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Rafael Reis
Capitão da seleção olímpica medalhista de ouro nos Jogos de Tóquio-2020 e um dos jogadores brasileiros mais bem-sucedidos de sua geração, Daniel Alves ainda tem o sonho de disputar a próxima Copa do Mundo antes de encerrar a carreira como jogador profissional de futebol. Mesmo com esse objetivo em vista, o lateral direito de 38 anos, que recentemente rompeu contrato com o São Paulo, anunciou na última sexta-feira que não retornará aos gramados antes de janeiro.
Mas tirar esse período sabático não foi uma decisão tomada para recuperar a forma, colocar a cabeça no lugar depois da passagem complicada pelo Morumbi e voltar com tudo depois da virada do ano. Na verdade, o veterano vencedor de três edições da Liga dos Campeões, que tem nada menos que nove títulos nacionais no currículo, precisou sair de férias forçadas porque já não tem mais mercado na Europa.
Daniel Alves anunciou a breve interrupção de sua carreira por um motivo muito simples: o encerramento no período de inscrição do Campeonato Brasileiro. Mas, como não possui contrato em vigor com nenhum clube, poderia tranquilamente se transferir para qualquer equipe do Velho Continente, mesmo que a janela de transferências esteja fechada por lá. Só que o lateral não recebeu (e percebeu que também não terá nos próximos meses) nenhuma proposta de um time estrangeiro minimamente capaz de mantê-lo como visibilidade suficiente para continuar brigando por vaga na Copa do Qatar-2022.
No começo do mês passado, a aposta do lateral era que o Sevilla, seu primeiro clube na Europa, poderia resgatá-lo do Brasil mais uma vez. Só que os espanhóis preferiram contratar o argentino Gonzalo Montiel, ex-River Plate, que é 14 anos mais jovem. O ex-jogador do São Paulo até teve duas propostas gringas, mas elas vieram do México e do Qatar. Ele decidiu recusá-las por considerar que permanecer no futebol nacional é vantajoso do que se arriscar em mercados alternativos.
Além da idade, outros dois fatores ajudam a explicar por que os clubes dos campeonatos nacionais mais importantes da Europa (e até mesmo os de ligas de um segundo escalão) já não consideram mais Daniel Alves como uma opção válida de reforço. O primeiro é a sua exigência de atuar como lateral direita, posição em que briga por vaga na seleção de Tite para o Mundial do próximo ano. Só que, mesmo quando mais jovem, Daniel Alves sempre foi muito melhor atacando do que defendendo. Por isso, precisava de um esquema tático que lhe dava proteção extra para se lançar à frente sem muito medo de levar bolas nas costas.
Hoje, sem a mesma disposição física de antes, sua capacidade de marcar pontas velozes só diminuiu ainda. Por isso, na Europa, é quase um consenso que escalá-lo como lateral é uma espécie de suicídio tático. O fato de Daniel Alves ter passado os últimos dois anos jogando no Brasil também não ajuda. E isso tem pouco a ver com o futebol que ele mostrou ou deixou de mostrar com a camisa do São Paulo. Isso porque os clubes europeus não acompanham tão profundamente assim o Campeonato Brasileiro. Aqueles que têm olheiros por aqui estão muito mais preocupados em identificar jovens talentos do que monitorar desempenho de veteranos.
Por isso, o lateral é um jogador de 38 anos, idade na qual a maioria dos atletas profissionais de futebol já se aposentou, que está praticamente fora do radar há duas temporadas e com sérias dificuldades de encaixe tático. Ainda que Daniel Alves seja um craque de bola, tenha um passado gigantesco e um nome conhecido no planeta inteiro, não há mercado que resista a tanto fatores que colocam em dúvida se contratá-lo ainda pode ser uma boa ideia. E os clubes importantes da Europa já não parecem nem um pouco dispostos a correr esse risco.
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