chinês Sinovac a doação de 50 mil doses em um acordo feito com participação do governo do Uruguai — os laboratórios que produzem a vacina ainda não negociam com entidades privadas. Mas como será feita essa vacinação?
A realidade é que a Conmebol tem um plano bem superficial neste momento, principalmente por causa da legislação diferente de cada país para aplicação das vacinas. A ideia é ceder as doses para cada associação membro. No Brasil a distribuição seria feita via CBF, mas como? A Conmebol orientou o departamento jurídico de cada filiado a avaliar a melhor forma de se fazer isso.
No Brasil há perguntas:
1 – Uma lei que permite que instituições privadas comprem vacinas foi aprovada, mas é necessário que metade das doses seja doada para o SUS. A CBF faz parte do setor privado, portanto teria que doar vacinas ao governo federal. Mas como e quantas doses?
2 – A vacina da Sinovac, que no Brasil é produzida em parceria com o Instituto Butantan, foi a primeira aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em janeiro, mas por enquanto tem apenas o registro emergencial para ser aplicada em grupos prioritários, como idosos, profissionais de saúde e pessoas com comorbidades. Ou seja, jogadores de futebol saudáveis não estão nesse grupo, que precisa esperar o registro definitivo da vacina.
A vacina da Sinovac que será doada à Conmebol não é a produzida pelo Butantan e será enviada, por meio do governo uruguaio, do laboratório da empresa da China. Essa vacina pode ser aplicada dentro do Brasil?
O rascunho do plano
Se tudo der certo, o que nem mesmo o mais otimista membro da Conmebol acredita, a ideia é que até junho cerca de 4 mil pessoas estejam vacinadas com as duas doses necessárias para que o imunizante da Sinovac tenha melhor resultado — seriam usadas, portanto, aproximadamente 8 mil doses.
Teriam direito a receber as doses os jogadores e membros das comissões técnicas inscritos na Libertadores-2021 e na Sul-Americana-2021. A Conmebol estima que cada um dos 64 clubes participantes teria direito a cerca de 60 vacinados, somando mais ou menos 3.840 imunizados (7.680 doses). Representantes de 14 clubes brasileiros, que participam dos dois campeonatos, entrariam nessa lista: Palmeiras, Flamengo, São Paulo, Inter, Atlético-MG, Fluminense, Santos, Grêmio, Corinthians, Bahia, Atlético-GO, Athletico, Ceará e Bragantino.
Mas o foco da Conmebol é a Copa América: a entidade teme que o torneio possa não acontecer por causa da pandemia e da preocupação de clubes europeus de seus jogadores estarem na América do Sul, hoje o epicentro da covid-19. Ideia é que ao menos 700 doses (350 imunizados) sejam aplicadas nos membros das dez delegações que vão participar da competição.
O blog apurou que se a Conmebol conseguir garantir a realização da Copa América com os imunizantes já estará satisfeita e poderá distribuir pelo restante do ano as doses em membros das delegações dos clubes que participam de seus torneios, incluídos os de mulheres — a Libertadores feminina ocorrerá entre setembro e outubro, no Chile, com 16 concorrentes. Pelo acordo, a Conmebol receberia essas 50 mil doses até o fim de 2021.
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