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São Paulo defende invencibilidade de quase 2 anos contra o Palmeiras. Com Hernán Crespo, foram duas vitórias e dois empates do Tricolor.
Os duelos entre São Paulo e Palmeiras nas próximas terças, nos dias 10 e 17 de agosto, valem mais que uma vaga na semifinal da Libertadores: tem tabu em campo também. O São Paulo irá defender uma invencibilidade de sete jogos contra o rival no clássico.
A última vitória do Palmeiras no Choque-Rei foi em 30 de outubro de 2019, por 3 a 0. Na época, o Verdão era comandado por Mano Menezes e disputava o Brasileirão, enquanto o São Paulo começava a caminhada com Fernando Diniz. De lá para cá, foram 4 empates e 3 vitórias do Tricolor, com destaque para o fim do jejum de quinze anos no Campeonato Paulista.
O retrospecto é ainda melhor com o técnico Hernán Crespo. Foram duas vitórias e dois empates com o argentino no banco.
Crespo e Abel vão se enfrentar em São Paulo x Palmeiras pela Libertadores — Foto: Infoesporte
Não só resultado: o São Paulo dominou o Palmeiras nesses quatro duelos e repetiu o modo de jogar que Crespo vem colocando não apenas contra o rival, mas ao longo da temporada: um time que sufoca o adversário lá na frente, marca com encaixes individuais e coloca muita velocidade no ataque.
Marcação avançada do Tricolor cria problemas para o Palmeiras
O Palmeiras sai para o jogo com uma organização bem definida: uma linha de três jogadores, dois volantes na frente, os laterais abertos e ao menos um meia, que vem sendo Raphael Veiga, flutuando nos setores vazios.
O que Abel quer com isso? Que o time fique posicionado para criar espaço lá no ataque. Como esse espaço é criado? Com a movimentação do meia, que deve procurar os lugares vazios, receber a bola e colocar o time no ataque. É assim que Raphael Veiga e Scarpa cresceram de rendimento. Veja um exemplo da jogada na vitória do Palmeiras contra o Grêmio.
Veiga sai do lado e procura um espaço livre — Foto: Reprodução
A marcação individual do São Paulo simplesmente anula essa movimentação. Crespo faz com que o time inteiro do São Paulo marque individualmente. Onde o adversário vai, um são-paulino acompanha. Isso quebra o espaço que o meia do Palmeiras tem para armar o jogo. Não só os meias: Danilo, Felipe Melo e Zé Rafael sofreram com os encaixes do São Paulo no ano.
São Paulo marca por encaixes: nada de linha, todo mundo acompanha alguém até o fim — Foto: Reprodução
Veja um exemplo claro disso: no confronto do dia 14 de abril, o Palmeiras tenta construir a jogada e Wesley faz a movimentação típica de Scarpa e Veiga. Luan acompanha ele até o fim, quase que na pequena área do Palmeiras. Esse sufoco faz Wesley perder a bola no lance que origina o gol da segunda vitória do São Paulo no Allianz Parque.
Wesley recua para receber, igual Veiga faz, e o São Paulo marca junto — Foto: Reprodução
Os encaixes acontecem também quando um atacante do Palmeiras recebe de costas e faz o pivô, outro ponto forte do time de Abel. E aí entra a importância do sistema de três zagueiros, que o são-paulino tem tanto carinho.
Com um zagueiro a mais, o Tricolor pode anular o pivô do Palmeiras sem deixar a defesa desguarnecida. Aconteceu em todos os jogos: um atacante do Palmeiras vem receber e lá está um zagueiro, tanto Bruno Alves como Miranda, acompanhando ele de perto. E se rola um drible? Léo ou Arboleda estão como “sobra”, prontos para fazer a falta e terminar a jogada.
