GloboEsporte
Leonardo Lourenço
Tranquilo na Libertadores, técnico precisa lidar com pressão de cartolas por foco no estadual.
Os reservas do São Paulo cumpriram a missão que lhes foi dada em Montevidéu. Empataram em 1 a 1 com o Rentistas, na quarta-feira, recolocaram o time na liderança do Grupo E da Libertadores e praticamente garantiram a equipe nas oitavas de final – só um desastre ameaça a vaga.
Assim, o técnico Hernán Crespo agora poderá mirar na missão que recebeu: vencer o Paulista.
Há uma série de argumentos para defender a decisão de escalar um time de reservas, formado majoritariamente por garotos – a média de idade dos titulares no estádio Centenário foi de 23,4 anos –, num jogo do torneio mais importante da temporada.
Repórteres do ge analisam empate do São Paulo com Rentistas, pela Libertadores
Mas ela explicita a obsessão da atual diretoria do São Paulo, empossada em janeiro, de findar o jejum de títulos que já passou dos oito anos, ainda que para isso seja preciso se arriscar na Libertadores.
O contexto era favorável a esse risco, baixíssimo. O São Paulo já tinha posição confortável no grupo (começou a rodada com sete pontos, dois a mais que o Racing, segundo); o Rentistas, mesmo em casa, não assustava; os reservas tricolores já tinham dado mostras que de que poderiam encarar os uruguaios ao menos com equilíbrio.
Hernan Crespo escalou reservas no Uruguai — Foto: Staff images /CONMEBOL
Com o empate, que poderia teria sido uma vitória, dada a superioridade do São Paulo no segundo tempo – com pênalti perdido por Vitor Bueno –, o time chegou aos oito pontos, mesma pontuação do Racing – que venceu o Sporting Cristal na terça –, mas com melhor saldo de gols.
Agora, joga contra o Racing e o eliminado Cristal em casa precisando de dois pontos apenas – isso num cenário improvável em que o Rentistas, que tem três pontos, vença os dois jogos que lhe resta. A briga agora é pela liderança do grupo com os argentinos.
Crespo terá seus titulares de volta na sexta-feira, quando enfrenta a Ferroviária no Morumbi por uma vaga nas semifinais do Campeonato Paulista.
Ele precisará lidar com a pressão de um jogo como esse, em que há amplo favoritismo a seu time, inflada por esse desejo da diretoria, que vê no Paulista a melhor chance de encerrar a fila e as piadas dos rivais.
Orejuela comemora gol com Crespo — Foto: Staff images /CONMEBOL
O técnico demonstrou incômodo ao ser questionado sobre essa escolha na entrevista coletiva após o jogo contra o Rentistas, e assumiu a responsabilidade da decisão:
– A diretoria se dedica a escolher treinadores, o treinador a escolher os jogadores, e os jogadores a jogar – disse ele.
Como o ge publicou nessa semana, a diretoria respaldou a decisão de Crespo – coerente com as declarações de dirigentes na temporada, que nunca esconderam tratar o Paulista como prioridade, algo que o técnico não tentou contrariar.
Uma eventual eliminação na sexta – ou mesmo na semifinal, provavelmente no domingo – irá gerar protestos previsíveis. O Mirassol, em 2020, o Talleres, em 2019, o Audax, em 2016, e tantos outros já demonstraram, porém, que a Ferroviária pode avançar. A ver como serão divididas responsabilidades nesse caso.