GazetaEsportiva
Daniel Alves, como de costume, foi bastante sincero em sua entrevista para o jornal inglês The Guardian. O camisa 10 do São Paulo foi só elogios ao seu ex-treinador, Fernando Diniz, e também revelou conversas que teve com Tomas Tuchel, antigo comandante do Paris Saint-Germain que o utilizou por diversas vezes fora da lateral direita.
Bastante criticado por decidir atuar como meio-campista desde que retornou ao Brasil, Daniel Alves vem convencendo torcida e imprensa nos últimos jogos como lateral-direito. O técnico Hernán Crespo vem optando por utilizá-lo em sua posição de origem e, pelo menos por enquanto, vem dando certo. Mas, de acordo com o próprio camisa 10 do São Paulo, ele pode muito bem desempenhar outros papéis.
“Eu gosto de competir. Estou sempre estudando para melhorar meu jogo. No entanto, infelizmente, vivo em um país onde Joshua Kimmich [lateral do Bayern de Munique] jogando de meio-campo é muito legal, mas eu jogando não é legal. Quando eu estava lá [no PSG], Thomas Tuchel me disse que a lateral direita do campo era muito pequena para mim, porque todo bom jogador precisa ter a bola a todo momento”, disse Daniel Alves.
“Ele me disse que era um desperdício me ter como lateral-direito. É engraçado. No Brasil eu preciso ser lateral-direito porque eu fui o melhor lateral-direito do mundo. Mas, se eu for para a lateral direita, vão me dizer que estou muito velho. É só olhar as estatísticas. Estou desempenhando bem. Qualquer pessoa que trabalha comigo sabe o que posso fazer. Não sou uma criança que está começando agora. Minha mente diz apenas uma coisa: performance. Preciso performar. Essa é a minha obsessão”, prosseguiu.
Daniel Alves, que foi um dos responsáveis pelo São Paulo ter contratado Fernando Diniz no segundo semestre de 2019, indicando o treinador à diretoria, foi só elogios ao seu antigo comandante. Mesmo tendo deixado escapar o título do Campeonato Brasileiro depois de abrir uma grande distância para o segundo colocado, Diniz ainda tem bastante moral com o camisa 10 tricolor.
“Diniz está à frente de muitos treinadores. Suas ideias e o trabalho que está fazendo. Você pode dizer que ele não ganhou um título, mas não estou falando disso. Estou falando sobre futebol. Eu o admiro muito. Ele cuida das pessoas, tem muitas ideias sobre futebol e sabe o que quer do futebol. Sendo honesto, ele não é um técnico para o nosso país. Brasil é um cemitério para treinadores e jogadores. Nosso sistema é baseado em coisas que são sempre as mesmas. Quando você tenta algo diferente, pessoas estão contra você, porque se der certo, vai mudar todo o sistema”, comentou.
Aos 37 anos, Daniel Alves ainda sonha em disputar a Copa do Mundo de 2022. Mesmo enfatizando seu potencial de atuar em outras funções, é na lateral direita que o jogador tem alguma chance de figurar no Catar. Desde que se transferiu para o São Paulo, não foi mais convocado pelo técnico Tite, mas, até dezembro do ano que vem, quando será disputado o Mundial, muita coisa pode acontecer.
“A Copa do Mundo de 2022 é um sonho do qual não vou desistir. Eu vou lutar para me manter no mais alto nível e ter essa última experiência com minha seleção. Esse é o meu desafio. Não é apenas sonho. Eu vou competir. Agora é hora de trabalhar e construir. O que me motiva são as competições e meus sonhos. Enquanto eu estiver vivo, vou lutar pelos meus sonhos”, concluiu.