Luiz Adriano marcado de perto — Foto: Reprodução
Os encaixes do São Paulo vem sendo o ponto forte do time no mata-mata que Crespo ainda não perdeu. Isso porque fazem com que o time fique intenso, proteja seu gol. Ao mesmo tempo, causam um desgaste tão grande que reflete na má campanha no Brasileirão e nas constantes lesões musculares.
- O desafio de Crespo nas quartas é dosar a intensidade e evitar faltas desnecessárias, que podem ser mais “valorizadas” na Libertadores.
- Já Abel pode se inspirar em Lisca, que criou toda uma estratégia para explorar esse tipo de defesa do Tricolor.
São Paulo acha espaço na defesa do Palmeiras quando contra-ataca
Se o jeito de marcar do São Paulo anula o jeito de atacar do Palmeiras, com a bola é diferente: os dois times não criam tanto quando se enfrentam. Normal, até por ser um clássico travado, mais equilibrado. Ainda assim, o São Paulo é superior que o Palmeiras nos chutes a gol, finalizando, em média, dez vezes na meta de Wéverton a cada encontro.
Números dos confrontos entre Palmeiras e São Paulo
JOGO | FINALIZAÇÕES (SP) | FINALIZAÇÕES (PAL) |
São Paulo 0x0 Palmeiras, 01/08 | 11 | 7 |
São Paulo 2×0 Palmeiras, 23/05 | 9 | 4 |
São Paulo 0x0 Palmeiras, 21/05 | 11 | 11 |
Palmeiras 0x1 São Paulo, 17/04 | 11 | 6 |
Fonte: Apenas jogos de 2021
Ao analisar a forma que essas finalizações foram geradas, fica claro como a estratégia de marcar por encaixes do São Paulo se conecta com o jeito de atacar. Esqueça um pouco os gols. O gol é o evento mais raro do jogo. Se você olhar de perto, o São Paulo fez três gols no Palmeiras: um deles numa segunda bola mal rebatida.
Os outros dois vieram da mesma forma: o Palmeiras começa jogando, o São Paulo sufoca, rouba a bola e explora a desatenção do Verdão ao recompor a defesa. E faz isso porque o Tricolor é muito mais rápido ao ocupar espaços lá na frente, normalmente chegando com mais jogadores que defensores do Palmeiras.
O gol que sacramentou o título do Paulistão é o melhor exemplo.São Paulo retoma a bola no lado e dois atacantes chegam num espaço que a zaga do Palmeiras “esquece”. Isso, porque é tudo tão rápido que os defensores estão olhando a bola, tentando evitar o desenrolar da jogada. Luciano, que não tem nada a vez com isso, se projeta e sacramenta a vitória.
São Paulo cria superioridade numérica no gol do título — Foto: Reprodução
O mesmo acontece no gol de Pablo no Allianz: saída do Palmeiras sufocada, São Paulo recupera e Pablo faz o movimento de corpo perfeito: coloca o corpo de lado para chegar com o pé numa linha que o zagueiro não conseguirá interceptar.
Zagueiro do Palmeiras demora a regir no lance — Foto: Reprodução
Não é só contra o Palmeiras: o São Paulo fez chover na Argentina, com o Racing, dessa mesma forma: roubando e acelerando. Muito do sucesso de Rigoni no time vem desse modelo casar com sua característica de explosão, assim como Marquinhos.
Retrospecto favorável
O retrospecto do confronto é amplamente favorável para o São Paulo. Os rivais já se encontraram quatro vezes na Libertadores, e em todas, o São Paulo bateu o Palmeiras rumo à final da competição. Em 1974, gol de Pedro Rocha que tirou o Verdão da segunda fase. Em 1994, Euller fez chover no Morumbi. Em 2005 e 2006, Rogério Ceni e Cicinho foram os nomes da vez em anos que o Palmeiras brigou para não cair.
Em 2021, Abel Ferreira e Hernán Crespo irão ou manter estratégias, ou mudar radicalmente o plano de jogo, para, de um lado, derrubar dois tabus, e do outro, manter uma escrita de sucesso. Que comecem os jogos.
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