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Brunno Carvalho
O argumento de que o alto número de jogos na temporada é o único culpado pela série de lesões que atinge o São Paulo tem perdido espaço no Morumbi. Diante do Palmeiras, Marquinhos precisou ser substituído com um problema muscular. Ele participou apenas de sua décima partida no ano, e havia entrado no final do jogo anterior contra o Vasco. Questionado durante a coletiva sobre os problemas físicos, o técnico Hernán Crespo começou a mudar o discurso. Se antes culpava apenas a maratona, agora admite que o clube tenta identificar o problema que estaria causando tantos problemas físicos.
“Estamos trabalhando para identificar o problema, porque o problema existe. Eu já falei aqui que o São Paulo já jogou em seis meses 50 jogos, é muito difícil. E falta muito [para terminar a temporada]. Por um lado, acredito que é normal. Em outra parte, estou preocupado com a situação. Mas a situação aqui não é encontrar culpados, mas construir para que não aconteça outra vez. Mas não é uma coisa que será resolvida esse ano, com certeza”, disse. O São Paulo fez sábado sua 52ª partida no ano, sendo o sétimo time do Brasileirão com mais partidas em 2021. Por causa da pandemia da covid-19, o calendário de 2020 acabou sendo estendido e fez com que os jogadores quase não tivessem férias.
O próprio São Paulo optou por não dar um período longo de descanso para seus jogadores quando o Brasileirão de 2020 terminou. Buscando sair da fila de mais de oito anos sem títulos, a equipe do Morumbi seguiu com os atletas trabalhando no início do Paulistão. O resultado foi o título conquistado sobre o Palmeiras e um desgaste físico grande nos jogadores. Desde o começo da temporada 2021, 20 jogadores do São Paulo já ficaram por algum período no departamento médico. O número inclui Emiliano Rigoni e Marquinhos, que chegaram no elenco depois da maratona do Paulistão.
“É uma situação que incomoda a todos nós, porque ninguém quer se machucar. Se a gente tivesse a fórmula de saber o motivo, já teríamos feito. O que posso falar é que todos estão fazendo um esforço enorme em cada treinamento — fora também —, se cuidando muito mais do que em outras ocasiões para poder não se machucar”, disse Tiago Volpi, depois da partida contra o Palmeiras. O São Paulo fez menos jogos em 2021 do que Palmeiras (62), Bahia (59), Atlético-GO (58), Grêmio (57), Ceará e Santos (ambos com 54 jogos).
“O calendário é muito difícil e muito apertado. A sucessão de jogos, os jogadores não são robôs. Vamos completar um ano sem descanso. Eles vão ter um ano e meio sem descanso. Ao mesmo tempo, queremos ser competitivos. Somos um dos pouco times que está lutando em três competições diferentes. Queremos continuar. Se talvez, espero que não, em algum momento acabemos eliminados de alguma competição, vamos ter mais tempo para descansar e trabalhar, permitir ao corpo dos atletas descansar um pouco para chegar melhor aos jogos do Brasileirão. Enquanto continuemos competitivos, vai ser sempre assim”, disse Crespo após a vitória sobre o Vasco, no meio da última semana.
O próximo compromisso do São Paulo será já na quarta-feira (4), às 21h30 (de Brasília), contra o Vasco, pelo segundo jogo das oitavas de final da Copa do Brasil. A equipe paulista venceu o primeiro duelo por 2 a 0.
Confira o número de jogos em 2021 de cada time do Brasileirão: Palmeiras – 62 jogos Bahia – 59 jogos Atlético-GO – 58 jogos Grêmio – 57 jogos Ceará – 54 jogos Santos – 54 jogos São Paulo – 52 jogos Atlético-MG – 51 jogos Bragantino – 51 jogos Flamengo – 51 jogos Fluminense – 51 jogos Inter – 50 jogos Corinthians – 49 jogos Fortaleza – 49 jogos Athletico – 48 jogos Sport – 46 jogos Chapecoense – 42 jogos América-MG – 40 jogos Cuiabá – 39 jogos Juventude – 34 jogos.
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