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Eduardo Deconto e Eduardo Rodrigues
Treinadores, no entanto, sofrem justamente com seus ataques e precisam dar resposta nesta quarta.
Inter e São Paulo se enfrentam nesta quarta-feira, às 21h30, no Beira-Rio, pela 10ª rodada do Brasileirão, em um clássico que de tão acirrado e carregado de história já decidiu até uma Libertadores em 2006 – para alegria dos colorados. Um duelo entre dois gigantes do futebol brasileiro regidos pelo bom e velho portunhol de seus treinadores.
À beira do campo, o uruguaio Diego Aguirre e o argentino Hernán Crespo trava um confronto à parte de técnicos estrangeiros com bem mais semelhanças do que diferenças entre si. Mesmo que os sotaques charrua do treinador colorado e portenho do comandante do Tricolor possam indicar o contrário.
O clássico desta quarta opõe dois ex-atacantes que quase atuaram juntos no River Plate no final dos anos 90. A bagagem dos tempos de atleta se reflete nos conceitos e modelos de jogo. E até mesmo nas palavras.
— Foto: Editoria de arte
Em suas primeiras palavras no retorno ao Inter, Aguirre falou em resgatar a identidade do clube. Disse que era preciso, acima de tudo, “ser um time de luta, garra, entrega total”. No São Paulo, a frase de Crespo “donde no llegan las pernas, va a llegar el corazón” (aonde não chegam as pernas, vai chegar o coração) foi gravada nas paredes do vestiário do Morumbi.
As frases também ajudam a explicar o que os dois pensam sobre futebol. Ambos são técnicos de vocação ofensiva e gostam de um estilo de jogo agressivo… Que não vem dando lá muito resultado.
Tanto Inter quanto São Paulo enfrentam problemas no ataque e vivem momentos de instabilidade na temporada. Aliás: aí está um ponto que os afasta.
Aguirre voltou ao Inter justamente devido à turbulência e fez apenas quatro jogos. Crespo, por sua vez, tenta resistir às cobranças pelo começo ruim no Brasileirão, ainda sem uma vitória sequer. Um ambiente de pressão, pouco mais de um mês após tirar o São Paulo da fila com o título do Paulistão.
O Inter de Diego Aguirre
Aguirre mal completou 15 dias de trabalho desde seu retorno ao clube e já parte para a quinta partida neste período. O treinador foi contratado para substituir Miguel Ángel Ramírez, dar tranquilidade ao elenco e retomar uma ideia de jogo de construção mais direta e de agressividade para pressionar a saída de bola adversária – como Eduardo Coudet, em 2020, e ele próprio, em 2015.
Mas a sequência inicial com 10 jogos em 31 dias dificulta todas essas missões e praticamente inviabiliza que o técnico faça as mudanças que pretende com a profundidade necessária. Das sete primeiras partidas, cinco são fora de casa, incluindo o Gre-Nal do próximo sábado e o duelo de ida das oitavas de final da Libertadores, com o Olimpia.
A estreia foi promissora. O Inter venceu a Chapecoense por 2 a 1 na Arena Condá em um jogo de Brasileirão pela primeira vez na história. A equipe mostrou as ideias pretendidas pelo técnico e finalizou 24 vezes – mais do que nas duas partidas anteriores, com o interino Osmar Loss.
Diego Aguirre, técnico do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Inter
Mas a partir daí o Colorado incorreu nas falhas anteriores. A bola aérea defensiva segue como principal problema de uma equipe que também tem dificuldades para criar chances de gol. Prova disso é que o Inter fez metade de seus 10 gols no Brasileirão de pênalti, com Edenílson.
O treinador também tem feito mudanças na equipe de jogo para jogo, mas não por falta de convicção ou experiências com o elenco. As trocas são pontuais, para preservar atletas mais desgastados. Contra o Corinthians, o Inter tinha 10 desfalques – sete deles por questões médicas.
Nesta quarta, Aguirre tenta encerrar o maior jejum do Inter no Beira-Rio: são sete jogos sem vencer em casa. E reencontra o São Paulo pela primeira vez após sua saída do clube, em 2018. Três anos atrás, ele foi campeão do primeiro turno, mas viu a equipe perder fôlego na reta final do Brasileirão.
O São Paulo de Crespo
Hernán Crespo retorna ao comando do São Paulo nesta quarta-feira após três jogos de ausência por conta da Covid-19. E o argentino já reassume a equipe com grande pressão por uma vitória. Nos nove jogos do Brasileirão, são cinco empates e quatro derrotas.
O momento é um enorme contraste do que foi o começo do treinador. Contratado em fevereiro após a demissão de Fernando Diniz, Crespo teve um início avassalador, com suas ideias de jogo bem claras, um ataque efetivo e um sistema com três zagueiros sólido.
O bom começo de trabalho foi coroado com a conquista do Campeonato Paulista, o que deu fim a um jejum de pouco mais de oito anos sem títulos do clube, e a classificação para as oitavas de final da Libertadores de forma antecipada.
Crespo em jogo do São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
Mas os desfalques jogo após jogo e a perda da confiança em cada novo tropeço no Brasileirão começaram a minar a equipe dentro de campo. O São Paulo de hoje passa longe daquele que encantou no início da temporada.
A crise devido aos nove jogos sem vitória no Campeonato Brasileiro é uma realidade, que inclusive fez Crespo ter uma reunião de três horas com a diretoria na última segunda-feira. A intenção da conversa foi tentar resgatar aquele time que encheu os olhos de seus torcedores.
Sem Miranda, Luciano e Gabriel Sara, lesionados, Hernán Crespo terá a missão nesta quarta, diante de Aguirre, de acalmar a turbulência no clube e retomar a confiança para sair do momento indigesto e que começa a ficar preocupante.
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