A conquista da Recopa Sul-Americana de 1993

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SãoPaulo F.C.

Michael Serra

No dia 29 de setembro de 1993, o São Paulo superou o Cruzeiro nos pênaltis e venceu mais uma competição internacional.

O ano de 1993 foi aquele em que o Tricolor mais realizou partidas na história: 97! E o recorde foi estabelecido mesmo com o clube recusando participação em duas competições: o Torneio Rio-São Paulo e a Copa Interamericana (o São Paulo deveria ter enfrentando o Saprissa, campeão da Concacaf, mas declinou o convite e cedeu o posto ao vice-campeão da Libertadores de 1993, a Universidad Católica).

Por causa do absurdo número de jogos e competições, e decorrente falta de datas, a solução encontrada para a realização da Recopa Sul-Americana de 1993 foi aproveitar que a disputa seria entre dois clubes brasileiros, o Tricolor e o Cruzeiro, e fazer valer um dos dois jogos do curto torneio também para o Campeonato Brasileiro. Ou vice-versa.

Explicando melhor. A partida realizada no dia 26 de setembro entre São Paulo e Cruzeiro, no Morumbi, originalmente tabelada pelo Campeonato Brasileiro, valeu também para a decisão da Recopa de 1993. Coisas do calendário e do futebol sul-americano…

A Recopa era, verdadeiramente, um torneio novo. Instituído pela Conmebol apenas em 1989 para por em confronto os campeões dos principais torneios promovidos pela entidade: o vencedor da Copa Libertadores e o vencedor da Supercopa João Havelange, mais conhecida como Supercopa da Libertadores ou ainda Supercopa Sul-Americana (que por sua vez reunia todos os campeões da história da Copa Libertadores).

Ou seja: era um duelo de titãs, de pesos pesados do futebol da América do Sul: São Paulo, campeão da Libertadores de 1992, e Cruzeiro, campeão da Supercopa de 1992. Contudo, na prática, muito pela falta de organização local, o que se viu foram duas partidas com pouco apelo atrativo e baixo público. 

Para a primeira partida, Telê estava desfalcado de quatro atletas: o lateral-direito Jura, o volante Luís Carlos Goiano e o polivalente Matosas, contundidos no jogo anterior, a derrota para o Flamengo; e Müller, lesionado há mais tempo. Restou ao comandante são-paulino armar o time no 3-5-2 e tentar jogadas velozes pelas pontas, com Valdeir, e de profundidade com o centroavante Guilherme.

Na prática, não deu muito certo. 

A partida acabou em um zero a zero pragmático, muito devido à falta de entrosamento na nova formação tática e ao cansaço de Palhinha, que não conseguiu nutrir o ataque como se esperava. “Não aguento mais desculpas. O jogador é escalado para jogar”, disse Telê à Folha de S. Paulo (27/09). Pelo lado cruzeirense o destaque foi o jovem Ronaldo, de 17 anos, que deu trabalho ao sistema defensivo tricolor, chegando a acertar a trave de Zetti.

Depois do técnico são-paulino dar muitas broncas e cobrar seriedade do elenco, no período entre os jogos, e de um almoço entre todos os jogadores, para demonstração de união e comprometimento, o time viajou para Belo Horizonte no mesmo dia do jogo final. Assim, na quarta-feira, dia 29, foi a vez do Mineirão receber o embate entre as duas agremiações. O Tricolor foi a campo com duas alterações nominais e três táticas: Guilherme, apagado no primeiro jogo, deu lugar ao meia Juninho, o que fez Palhinha tomar posição no ataque. André Luiz também assumiu o posto de Leonardo, na lateral-esquerda. 

As mudanças melhoraram o time, que dominou a partida nos primeiros minutos. Juninho quase abriu o marcador, após cruzamento de Cafu, no início do jogo. Contudo, jogando em casa, o Cruzeiro tratou de se impor e passou a controlar o ritmo do confronto. Dinho salvou uma bola em cima da linha, aos 25 minutos. No segundo tempo, o atacante Ronaldo novamente acertou a trave são-paulina. 

Apesar dos lances de pressão, os tricolores souberam se postar em campo e reduzir o risco cruzeirense. “Do meio campo para trás, o time foi impecável e só poderia ter sido melhor no ataque”, comentou Telê (Folha de S. Paulo, 30/09). Com o apito final do juiz, o título foi decidido nos pênaltis.

Os mandantes começaram perdendo, logo de cara, duas cobranças. Paulo Roberto, para fora, e Ronaldo – que havia carimbado a trave uma vez em cada jogo, no tempo regulamentar – teve o chute defendido pelo goleiro Zetti. Assim, como todos os são-paulinos acertaram as primeiras quatro penalidades (Dinho, Cafu, Válber e Ronaldão), não houve necessidade de se cobrar a última tentativa: 4 a 2 no placar e mais um caneco internacional para levar para o Morumbi!

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Ficha do Jogo de Ida

26.09.1993
São Paulo (SP)
Estádio Cícero Pompeu de Toledo – Morumbi

SÃO PAULO Futebol Clube 0 X 0 CRUZEIRO Esporte Clube 

SPFC: Zetti; Cafu, Válber, Ronaldão/capitão e Leonardo (André Luiz); Gilmar, Dinho, Toninho Cerezo e Palhinha; Valdeir e Guilherme (Juninho). Técnico: Telê Santana

CEC: Sergio; Paulo Roberto/capitão, Robson, Luizinho e Nonato; Ademir (Douglas), Rogério Lage, Boiadeiro e Luís Fernando; Macedo (Careca) e Ronaldo. Técnico: Carlos Alberto Silva

Árbitro: Renato Marsiglia
Renda: CR$ 6.798.900,00
Público: 12.974 pagantes

Ficha do Jogo de Volta

29.09.1993
Belo Horizonte (MG)
Estádio Governador Magalhães Pinto

CRUZEIRO Esporte Clube 0 X 0 SÃO PAULO Futebol Clube
Nos pênaltis, 4 x 2 para o São Paulo.

SPFC: Zetti; Cafu, Válber, Ronaldão/cap. e André Luiz; Gilmar, Dinho, Toninho Cerezo e Juninho; Palhinha (Catê) e Valdeir (Jamelli). Técnico: Telê Santana.

CEC: Sérgio; Paulo Roberto/capitão, Robson, Luizinho (Célio Lúcio) e Nonato; Ademir, Rogério Lage, Boiadeiro e Luís Fernando; Macedo (Careca) e Ronaldo. Técnico: Carlos Alberto Silva.

Árbitro: Jorge Luis Nieves Parra (Uruguai)
Assistentes: Saul Feldman e Eduardo Rodrigues
Renda: CR$ 7.616.400,00
Público: 20.018 pagantes

Pênaltis:
Paulo Roberto – perdeu / Dinho – gol
Ronaldo – perdeu / Cafu – gol
Luís Fernando – gol / Válber – gol
Ademir – gol / Ronaldão – gol

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