Dívida do São Paulo cresce R$ 72 milhões turbinada por jogadores e agentes

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UOL

Rodrigo Mattos

O São Paulo teve um crescimento de R$ 72 milhões em sua dívida líquida durante o ano de 2020: atingiu um valor de R$ 575 milhões. O principal motivo foi o aumento dos débitos com salários de jogadores e intermediação de empresários. Uma má notícia é que boa parte dessas pendências tem que ser pagas em um ano. A temporada marcou o último ano da gestão do ex-presidente Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco. Sua administração levou o clube a gastar mais do que a receita nos dois últimos anos em busca de títulos. Assim, acumulou déficits de R$ 283 milhões nesse período (R$ 129 milhões só em 2020). Obviamente, isso gerou dívidas.

Por exemplo, no ano passado, o São Paulo teve receita de R$ 358 milhões, com queda de R$ 40 milhões em relação ao ano anterior. Foi afetado, sim, pela pandemia de coronavírus como outros clubes. Só que as vendas de atletas acumularam R$ 151 milhões, isto, até que a arrecadação não foi ruim. Em compensação, o clube teve despesas de R$ 332 milhões só com o custo de futebol. Não houve redução nos principais custos do departamento, pessoal, direitos de imagem e encargos. Ou seja, a folha salarial se manteve similar na crise.

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Com isso, foi inevitável que se acumulassem dívidas com o elenco e com empresários. A soma de todos os itens relacionados à aquisição e ao pagamento de atletas cresceu R$ 64 milhões. São mais de R$ 300 milhões com esse tipo de despesa a serem pagos. É preciso ressaltar que uma parte é referente a direitos de imagem que foram transferidos de 2020 para serem pagos em 2021, procedimento comum a outros clubes. Exemplos são a dívida com Daniel Alves (R$ 9,3 milhões), Juanfran (R$ 4,5 milhões) por luvas, naqueles contratações que os clubes gostam de chamar “sem custos” porque não pagaram a outras agremiações. Há dívidas com empresários como André Cury e Giuliano Bertolucci.

Do total da dívida são-paulina, há R$ 539 milhões a serem pagos apenas em 2021. Há dinheiro a receber em torno de R$ 200 milhões. Lembremos que a receita do clube tem girado anualmente entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões. Ou seja, os débitos consomem praticamente todo o dinheiro que o São Paulo deve ganhar neste ano. Nem por isso a nova gestão do presidente Julio Casares deixou de repetir seu antecessor. Por enquanto, manteve jogadores caros como Hernanes e Daniel Alves – só rompeu com Juanfran. Foi atrás de contratações como Miranda e Éder. E, agora, renegocia os pagamentos com o elenco enquanto ainda não arruma novas receitas.

Há um alívio do dinheiro do Brasileiro-2020 que entrou no início do ano e da venda de Brenner à MLS. O atacante servirá para cumprir o círculo vicioso que o São Paulo tem mantido nos últimos anos: negociações de jovens para cobrir salários altos de veteranos. E a conta não tem fechado.