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José Edgar de Matos e Leonardo Lourenço
Fila? Não existe mais. Problemas financeiros? Estão maiores. Argentino vê cenário diferente.
Marcado pelos gols e imortalizado por um canto marcante da torcida do São Paulo, Jonathan Calleri retorna ao Tricolor diante de um cenário diferente ao encontrado cinco anos atrás, quando ganhou admiração dos são-paulinos nos seis primeiros meses de 2016.
Naquela época, o argentino era parte de uma realidade derrubada pela equipe de Hernán Crespo neste primeiro semestre. Calleri, agora com a camisa 30, chega a um São Paulo sem a obsessão para levantar emergencialmente uma taça, já que o clube faturou o Campeonato Paulista desta temporada.
Calleri corre num dos campos do CT do São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc
A reportagem do ge mostra tópicos importantes do novo São Paulo a ser encontrado por Jonathan Calleri. O atacante já correu pelo gramado do CT da Barra Funda e deve ser apresentado como reforço Tricolor somente na próxima semana.
Saudades, Libertadores
Com Calleri, em 2016, o São Paulo chegou até as semifinais da Libertadores, quando foi eliminado pelo Altlético Nacional, da Colômbia. Desde então, o time não conseguiu mais repetir aquela campanha. O clube ficou fora do torneio nos dois anos seguintes e, em 2019, quando voltou, perdeu para o Talleres na fase preliminar.
Em 2020, o time não passou da fase de grupos. Na atual temporada, alcançou as quartas, mas foi eliminado pelo Palmeiras, após derrota por 3 a 0 no Allianz Parque.
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A dívida dobrou
Os últimos anos foram de caos financeiro no Morumbi, que fez com que a dívida do São Paulo quase dobrasse no período entre as duas passagens de Calleri pelo clube. Em 2016, segundo o balanço, o endividamento era de R$ 344 milhões, e agora chega a R$ 606 milhões.
O faturamento, por outro lado, despencou, de R$ 428 milhões em 2016 (com ápice no ano seguinte, com R$ 459 milhões) para R$ 348 milhões no fim de 2020.
Pressão por títulos diminui
Quando Calleri foi contratado pela primeira vez, o São Paulo já vivia um pequeno jejum de títulos. O último tinha sido conquistado em 2012, a Copa Sul-Americana. Ele continuou sendo o último por outros quatro anos, o que gerou enorme pressão no clube nas temporadas seguintes. Essa fila só terminou em maio, quando o São Paulo venceu o Paulista e enfim ergueu uma taça após pouco mais de oito anos.
São Paulo se sagrou campeão paulista em 2021 — Foto: Rodrigo Corsi/Paulistão
Morumbi vazio
Calleri se tornou protagonista de um dos cantos mais lembrados do torcedor são-paulinos nos últimos anos, o “Toca no Calleri que é gol”. O reencontro do jogador com o Morumbi, porém, deve ser bem mais silencioso. A expectativa é de que ele possa fazer a reestreia ainda neste mês de setembro, mas o governo de São Paulo anunciou que apenas a partir de novembro permitirá a presença de público nos estádios – ainda uma restrição causada pela pandemia de Covid-19.
Recorde de jogos
Calleri, aos 27 anos, já defendeu oito clubes profissionalmente, sempre com passagens curtas. Há boa possibilidade, caso ele fique no São Paulo ao menos até o fim do empréstimo, em dezembro de 2022, de tornar o clube tricolor aquele em que mais jogou.
Foram 31 partidas em seis meses de 2016, ainda longe das 59 que fez pelo Boca Juniors em 2015 – o máximo de vezes que o atacante entrou em campo por um mesmo clube.
O São Paulo ainda fará mais 20 jogos no Brasileiro de 2021 – único torneio que Calleri disputará nesta temporada, o que pode aproximá-lo dos números que alcançou na equipe argentina.
Calleri chega ao São Paulo e pode bater recorde pessoal ainda neste ano — Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net
Hablas español
Assim como em 2016, Calleri encontrará no São Paulo uma legião de estrangeiros que falam espanhol. Dessa vez, ele terá como companheiros os equatorianos Arboleda e Rojas, o colombiano Orejuela, o paraguaio Galeano, o uruguaio Gabriel Neves e os compatriotas Benitez e Rigoni – sem contar o técnico Hernán Crespo e a comissão técnica argentina.
– Acredito que os argentinos me ajudem em uma rápida adaptação. Por mais que eu já tenha vivido seis meses no Brasil e já conheça tudo, é sempre bom ter pessoas que falam o mesmo idioma, que conhecem melhor os seus costumes. Mas aqui somos só um grupo, com brasileiros, argentinos e sul-americanos de todas as partes do continente. E espero que todos possamos ser um grande grupo para conseguir objetivos grandes – afirmou Calleri, em entrevista às mídias oficiais do Tricolor.
Há cinco anos, o São Paulo teve os argentinos Buffarini, Calleri, Centurión e Chavez, o chileno Mena, o colombiano Wilder, o peruano Cueva e o uruguaio Lugano, mas não todos ao mesmo tempo, como agora – Chavez e Buffarini, por exemplo, foram contratados no final de julho daquele ano, quando Calleri já estava de saída.
Hernán Crespo e Jonathan Calleri conversam no CT do São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc
Tempo, tempo, tempo…
A primeira passagem de Calleri foi marcante, porém breve. O atacante permaneceu seis meses e precisou deixar o São Paulo após o fim do contrato de empréstimo. Agora, contudo, a situação é outra, e o argentino terá maior tempo para confirmar o status de ídolo do clube.
Calleri assinou contrato de empréstimo até o fim de 2022, pelo qual o São Paulo vai pagar 300 mil dólares (R$ 1,55 milhão) em três parcelas.
Para estender esse compromisso, caso interesse, o Tricolor deve investir mais 3 milhões de dólares (R$ 15, 5 milhões) pelo atacante daqui a pouco mais de um ano.
Mudança de referência
Se em 2016, Calleri trabalhou ao lado do ídolo Lugano, principal referência de idolatria do elenco na época. Agora será outro zagueiro a fazer companhia ao atacante.
Em 2021, Miranda retornou ao São Paulo e tem atuado em alto nível. O encontro com Calleri, inclusive, acabou adiado, já que o zagueiro de 36 anos acabou convocado por Tite para defender a seleção nas Eliminatórias.
Lugano era a grande referência de ídolo são-paulino na primeira passagem — Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net
Outro patamar
O próprio Calleri agora convive com uma pressão completamente diferente na chegada ao São Paulo. Há cinco anos, o atacante surgia como uma aposta para o ataque Tricolor, depois de ser revelado e atuar profissionalmente pelo Boca Juniors.
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Os 16 gols em seis meses mudaram o panorama de Calleri com a torcida são-paulina. Foram diversas janelas de transferências nas quais os torcedores nutriam a esperança de ver o atacante vestir tricolor novamente.
Portanto, com a consolidação do negócio e o retorno, Calleri agora chega para resolver e desembarca com potencial de se ratificar como ídolo dos são-paulinos. A música já tem, a mesma de 2016. Resta, agora, o argentino repetir a mesma veia goleadora de cinco anos atrás.
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